Desenvolvido pela Crystal Dinamics e publicado pela Microsoft para Xbox 360 e One em 2015 e pela Square Enix para PC e Playstation 4 em 2016, Rise of the Tomb Raider é o segundo título da trilogia reboot de Lara Croft.
Anunciado pela primeira vez por Phil Rogers, CEO da Square Enix, o game foi oficialmente confirmado na E3 de 2014. O título trouxe Camilla Luddington novamente no papel de Lara, sendo indicada na categoria Melhor Representação no The Game Awards 2015. Ele também contou com o retorno de Rhianna Pratchett como escritora do enredo e de Brian Horton como diretor.
O jogo foi bem recebido pelo crítica especializada na época de seu lançamento, recebendo nota 87 no Metacritic, 9.3 pela IGN (onde também recebeu os prêmios de Jogo do Ano para Xbox One e Melhor Jogo de Ação/Aventura) e 9 na GameSpot. Dentre os elogios foram destacados os belos gráficos e bom enredo, além de apresentar novas mecânicas e algumas melhorias no combate – apesar disso, o título foi considerado muito conservador, se mantendo muito similar ao primeiro jogo do reboot. Rise alcançou a marca de 10 milhões de unidade vendidas ao final do ano de sua chegada ao mercado.
Agora que já conhecemos um pouco do passado segundo título da trilogia, vamos conferir como Rise of the Tomb Raider se sai sob os padrões atuais.
O problema do personagem placa 2D
spoilers da história de Rise of the Tomb Raider a seguir
Diferente do jogo de 2013, Rise foi pensado como uma continuação, então o enredo do jogo necessitava tratar Lara com mais cuidado no que se tratava de desenvolvimento – dito e feito, uma das melhores características desse título é o enredo em torno de Lara. Após os eventos que aconteceram em Yamatai, a arqueóloga está disposta a encontrar mistérios que poderiam mudar o curso da humanidade.
Sua mais recente obsessão é o mito de Koschei, o Imortal, conhecido também como o Profeta. Seu pai, Lorde Richard Croft, pesquisava a lenda quando faleceu, levando fama de louco. Então ela toma para si a missão de provar a todos que seu pai estava certo – é essa a sua principal motivação durante todo o jogo, que a leva a cometer mais uma onda de assassinatos em confrontos com uma entidade milenar que parece ter envolvimento com a morte de seu pai, a Trindade.
Uma grande falha no enredo é, novamente, a falta de profundidade dos personagens secundários: Jonah, amigo de Lara e sobrevivente de Yamatai, funciona como a humanidade da arqueóloga e não tem qualquer tipo de autonomia. Outros personagens como Jacob, Sofia, Vladimir e Anna, apesar de terem sua importância na história, sofrem do mesmo mal que os personagens do primeiro jogo, sendo nada mais que placas 2D para apoiar o desenvolvimento de Lara – quando comparado com jogos mais recentes como The Last of Us II ou até mesmo Hades, esse problema foi mais visível e pode sim atrapalhar a imersão na história.
A diferença nesse caso é que os vilões do jogo, Vladimir e Anna, tem boas motivações e não são personagens pretos e brancos – o problema é que só descobrimos isso ao coletar documentos ao longo da jornada que mostram mais dos pensamentos dos dois. É muito fácil deixar esses documentos para trás sem perceber, o que atrapalha e muito a compreensão desses personagens.
Apesar disso, o desenvolvimento de Lara é construído magistralmente, assim como no primeiro jogo. É palpável como a personagem inicia a jornada completamente perdida em sua obsessão, e ao longo do jogo aprende que as vezes se faz necessários deixar essas obsessões irem embora. Vale ressaltar, porém, que a evolução de Lara é incompleta, visto que o enredo abre um caminho vasto para a conclusão no terceiro título.
Melhorias e adições na jogabilidade
Comparado com o primeiro título, existem diferenças marcantes na jogabilidade, a começar pelo feedback que o controle passa para o jogador ao movimento Lara: por exemplo, ao andar na neva alta, é possível sentir uma maior resistência nos comandos da personagem por conta da dificuldade de se movimentar em um terreno assim.
Entrando no quesito combate, Lara agora tem mais movimentos de ataques stealth, o que permite uma maior variedade de abordagens nos confrontos com inimigos. Falando em inimigos, além dos milicianos da Trindade, Lara também é atacada pelo Exército Imortal do Profeta e por animais exóticos como ursos e onças – apesar dos muitos inimigos, os combates geralmente não são tão difíceis caso o jogador melhore suas armas com constância.
A melhoria de armas, aliás, é um outro fator bem implementado pelos desenvolvedores: com uma maior árvore de habilidades e mais upgrades disponíveis para as armas, os jogadores podem escolher focar nas melhorias que mais se encaixam em seu estilo de luta. O conceito de crafting também foi introduzido na gameplay, permitindo a construção de bombas com objetos encontrados no chão, assim como diferentes tipos de flechas. Também é possível usar as peles dos animais abatidos para as melhorias.
O maior número de Tumbas, porém, é o ponto mais interessante do jogo: os puzzles são bem construídos e com grande variedade, contando com cenários lindos que vão desde cavernas escondidas até navios naufragados que dão recompensas como novos tipos de munição, melhorias de movimentos e novas roupas. A variedade de puzzles é tanta que instiga o jogador a descobrir a localização de todas as tumbas, garantindo boas horas de exploração adicional.
Para complementar os momentos de exploração, os cenários são ricos de elementos diversos e tem belíssimos gráficos mesmo após 6 anos do lançamento do jogo. O clima também muda após certo período, o que adiciona uma camada a mais de realismo ao jogo.
Outro ponto positivo foi a localização para português-brasileiro de altíssima qualidade feita pelo Maximal Studios em São Paulo, que colocou a dubladora Fernanda Bullara para interpretar Lara. A atriz é conhecida por ter dado voz para personagens como Ino Yamaka (Naruto), Mileena e Kitana (Mortal Kombat) e Carol Danvers (Capitã Marvel). O jogo tem legenda em português, também de excelente qualidade.
Veredito
Rise carrega consigo a marca de ser uma boa continuação que trouxe excelentes melhorias para a franquia, mas que não conseguiu dar o passo a mais para tornar o título grandioso. Mesmo assim, é um jogo que ainda hoje não deixa nada a desejar em questão de qualidade para os AAA de 2021, apesar da maior simplicidade se comparado com esses títulos.
O jogo consolidou a nova Lara Croft como uma personagem independente dos títulos clássicos e que tem suas próprias problemáticas de desenvolvimento. As melhorias adicionadas ao game o tornam uma evolução agradável e natural do primeiro jogo, mas que também serviriam de base para saltos mais altos no último título da trilogia, Shadow of the Tomb Raider. No fim, podemos afirmar que esse é um jogo indispensável tanto para os fãs de Tomb Raider quanto para os apreciadores de jogos de aventura.
Rise of the Tomb Raider está disponível para Playstation 4, Xbox One e PC via Steam.
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