Exibida originalmente entre julho e dezembro de 2014, Sword Art Online II é a segunda temporada da série que adapta a light novel escrita por Reki Kawahara.

A temporada também foi produzida pelo A-1 Pictures e foi dirigida por Tomohiko Itō, contando com 24 episódios que adaptam os arcos Phantom Bullet, Calibur e Mother’s Rosario, respectivamente os volumes 5 a 8 da light novel. Os episódios foram exibidos no Japão pela Tokyo MX e fizeram parte do simulcast da Crunchyroll em países do ocidente.

A história introduz novos personagens como Shino Asada, Death Gun e Yuuki Konno, levando o enredo para uma direção interessante de importância no mundo real em relação ao mundo online. Vamos entender com detalhes.

Confira nossa crítica da primeira temporada de Sword Art Online

Gun Gale Online: um passo na direção certa

A segunda temporada começa introduzindo a nova premissa da série: dentro do jogo competitivo de tiro Gun Gale Online, um jogador em um manto escuro atira contra uma tela que exibia uma transmissão de jogadores de alto nível em uma conversa. Logo em seguida o alvo do tiro, na transmissão que acontecia longe do local, exibe uma expressão de dor extrema e é desconectado do jogo – a figura misteriosa em questão se chama Death Gun, e sua aparente capacidade de matar pessoas no mundo real através de um jogo chama a atenção do governo japonês.

No outro núcleo temos Sinon (Shino Asada no mundo real), jogadora que atua como franco-atiradora e tem como objetivo derrotar os jogadores mais fortes de GGO, como mostra sua cena de introdução. Seu histórico com armas e seus motivos para estar dentro do jogo são trabalhados de uma forma muito interessante, representando um ponto de virada para a direção da série como um todo.

O arco introduz tópicos que vão além da importância que os jogos tem para esses personagens: quem são essas pessoas novas e por que elas fazem as coisas que fazem são os pontos de foco do roteiro, em detrimento dos próprios acontecimentos dentro dos jogos. Por exemplo, o trauma de Sinnon e seu consequente desenvolvimento de um Transtorno do Estresse Pós-Traumático são muito mais importantes para o enredo do que suas batalhas dentro do jogo.

Ao deixar de tentar ser um simulador de RPG e dar espaço para tramas e personagens interessantes, o arco de Phantom Bullet consegue trazer para série um tom menos superficial (como foi o caso do arco Fairy Dance na temporada anterior) e abre um precedente para o envolvimento ativo das pessoas do mundo real com os problemas que giram em torno da tecnologia e da Realidade Virtual, coisa que se torna corriqueira para a série a partir deste ponto.

Sword Art Online II
Sinon e Kirito.

A espada Excalibur e a importância de um momento de pausa

O arco Calibur narra uma aventura de Kirito e sua party em busca da lendária espada Excalibur, objeto com o qual o protagonista sonha desde que teve um breve contato com ele em seu combate com Sugou Nobuyuki no passado.

Com apenas dois episódios de duração, o arco funciona como uma espécie de transição entre o final de Phantom Bullet, onde Death Gun é derrotado e Sinnon se junta ao grupo de amigos de Kirito, e o começo do próximo arco. Sua atmosfera de uma verdadeira quest de RPG serve para deixar explícito que aquilo não é tão perigoso a ponto de ameaçar suas vidas como tantas vezes antes – e isso é de extrema importância para o ritmo do enredo.

Ao assumir essa nova face de uma história que se importa com seus personagens e que entrega interações de alta intensidade, Sword Art Online passou a correr o risco de ser intenso demais: afinal de contas, pessoas traumatizadas e morrendo o tempo inteiro pode acabar se tornando maçante para a audiência.

Usar esses dois episódios como um ponto para parar e respirar um pouco é interessante tanto para o ritmo do enredo quanto para o próprio espectador, já que o anime ainda entrega uma história interessante mas sem ameaçar a vida de todo mundo mais uma vez. E esse conceito é levado para um próximo nível no arco seguinte.

Sword Art Online II
Kirito e a espada lendária Excalibur.

Mother’s Rosario: quando o elenco secundário tem muito para oferecer

O último arco da segunda temporada é, sem dúvidas, o melhor da temporada: Mother’s Rosario narra o encontro de Asuna com a interessante guilda dos Sleeping Knights. Em uma noite calma, Asuna escuta de suas amigas a história de Zekken (do japonês Espada Absoluta), um espadachim extremamente poderoso e que nunca foi derrotado – nem mesmo Kirito conseguiu esse feito. A garota se interessa pela situação e resolve tentar derrotar o tal espadachim invencível.

No dia seguinte, Asuna chega ao local onde Zekken geralmente luta contra seus desafiantes e se depara com uma garota claramente mais nova que ela: para a surpresa de Asuna, aquela é a Zekken, e ela é realmente extremamente forte – mesmo lutando com tudo que pode, Asuna é derrotada. Zekken então se apresenta como Yuuki, líder da guilda dos Sleeping Knights, que procuram um sétimo membro para poderem derrotar o chefão do andar onde eles se encontram na Nova Aincraid.

Esse arco marca a primeira vez no anime onde Kirito não é o protagonista: a história foca em Asuna, uma personagem que acabou ficando um pouco de lado desde o fim do arco de Aincraid e que ainda tinha muito para apresentar ao público. O paralelo dos problemas no mundo online com sua convivência complicada com sua mãe é interessante para o crescimento da personagem.

Mas o plot twist está na revelação de que Yuuki, na vida real, é uma paciente em estado terminal que passa a maior parte do seu tempo imersa na tecnologia Medicuboid, que usa a realidade virtual para aliviar a dor dos pacientes nesse estágio. O impacto que essa revelação tem na vida de Asuna é o que mostra verdadeiramente seu caráter, mostrando que ela pode ser mais do que mais uma das garotas no pseudo-harém de Kirito.

Mother’s Rosario é o melhor arco da temporada por abordar um tema tão delicado quanto a importância da vida de cada pessoa, usando como elemento principal algo tão difícil de falar sobre quanto o câncer, e conseguir entregar uma personagem tão boa quanto Yuuki. Sua história é emocionante do começo ao fim e o fato de tudo se desenrolar sem a presença constante do protagonista do anime prova a capacidade que o elenco secundário de SAO possui, se bem trabalhado.

Sword Art Online II
Asuna e Yuuki.

Veredito

Em termos gerais, a segunda temporada de Sword Art Online supera por muito a qualidade da primeira. Os novos personagens apresentados são todos relevantes para as histórias dos arcos, apresentando personalidades próprias e boas motivações. As tramas são bem desenvolvidas, com cada um dos arcos guardando suas próprias particularidades mas que, no geral, entregam boas histórias.

A qualidade técnica da temporada também apresentou melhora, particularmente nas cenas de maiores proporções e no design dos novos personagens. A trilha sonora, em particular os diferentes temas de abertura e encerramento, encaixam bem com as propostas de cada arco.

A segunda temporada representou para Sword Art Online um amadurecimento em seu enredo, com suas histórias passando a abordar temas complexos, apostando que seus personagens seriam capazes de acompanhar esse crescimento. Essa estrutura viria a se tornar essencial para a próxima temporada da série, mostrando a importância dessa escolha.

Sword Art Online II
O grupo principal de Sword Art Online na vida real.

Sword Art Online II está disponível nos catálogos da Crunchyroll e da Funimation, com opções de legenda e dublagem em português.

REVER GERAL
Enredo
Direção
Trilha Sonora
Animação
Design
Matheus
Fã de Yu-Gi-Oh!, Drakengard/NieR e Tomb Raider. Nas horas vagas, analista de Relações Internacionais e professor de inglês.
sword-art-online-ii-criticaA segunda temporada representou para Sword Art Online um amadurecimento em seu enredo, com suas histórias passando a abordar temas complexos, apostando que seus personagens seriam capazes de acompanhar esse crescimento. Essa estrutura viria a se tornar essencial para a próxima temporada da série, mostrando a importância dessa escolha.