Animes de fantasia baseados em light novels escritas para o público feminino têm crescido bastante nos últimos tempos, uma febre muito similar aos Shounen de Isekai ou Tensei, e vários deles estrearam na Crunchyroll. De 2020 para cá tivemos animes como Hamefura, Honzuki, I’m the Villainess So I’m Taming the Final Boss, The Saint’s Magic Power is Omnipotent, Endo and Kobayashi Live! The Latest on Tsundere Villainess Lieselotte, e esse ano, sem o elemento do isekai mas com muita fantasia medieval é que encontramos Sugar Apple Fairy Tale.
A obra é baseada na light novel shoujo de Miri Mikawa, com ilustrações de Aki. A versão mangá também foi lançada, mas com artes de Alto Yukimura e publicado na revista Hana to Yume, da editora Hakusensha, atualmente em lançamento com 7 volumes publicados. Agora, o anime está sendo exibido pela Crunchyroll.
A adaptação foi produzido pelo estúdio JC Staff, e conta com direção de Youhei Suzuki (Shoukugeki no Souma e Maiko-san no Makanai-san); Supervisão de roteiro de Seishi Minakami (No.6 e Toaru Kagaku no Railgun); Design de personagem de Haruko Iizuka (Horimiya e Kujira no Kora); Direção de arte de Akira Suzuki (Amanchu! Advance e High Score Girl); e Trilha Sonora de Hinako Tsubakiyama (The Girl from the Other Side). Podemos dizer que o anime possui uma equipe de produção desse anime minimamente razoável, mas qual será o resultado que encontramos no primeiro episódio? Primeiramente posso dizer que bem animadoras, fiquem conosco para saber.
Fantasia medieval e romance
A obra se passa em um universo medieval com fadas e humanos, porém existe hostilidade entre essas duas raças pois os humanos escravizam e domesticam as feéricas. Após a morte da mãe, que defendia um convívio harmonioso entre humanos e fadas, a protagonista Ann Halford decide viajar de onde vivia com a mãe para encontrar sua independência para além de onde conhecia. Como ela sozinha precisa atravessar uma região perigosa, Ann compra um fada guerreiro, o Shall Fen Shall. Ela promete liberdade ao rapaz contando que ele a leve até o destino pretendido. Aos poucos o romance e a amizade vai desabrochar entre os dois.
É sempre preocupante olhar a temática da escravisão no contexto medieval em animes, porém, diferente do que já foi feito em outras obras, o anime não escorrega nas relações de posse e servidão apenas porque a compradora é uma “boa dona”, inclusive o anime põe em xeque nos vários momentos em que Shall questiona o jeito amigável da Ann, pois ela não se furtou em comprar uma fada. É uma importante provocação para colocar em conflito alguém que está com o poder de dominar a liberdade do outro. O ponto positivo é que o anime vai estreitando a amizade entre os dois personagens, e o que era obrigação de proteção logo se torna uma ação orgânica de afeto. Será que a paixão vai surgir disso? é o que veremos.
As fadas no universo de Sugar Apple Fairy Tale são dominadas com a conquista humana por uma de suas asas. Dessa forma elas não podem voar, quase um paralelo parecido como caçadores fazem com animais silvestres em nosso mundo. Bom, naquele ambiente do anime, as fadas podem ser grandes ou pequenas, fadas guerreiras ou fadas domésticas, todas a serviço dos humanos. A julgar pela abertura e encerramento, talvez o anime apresente outras raças como elfos e magos. Tudo pode ampliar e, consequentemente, trazer mais interesse para as criaturas mágicas que habitam o universo do anime.
Boa animação e cenários deslumbrantes
Para trazer a fantasia no visual do anime, o diretor de arte Akira Suzuki produziu com sua equipe uma grande quantidade de cenário em tons pastéis, mas sempre reforçando o estilo rústico medieval, com espadas, carroça, montanhas e vales com colorações diferenciadas a partir dos períodos do dia. É um espetáculo visual se tratando da criação de cenários e expansão do Worldbuild.
A animação também não parece que fará feio nessa produção. A começar pelo excelente design de personagens de Haruko Iizuka que proporcionou um design simples e ótimos para animação, com simplificação das linhas e formas com pontas bem geométricas nos formatos das cabeças e cabelos, causando uma harmonia visual. Os olhos também são um grande destaque no anime.
Todo esse trabalho com o design reflete no encaminhamento de uma boa animação para cenas de ação, e ao que parece, o anime alternará entre essas cenas de ação e algumas cenas mais estáticas que ganham destaque na composição dos cenários. O diretor chefe de animação, Yuriko Maeda, conduziu o primeiro episódio com muita consistência e ainda garantiu que cenas com muito movimento (sakuga) estivessem presentes nesse anime.
O que esperar?
Não é mérito exclusivo do Shoujo trazer romance em uma fantasia medieval, animes de Isekai Shounen têm trazido esse tropo como o próprio Re:Zero, com o diferencial de que Sugar Apple Fairy Tale leva a perspectiva da personagem feminina em primeiro plano, e a protagonista dessa história é a Ann Halford. Talvez o tempero especial dessa obra seja essa perspectiva feminina que não é tão manjada nos isekais atuais. Talvez veremos um bom romance de fantasia com capa e espada.
Também vale destacar a bela trilha sonora instrumental de Hinako Tsubakiyama que conduz encantadoras melodias que remetem à fantasia ou a trilhas de visual novel e jogos de RPG. Vale conferir!
Todos podem assistir ao anime semanalmente na Crunchyroll.