Legend of Mana Remaster | Crítica – A Série Mana vem recebendo bastante carinho da Square Enix nos últimos anos. Remakes dos primeiros jogos e até o lançamento oficial de Trials of Mana no ocidente. Legend of Mana é o mais novo resgate de um título da série e talvez o mais inusitado deles.
Legend of Mana foi lançado originalmente em 2000 pela Square Enix no PlayStation e se destacou por dois grandes motivos: o quão belo seus cenários eram e também o Sistema de “criação de mapas”
Estilo de arte e estrutura Narrativa
O jogo original já era bem bonito por si só, mas o Remaster além de oferecer suporte a telas 16:9 também se deu ao esforço de redesenhar completamente todos os cenários e eles são indescritíveis de tão belos.
Infelizmente, os sprites de personagens continuam como no original e eles se destacam bastante do cenário, isso às vezes causa uma estranheza em ver dois estilos de arte tão diferentes interagir um com o outro. Chefes, por outro lado, frequentemente enchem a tela e seus grandes sprites coloridos e cheios de detalhes funcionam muito bem com o cenário.
“Criar o seu próprio mapa” é a principal gimmick do jogo, mas isso não conta toda a história. Ao decorrer do jogo e concluindo alguns eventos o jogador pode receber um “artefato” que pode ser disposto no quadrante de mapa que o jogador escolheu no começo do jogo.
Na prática, o que o jogo faz com isso é contar várias histórias diferentes distribuídas por mais de 60 quests diferentes. Quests essas que podem ser ativadas instantaneamente assim que você entra em uma área nova ou que precisam de eventos específicos não catalogados que precisam de respostas corretas para serem ativadas.
A narrativa de Legend of Mana e a forma com o que ela é apresentada ao jogador foi algo que eu debati bastante internamente, pois ela não é só não-linear, como não existe um “fim” certo pro jogo. Não existe uma estrutura padrão começo, meio e fim, a única coisa que existe é a jornada e conhecer o mundo que é apresentado.
Mesmo a estória da maior parte das quests ser algo simples e sem jogadas interessantes quando analisadas de forma isolada, aos poucos eu fui conhecendo mais os lugares e as pessoas, via personagens aparecendo de forma recorrente com seus próprios interesses, objetivos e eu podia acompanhar a história desses personagens se desenrolarem aos poucos e tudo de forma orgânica e tendo a sensação de que em algum nível todas as histórias se conectam.
O ponto negativo de como Legend of Mana estrutura suas quests é que você frequentemente vai se ver preso no que parece um caminho sem saída, sem mais nenhuma nova quest a ser feita ou até com uma quest ativa que você não faz ideia de como acionar o gatilho para os próximos eventos. Imagino que tanto hoje em 2021 quanto em 2000 quando o jogo saiu originalmente, um guia era de extrema importância aos jogadores.
Entretanto, a estrutura não linear do jogo acaba promovendo mais jogadas além da primeira. Na primeira jogada você provavelmente não vai ter a oportunidade de conhecer todos os arcos de história e na segunda jogada você pode se focar não só em novos arcos como também em fins diferentes para quests que você já havia feito no anteriormente.
Combate, Música e Extras
O combate é bem simples à primeira vista, apresentando uma lista extensa de diferentes armas, algumas ações básicas e técnicas especiais que o jogador pode associar a botões, além de frequentemente poder usar a ajuda de um NPC aliado e um pet formando um time de 3 além de diferentes magias que podem ser utilizadas em conjunto. Você pode acabar criando estratégias e achando combos mais eficazes, mas nenhum combate no jogo é muito desafiador.
As áreas criadas pelos artefatos em sua grande parte tem uma natureza labiríntica com batalhas fixas em cada tela. Inimigos, porém, reaparecerem só no simples ato de trocar de cenário, isso pode acabar tornando a experiência do jogo bem cansativa quando você tem que revisitar uma área atrás de algo específico. Pensando nisso, o Remaster felizmente tem uma nova função de não acionar batalhas que não sejam resultantes de eventos das missões que pode ser ligado e desligado a qualquer momento do jogo.
O jogo também tem alguns sistemas como o de criação de pets, golems, magias e até um minigame de PocketStation que estava disponível apenas no Japão, mas tudo isso são mais grandes extras dentro do jogo que você pode explorar no seu ritmo ou ir fundo quando estiver em busca do 100%
Em música, Legend of Mana está muito bem servido, Yoko Shimomura não só compôs a trilha original como também supervisionou os arranjos para a versão remasterizada do jogo. Curiosamente algumas faixas de Legend of Mana soam muito parecidas com algumas das faixas que ela compôs para Kingdom Hearts, mas o jogo ainda consegue ter uma identidade sonora própria muito forte.
Conclusão
Legend of Mana Remastered é, para o bem ou para o mal, um experimento muito único na mídia dos videogames. Mesmo eu que de começo odiei o quanto o jogo “não funcionava”, me forçando a fazer horas de backtracking sem rumo, agora eu vejo o jogo com mais respeito pelas coisas únicas que ele faz e tenho certeza que sempre vou lembrar dele por isso.
Legend of Mana Remastered está disponível para PC via Steam, PlayStation 4 e Nintendo Switch.