Aves de Rapina foi uma segunda chance dada à personagem Harley Quinn interpretada por Margot Robbie. Nesse longa de Cathy Yan finalmente foi resgatado o lado anárquica de umas das personagens mais amadas da DC Comics.

Com o título Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa o espectador pode perceber que há uma influência visual ao seu antecessor, o desastroso Esquadrão Suicida, mas nada, além disso. A melhor notícia é que você não precisa assisti-lo para entender a trajetória da imprevisível Harley, pois o filme por meio de uma animação misturada com narrativa explica a vida da personagem desde seu nascimento, até o rompimento com o Coringa.

No inicio do longa Harley é uma pessoa que está acostumada a fazer o que quer, seja algo violento ou louco, mas após seu rompimento com o Coringa percebe que estava sendo protegida pelo medo público do personagem na cidade. Então logo após a notícia de sua separação se espalhar pela cidade, pessoas do submundo –aos quais ela já tem um certo histórico- começam a procurá-la para um acerto de contas e isso inclui o “vilão” do longa Roman Sionis (Ewan McGregor).

Após uma série de acontecimentos, todos os personagens da trama são ligados ao desaparecimento do Diamante da família Bertinelli que é furtado pela jovem Cassandra Cain (Ella Jay Basco) que o engole. Harley então para se safar das mãos de Roman (Máscara Negra) promete encontrar o diamante em troca de sua vida. Apesar de conter uma trama simples e contar com momentos icônicos de imprevisibilidade de Harley –que arrancam alguns risos– , Aves de Rapina segue as regras de um bom filme de ação e não abusa de forma irresponsável da sexualidade desnecessária.

O roteiro de Christina Hodson além de se inclinar mais para ação do que risos, fornece alguns flashbacks ao apresentar a trama, às vezes até mesmo interrompendo o momento cronológico sem um objetivo claro. O roteiro também se utiliza de flash para introduzir as demais personagens, apresentando uma estética visual similar ao Esquadrão Suicida, porém sem perder sua identidade.

As outras participantes do grupo entram em ação em diferentes ângulos, uma delas sendo a subestimada detetive Montoya (Rosie Perez), já a outra entrando na pele da cantora Dinah (Jurnee Smollett-Bell) melhormente conhecida como Canário Negro. Contudo, dessa vez quem rouba a cena –apesar de não ter muito tempo de tela– é a insubstituível Mary Elizabeth Winstead (Helena Bertinelli) com sua falta de senso de humor. Após ter sua família assassinada, Helena treina durante anos para se tornar a Caçadora –apesar de ser conhecida publicamente como a assassina da crossbow–.

O filme cumpriu com a sua proposta, encontrando muitas oportunidades para incluir cenas empolgantes: seja com o cenário colorido, já que o espectador assiste ao longa na visão de Harley ou com cenas de ação bem extravagantes com movimentos improváveis. Apesar do filme inegavelmente fazer alusão ao estilo de luta Wrasslin, ainda assim alguns movimentos seriam improváveis levando em conta que o grupo enfrenta múltiplos “brutamontes” a todo tempo.

O roteiro de Hodson apesar de não conseguir transparecer o peso do vilão interpretado por Ewan lhe deu um desfecho bom e também vale ressaltar que o longa apresenta diversas cenas Girl Power coerentes com a trama, sem precisar “forçar a barra”.

Aves de Rapina também conta com diversas referências ao longo do filme, como uma pequena aparição da antiga animação de Batman em um programa de TV e um cartaz na delegacia do Capitão Boomerang. Referências fora do Universo DC podem ser notadas, como Harley no melhor estilo “Eu,Tonya” também interpretada por Margot Robbie e claro, uma cena de luta embalada pela icônica canção Barracuda –impossível não se recordar de Shrek 3–. Apesar do potencial das demais personagens não terem sido amplamente explorados, Aves de Rapina ainda tem o poder de entreter o espectador com uma boa dose de Girl Power e extravagancia na medida certa.

OBS: O filme contém uma cena pós-crédito. Confira aqui.

 

NOTA: 3,9 / 5