Já lançado para PC em fevereiro de 2023, The Last Shot chegou aos consoles em 17 de setembro de 2024. Publicado pela Somtimes You e desenvolvido pela Rumata Lab, The Last Shot mescla mecânicas de puzzle e plataformas em uma ambientação diesel-punk que consegue mostrar todo o caos que este mundo vive sem a necessidade de usar palavras.
Ambientação e narrativa
Muitos títulos utilizam o termo “punk” para representar um futuro distópico. Sendo assim, alguns subgêneros como Cyberpunk que pode ser definido pela alta tecnologia e baixa qualidade de vida, Steampunk e suas máquinas movidas a vapor e Frost Punk em que um dos maiores inimigos é frio (além da própria humanidade) são bastante familiares dos jogadores. A proposta diesel-punk não se diferencia muito no que diz respeito a felicidade que foi citada anteriormente, exceto pela diferença do combustível que move suas máquinas de guerra e como isso impacta nos ambientes.
Seguindo sua proposta, a cidade que ambienta o game é totalmente militarizada e possui aquela sujeira oleosa da matéria prima que mantém a guerra. Neste cenário, o jogador controla um engenheiro que trabalha na produção de munições que mantém a guerra ativa. Sua vida pacata muda quando sua cidade e amigos correm perigo e ele precisa se aventurar para investigar acontecimentos estranhos e tentar colocar um fim no conflito.
Além da história se desenvolver bem, toda a narrativa tem uma coesão grande com os cenários e efeitos sonoros ao ponto que estes elementos abraçam o caos e leva diretamente ao jogador. Devido ao bom level design podemos perceber elementos dos ambientes que vão direto ao ponto do quão bélica e contrastante a situação se encontra. Enquanto canhões atiram no céu cinza e esfumaçado e trabalhadores seguem sua vida de forma rotineira pela cidade de cores frias e tons pastéis. Tudo isso com sons ambientes que lembram o impacto de canos de metais se chocando incessantemente.
Com isso, podemos dizer que o título cruza propositalmente – e de forma muito competente – sua ambientação com sua narrativa, compondo os elementos um a favor do outro. Os contrastes apresentados são interessantes e chamam a atenção pelas suas escolhas de temas, cores e sons.
Bala na agulha
Como já comentado anteriormente, o jogador controla um engenheiro que embarca em uma aventura. Sendo tão coerente quanto a ambientação, o jogo destaca as habilidades do personagem sem transformá-lo em um super soldado. Assim, durante a gameplay iremos resolver puzzles e avançar em trechos com desafios de plataforma sem a necessidade de combates. Equipado com um martelo, uma chave de rosca e suas mãos para puxar alavancas e mover objetos, iremos usar destes recursos para vencer os quebra-cabeças propostos.
As mecânicas funcionam bem e proporcionam desafios moderados. Pensando que The Last Shot pode ser concluído em cerca de sete horas em uma primeira jogatina, seu ciclo de gameplay não se repete a ponto de enjoar o jogador, mas sabendo alternar seus diferentes estilos de gameplay e desafios únicos em certos trechos. Por exemplo, se na maioria do tempo iremos controlar o personagem a pé, em fases específicas teremos o controle de veículos como tratores e um helicóptero que terão interações diferentes com os elementos do ambiente.
Na seção anterior já falamos do visual e ambientação, porém vale retomar aqui o impacto destes elementos na gameplay. Praticamente sem usar palavras, o jogo guia o player de forma visual e constrói uma comunicação que prende o jogador ainda mais a gameplay por toda a importância que as pistas visuais apresentam no desenrolar da jogatina.
Vale a pena?
The Last Shot é um jogo com puzzles interessantes e sabe utilizar bem suas mecânicas para criar situações criativas e que desafiam os jogadores. Seus comandos são intuitivos e é impressionante como consegue transmitir instruções sem usar palavras a partir de um bom level design. A alternância de estilos de gameplay e puzzle e plataforma funciona de forma coesa, o que torna a jogabilidade um dos pontos altos do game.
Seu visual e efeitos sonoros não ficam para trás, pois ambos combinam de forma harmoniosamente caótica ao proporcionar ao jogador como é o clima do mundo em que se passa a história. Focando mais na parte visual, os cenários são bem trabalhados e detalhados. Isso reforça o aspecto narrativo, envolvendo mais o jogador no universo proposto ao proporcionar situações que a própria ambientação reforça o fator de urgência e perigo sem a necessidade de verbalizar a todo momento. Neste ponto, temos mais um ótimo uso de recursos gráficos para expor ao jogador as situações, novamente, sem palavras.
Sem dúvida, The Last Shot vale muito a pena por todos os seus atributos. Até mesmo pessoas que não são as maiores fãs do gênero puzzle poderiam gostar, caso desse uma chance ao game. Isso porque os momentos de plataformas são divertidos e toda a ambientação é muito envolvente.
*Chave para review enviada para Xbox Series pela Rumata Lab