Duas Bruxas: A Herança Diabólica tenta trazer o gênero de terror Gore de baixo orçamento de volta às telonas, mas a falta de desenvolvimento dos personagens e da trama acaba por deixar o filme raso, apesar da ótima atmosfera construída.
O filme de terror Slasher/ Gore conta com a direção de Pierre Tsigaridis, que também atuou como diretor de fotografia, editor e compositor. O longa independente de terror foi premiado e recebeu alguns dos principais prêmios pela crítica especializada no gênero de terror.
Duas histórias/Duas Bruxas
A trama do filme gira em torno de duas histórias; a primeira sobre Sarah, uma jovem que está grávida de seu primeiro filho e que está convencida que foi amaldiçoada e está sendo perseguida por uma senhora misteriosa.
Do outro lado da trama, seguimos a relação conturbada da estudante Masha com sua colega de quarto Rachel, após um evento impulsivo da jovem estudante, que espera herdar os poderes de sua avó. As duas histórias se conectam quando forças ocultas são libertadas após uma consulta com um tabuleiro de Ouija, famoso nos filmes de terror, por Sarah quando está visitando um casal de amigos.
Apesar da trama relativamente simples, logo nos minutos iniciais do filme é possível notar que o ritmo do longa será acelerado com as aparições da bruxa logo no começo, mostrando que basta apenas um olhar atravessado que já é motivo suficiente para o inicio de uma perseguição. Mesmo que, a principio, não aja um motivo aparente para tal maldição, as forças ocultas do filme buscam apenas a verdadeira maldade pela maldade.
Duas Bruxas apresenta uma história de terror e bruxaria, juntando terror psicológico, paranoia e elementos gore, homenageando claramente os clássicos filmes de terror slasher europeus, especificamente o aclamado filme italiano dos anos 70, Suspiria. Inclusive, utiliza uma paleta de cores super saturadas e, usa o aspecto sexual que é marca registrada do gênero de terror Slasher, de forma comedida .
Um ponto positivo da obra é o uso das ambientações, que em conjunto com uma trilha sonora eletrizante e uma cinematografia excelente, criam uma atmosfera misteriosa e sombria.
Entidades confusas
O filme contagia mais pelo uso inteligente dos ângulos das câmeras focando um silencioso espaço sombrio, que geram extremo suspense no expectador, do que os já batidos “Jump Scares”, usualmente característicos dos filmes de terror.
Um ponto negativo do filme é a superficialidade com que a história é desenvolvida. Parece que não há clareza do que seja a real motivação daquela entidade em se colocar como real ameaça na trama. A sensação que temos é que a bruxa está apenas querendo enlouquecer sua vítima, sem mais nem menos.
Esse aspecto é notado principalmente na primeira parte do filme, por conta da falta de clareza em relação a entidade do mal que se soma a uma interpretação não tão convincente do casal Sarah e Simon, interpretado por Belle Adams e Ian Michaels. Fazendo com que não seja possível se conectar muito com os personagens, ao ponto de nós importamos com a segurança ou o futuro dos personagens.
Por essa falta de profundidade no personagens e no roteiro, acaba que o longa precisa recorrer, em momentos, para certos exageros que como uma forma de compensar esses defeitos, mas acaba por se deparar com o caricato em algumas situações que ficam claramente artificiais.
Já na segunda parte do longo, com uma história um pouco mais desenvolvida e contando com as ótimas interpretações da protagonista Masha, interpretada por Rebekah Kennedy e sua colega de quarto Rachel, interpretada por Kristina Klebe, quando o ritmo de Duas Bruxas se mante mais equilibrado, inclusive passando a sensação de uma construção melhor de trama, permitindo uma conexão maior do publico com as personagens. Além de uma execução melhor das cenas de suspense, que rapidamente se transformam em situações aterrorizantes.
Vale a pena?
Apesar de seus acertos e de executar corretamente aquilo que o filme se propõem, Duas Bruxas: A herança diabólica tem alguns problemas de ritmo e perde um pouco de profundidade com a falta de desenvolvimento de personagens e das motivações dos vilões, que acaba deixando uma sensação de que falta algo, talvez pela falta de resoluções e respostas no final do filme. Para os amantes de terror, especialmente de Gore, acho que o filme possa ser uma boa pedida, mas com uma certa medida nas expectativas.
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