Unknown 9: Awakening, desenvolvido pela Reflector Entertaiment e publicado pela Bandai Namco, foi um game que chamou a atenção desde seu primeiro trailer não só pela sua potencial história e atuação da atriz Anya Chalotra, mas também pelas suas mecânicas e abordagem bastante característica de jogos de ação aos moldes de Uncharted. Com seu lançamento em 18 de outubro para as plataformas Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC, o jogo se mostrou envolvente, carismático e mecanicamente interessante.
Recebemos o game antecipadamente e pudemos terminá-lo para conferir todos os seus detalhes, então bora falar mais de seus principais pontos?
Passeio por dimensões
Em sua narrativa, o jogador controla a personagem Haroona, inicialmente guiada por uma experiente mentora chamada Reika. A protagonista é uma Quaestor com capacidade de se aventurar e explorar os recursos de uma dimensão até então desconhecida: o Umbral. Neste cenário, Reika é responsável por ensinar a acessar e controlar suas habilidades. Uma sociedade secreta, denominada de Ascendentes, também busca acessar o Umbral, porém com o objetivo de obter mais poder para transformar o mundo segundo sua visão.
O jogo desenrola bem a trama e adiciona elementos de forma coerente até certo trecho, não deixando pontas soltas por muito tempo e adicionando novos acontecimentos que explicam mais detalhes deste universo de maneira natural. Assim, alguns diálogos mais expositivos são utilizados, mas não soam como um texto forçado por trabalhar situações que mostram uma transferência de conhecimento de uma personagem mais experiente para uma não tão familiarizada com as situações representadas.
Quando falamos na história e sua estrutura, também vemos elementos que remetem a jogos lineares de ação como os títulos da franquia Uncharted lançados na geração passada. Utilizando acontecimentos amarrados e alternância de momentos de calmaria, exploração e ação, Unknown 9: Awakening não inova e segue uma fórmula já testada nos games.
Porém, se o jogo carrega as qualidades de títulos de ação dos anos 2000, também traz consigo pontos fracos. Entre eles estão personagens que perdem sua importância e reviravoltas que parecem ser tiradas de caixas mágicas, já que pouco foi construído para justificar suas ações. Exemplo disto é visto principalmente após a metade do jogo com a importância do vilão Vincent e de Reika, mentora da protagonista. Fatos adicionados à narrativa bagunçam a trama e criam situações pouco estruturadas.
Além do que o jogo apresenta, diversos materiais dão mais informações sobre o universo retratado no game. Como uma campanha de expansão multimídia, antes mesmo da chegada do jogo, foram lançados podcasts roteirizados, quadrinhos e curtas que complementam e buscam enriquecer a trama. Muitos destes materiais não tratam de Haroona diretamente, o que é interessante para explorar o potencial de outros personagens e situações para criar um contexto sólido caso novas histórias sejam criadas para estes personagens.
Gameplay
Não é só a estrutura narrativa que remete aos jogos de ação das gerações passadas, mas também muitos aspectos de sua gameplay. Basicamente, iremos avançar de área em área enfrentando inimigos e resolvendo puzzles bastante simples que repetem suas fórmulas. Para as lutas temos os recursos básicos como chutes e socos, bem como suas variações de fortes e fracos, que são complementados pela manipulação do Umbral. Com seus poderes, Haroona consegue empurrar e puxar inimigos, ficar invisível por um tempo limitado e até mesmo assumir o controle dos adversários temporariamente para utilizá-los em combate.
Unindo essas mecânicas com utilização de armadilhas no ambiente, podemos criar cenários de lutas bem variados, divertidos e caóticos. Por exemplo, após alguns updates ganhamos mais fichas de possessão e podemos assumir o controle dos oponentes de forma consecutiva. Assim, é possível chegar em uma área e fazer com um ou mais inimigos se ataquem embaixo de uma estrutura que pode ser derrubada com o empurrão da protagonista. Entender e utilizar os poderes é um ponto fundamental do jogo e cria uma nova camada de estratégia para as ações.
Mesmo divertida, a gameplay não está livre de problemas e travamentos que trazem um certo incômodo por ocorrerem em momentos chave do jogo. Entre os problemas mais incômodos estão partículas sólidas ao destruir caixas, colisão com o cenário e o desaparecimento de elementos de UI em momentos importantes.
Começando pelas caixas, após as primeiras horas de jogo, ao destruirmos caixas são grandes as chances das partículas permanecerem no ar e o caminho continuar bloqueado como se a caixa existisse. Isso pode causar problemas em combates e em momentos em que temos que avançar em uma região lotada de inimigos. Nesta mesma linha, algumas passagem apresentam pontos específicos para serem transpostas, como se parte dela fosse bloqueada por uma parede invisível.
Por fim, em alguns momentos a interface de usuário simplesmente desaparece e mesmo recarregando o ponto de salvamento não retorna para o trecho. Mais especificamente, isso ocorreu na batalha final, em que a vida e demais status do chefe sumirão. A parte crítica da ausência da barra é que ela ajuda no planejamento para uso das habilidades e recuperação de vida.
Updates efetivos
A melhoria das habilidades de Haroona é um ponto fundamental para a evoluir suas mecânicas de combate e ter mais possibilidades nos enfrentamentos. Para a realização de melhorias podemos encontrar pontos que são aplicados nas árvores de habilidades ou ‘escritas’ que aumentam a vida e mana máxima da personagem.
Ambas as melhorias são impactantes, porém se destaca o upgrade nas árvores de habilidades por resultarem em uma melhora efetiva na personagem, não somente pontos numéricos de status. Ao todo temos três árvores: uma voltada para a força física, outra para as habilidades de manipulação do Umbral e melhorias nas mecânicas de stealth.
No decorrer da aventura iremos encontrar recursos suficientes para melhorar cerca de dois terços das árvores. Assim, não é possível otimizar a personagem 100% na campanha, o que é interessante por trazer um elemento de building para o game e permitir que o jogador escolha suas melhorias segunda forma que deseja jogar.
Inimigos e visual
Para falar sobre os gráficos é bom lembrar que o game tem uma proposta de chegar tanto para a nova, quanto para a geração anterior. Tendo isso em vista, testamos o game tanto em sua versão de PlayStation 4 como na de PlayStation 5. Em ambos os casos, o gráfico segue um padrão já conhecido e entra dentro de um grau de normalidade.
Enquanto que na versão da geração anterior fica nítido os serrilhados e faltas de detalhes, na versão para PS5 temos elementos mais preenchidos e partículas menos evidentes. Mesmo assim, algumas texturas parecem não renderizar completamente.
Ainda sobre visual, os inimigos apresentam um design e variações dentro do padrão esperado pelo tipo de jogo. Assim, enfrentamos diferentes soldados que variam suas armas, defesas e quantidade de vida. Em relação a chefes, temos apenas 2 durante toda a campanha, o que não é necessariamente um problema já que a proposta engaja o jogador com a exploração e bons desafios com os inimigos comuns.
Vale a pena?
Unknown 9: Awakening é um jogo divertido, conta com um bom elenco e prende a atenção. Entretanto, sua gameplay apresenta problemas pontuais e incômodos, com o agravante de que sua narrativa se mostra inconsistente após a metade da história. O fato de se apegar a uma estética de jogabilidade das gerações anteriores traz consigo os pontos positivos e negativos consigo e apesar de ser bom reviver esses sentimentos, parece faltar adições que combine nostalgia e novidade.
* Chave para review enviada para PlayStation 5 pela Bandai Namco