Assim como a história “Matter of Reason”, The Witcher: Reason Of State foi lançada juntamente com um dos jogos da franquia, desta vez com The Witcher 2 e tem apenas cinquenta páginas. Sua distribuição foi exclusivamente digital e todos que adquiriram ao jogo podem ler ela ao abrir os extras que acompanham o título. A história, assim como as demais HQs do bruxão, é baseada na criação de Sapkowski e em sua equipe criativa estão Michal Galek no roteiro, Arkadiusz Climek na arte e lukasz Poller na colorização.
Enredo
Antes de comentar o plot da história é interessante comentar que ela se passa em 1262, se situando depois que Geralt salva Ciri na floresta das dríades. Neste mesmo período, uma nova guerra com Nilfgaard estouro, entretanto alguns reinos localizados ao norte se mantiveram neutros, o que proporcionou momentos de paz para tais regiões. Geograficamente, o enredo se passa no Principado de Malleore, que é parte de Caingorn, governada pelo Rei Niedamir. Uma curiosidade interessante é que essa região fica próxima a Montanha dos Dragões, local onde se passa o conto “No Limite do Possível”.
O Principado é formado por uma pequena fortificação onde se localiza o castelo da Casa de Craigiau. Pela proximidade com as montanhas, sempre foram feitas trocas comerciais de forma irrestrita. Porém, no ano de 1251 o castelão Lazare convenceu o Barão a realizar trocas com Kovir, governada por Esterad Thysse. O governante e sua esposa eram seguidores dos ensinamentos do profeta Lebioda e aos poucos a influencia chegou a Malleore e o culto ocupou o lugar das adorações pagãs, entre as quais eram feitas para o Leshy.
A história tem inicio com um casal que é assassinado por uma criatura misteriosa, próximo floresta e a algumas ruínas. Depois de mostrada a ameaça, somos levados à Geralt que cavalga na região e encontra um pedido de contrato vindo do Principado . Ao chegar, ele depara-se com um torneio e uma bufante entrada do Barão Bryton em uma competição para matar um grifo. Após falar com o Lazare, responsável por colocar o anúncio, ele parte em uma missão para caçar a fera que até então estava sem atacar. Mas, será que é só isso mesmo? Não há motivos mais sombrios ou que visam à manutenção de poder por trás de algumas ações? Bom…agora cabe ao leitor descobrir.
Arte
Assim como as demais HQs de The Witcher, a arte é boa e em muitos pontos são de encher os olhos. Um destes momentos se encontra na batalha contra a principal criatura da história em que Geralt realiza um movimento para atacar e o desenho detalha cada uma das posições até a conclusão do movimento. A ambientação também é muito bem feita e caracterizaria, em relação às cores e clima, como o ambiente de um reino que escolheu ser neutro na guerra. Digo isso tomando como referencia o Reino de Toussant, pois mesmo com Os Reinos do Norte sendo destruídos , ele continuou próspero.
Outro ponto que é muito bem representado são as criaturas. Especificamente na história, temos uma variedade pequena, sendo elas: o Felinomem, felinos selvagens, grifo e uma centopeia gigante. Suas representações são ameaçadoras e condizentes aos locais em que poderiam ser encontrados. Em alguns momentos temos a narração de fatos passados, sendo estes contados em quadros com a borda ondulada e tons mais pastéis. Assim, a arte para narrar estes acontecimentos se assemelham mais com a apresentada nas HQs da Darkhorse Comics e se diferenciam de “Matter of Conscience” que mostrava o passado em branco e preto.
Uma história, múltiplas camadas
Basicamente, todas as obras de The Witcher possuem múltiplas camadas e assuntos abordados como poder, religião e escolhas e em muitas delas quando terminamos de ler fica a pergunta “quem é o verdadeiro monstro?”. Reason of State não foge disso, pois ao mesmo tempo em que narra mais uma aventura do bruxão, ela também aborda a manutenção de poder. No caso, ouvimos repetidas vezes a sentença “é uma questão de estado” como um claro lembrete, que soa como um mantra, de que os personagens estão dispostos a sacrifícios de pessoas queridas para a dominação de uma determina ideologia ou um suposto bem maior.
Veredito
The Witcher: Reason Of State é um ótimo quadrinho! Sua narrativa é interessante e prende o leitor pelo clima de mistério que consegue ser construído em poucas páginas. Os personagens são bem representados, principalmente Geralt que continua a cair m sua eterna sina de se posicionar de forma forçada em situações políticas das quais gostaria de neutro. Mesmo com uma localização temporal, desta vez com os livros, a história se comporta como missão secundária, sendo seus acontecimentos de nenhum ou pouco impacto na vida de um bruxo que já teve que tomar diversas decisões mais difíceis.