Lançado em 2018, Shadow of the Tomb Raider foi desenvolvido pela Eidos Montréal e publicado pela Square Enix. O jogo é o terceiro e último título do reboot de Lara Croft e coloca a arqueóloga no âmago da selva amazônica em meio a nativos peruanos e mitos maias e incas.

Dentre os vários elementos da mitologia e cultura local, a cidade de Paititi aparece como a principal área do game: a chamada cidade perdida é o grande objetivo de Lara na primeira porção do jogo e é a partir dela que todo o enredo se desenvolve.

Pode não parecer, mas é provável que você conheça Paititi por um outro nome: Eldorado. Vamos conhecer um pouco mais do mito por trás da cidade de ouro dos Incas e como sua adaptação foi trabalhada em Shadow of the Tomb Raider.

A cidade dos telhados resplandecentes

Segundo lendas de povos nativos da Amazônia, Paititi é uma cidade lendária localizada em algum lugar ao leste da Cordilheira dos Andes, escondida na região da Amazônia do sudeste do Peru, norte da Bolívia e noroeste do Brasil.

Existem algumas variantes da lenda: no Peru, a história conta que o herói Inkarrí fundou Paititi na selva de Pantiacolla após ter criado Q’ero e Cuzco; já na fronteira entre a Bolívia e o Brasil, diz-se que Paititi tem como capital a cidade Manoa, conhecida como a cidade dos telhados resplandecentes e lar dos Ewaipanomas, seres míticos que adoram o sol e são governados pelo Príncipe Dourado (em espanhol, o El Dorado).

Alguns dos relatos da existência desse local datam de 1535, onde o historiador e escritor espanhol Fernández de Oviedo descreve o Príncipe Dourado como “dotado de aparência resplandecente, cujas vestes e até mesmo o próprio corpo seriam recobertos de ouro, ornados ainda pelas mais belas e valiosas jóias.”

Desde então, histórias são contadas, relatórios são escritos e expedições são feitas, mas nenhuma evidência é encontrada – existe até uma certa teoria da conspiração sobre o assunto: em 2001, o arqueólogo italiano Mario Polia encontrou nos arquivos dos jesuítas em Roma um relatório escrito pelo padre Andrea Lopez. Segundo o padre, a cidade de Paititi seria completamente adornada por ouro, prata e pedras preciosas (levantando a possibilidade do local ser, na verdade, Eldorado). Ao pedir ao Papa permissão para evangelização dos habitantes, a Igreja Católica optou por negar e abafar a descoberta para “evitar uma corrida do ouro ao local e, uma eventual histeria em massa”.

Dadas tantas referências e diferentes origens, como a Eidos Montréal decidiu adaptar o mitológico local em Shadow of the Tomb Raider?

Shadow of the Tomb Raider
A lenda de Paititi é cercada de muito mistério – não é a toa que ainda hoje instiga a curiosidade de exploradores e pesquisadores.

A Paititi de Shadow of the Tomb Raider

Ao contrário das lendas, a Paititi de Shadow é retrata de forma mais realista: cabanas feitas de madeira permeiam os locais mais distantes da parte central da cidade, enquanto prédios feitos de pedra e com melhor acabamento decoram a região mais importante. Essa dicotomia também está presente nos diversos mercados da cidade: enquanto os que se situam na região menos importante são mais simples, os mercados da parte importante da cidade são mais pomposos.

Os moradores dessa Paititi não são seres mitológicos de outro plano, mas sim pessoas normais. A parte que remonta os relatórios de Andrea Lopez são os adornos de certos personagens das castas mais altas da cidade, como a Rainha Unuratu, o Príncipe Etzli e membros da guarda real: todos eles utilizam alguma peça de ouro em suas roupas, dando a entender que a cidade tem a sua cota de pedras preciosas.

Interessante notar que há poucas (ou nenhuma) referências ao mito de Eldorado no jogo, que se confunde com a história de Paititi em documentos da vida real. Ao invés disso, a Eidos Montreál optou por transformar a cidade em uma espécie de hub onde vários outros mitos se encontram, como do deus Kukulcán e de Ixchel, assim como a interferência jesuíta na cultura local, tal qual com a expedição de Lopez – isso tudo sem fazer com que o local perdesse sua importância.

Mesmo com tão poucas informações confiáveis disponíveis, a Eidos Montreál foi capaz não só de tornar Paititi um ponto interessante para os jogadores no quesito construção de cenário, mas também fez isso de forma que destacasse pontos positivos das próprias mitologias Maia e Inca.

Shadow of the Tomb Raider
O trabalho feito em Paititi no quesito de construção de cenário é, sem dúvidas, um dos destaques de Shadow.

É importante ressaltar que todas as informações históricas contidas neste artigo vieram do texto Glimmers of Paititi, escrito pelo explorador Gregory Deyermenjian.

Shadow of the Tomb Raider está disponível para PC, Playstation 4 e Xbox One.

Veja também: