O anúncio do remake de Romancing SaGa 2 foi uma grande surpresa durante a Nintendo Direct de junho, com uma surpresa maior ainda sendo o seu lançamento tão próximo, apenas 4 meses após seu anúncio.

Em um ano onde já tivemos o lançamento de SaGa: Emerald Beyond, Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven traz um frescor único para todos que simpatizam com RPGs.

Leia também:

SaGa, assim como Mana, é uma das séries de RPG menores da Square Enix, contemporâneas dos primeiros anos da empresa onde ainda era possível contar o número de títulos numerados de Final Fantasy com apenas uma mão.

Romancing SaGa 2
Reprodução/Square Enix

Já Romancing SaGa se trata de uma sub-série que compreende 3 jogos lançados para o Super Nintendo e que estabeleceram melhor como seria a identidade da série, já que seus antecessores eram jogos menores de Gameboy e no ocidente eram sequer conhecidos como SaGa, mas sim como Final Fantasy Legend.

Romancing SaGa – Minstrel Song – foi o remake do primeiro jogo dessa subsérie lançado originalmente para PlayStation 1 e recentemente recebeu uma versão remasterizada que inclusive fizemos review aqui no O Megascópio. 

E agora, décadas depois, temos o remake de Romancing SaGa 2 com o novo subtítulo Revenge of the Seven.

A Saga de um Império Romantizada

Em Romancing SaGa 2 somos apresentados a Gerard, segundo filho de Leon, que é o Imperador de Verennes. Após uma tragédia com seu primogênito que foi assassinado por um dos sete antigos heróis, Leon recorre a um encantamento que poderá fazer com que seu segundo filho, que sempre foi mais apto para diplomacia, herde suas habilidades de combate e possa ser um líder em seu lugar.

Imperador Gerard, recém coroado. Reprodução/Square Enix

A partir daí seguimos em uma grande jornada, sem exatamente um caminho traçado, com o objetivo de encontrar e derrotar os antigos sete heróis que foram corrompidos e expandir o poder da coroa real.

A narrativa do jogo não é exatamente um dos seus grandes pontos fortes, Gerard é um protagonista de uma história de fantasia bem “certinho e quadradinho” para caber no papel de herói principal genérico, mas é fácil se afeiçoar a ele após a introdução do jogo.

Logo após as primeiras horas, os objetivos do jogo se tornam mais abertos e vagos, perdendo um pouco do foco no objetivo principal e abrindo espaço para missões e narrativas mais locais e mesmo sendo simples, elas dão um pouco mais de vida para o mundo

Em Revenge of the Seven não temos o tradicional mundo aberto, mas sim um mapa com localizações para as quais podemos nos transportar. Reprodução/Square Enix

Outro recurso da história é o desbloqueio de memórias dos 7 heróis que contextualizam melhor a grande trama central do jogo que podem ser achadas de forma não-linear pelos locais que você visita. 

Trazendo a Ferramenta Certa para o Trabalho

A dinâmica de combate em Romancing SaGa 2 é absurdamente semelhante à Octopath Traveler, onde todos os inimigos possuem referências abaixo da sua barra de vida para indicar suas fraquezas e uma vez descobertas, o jogo registra essa informação para sempre.

Personagens atingidos por fraquezas recebem dano amplificado e também há a possibilidade de alguns ataques terem características específicas contra tipos de inimigos que são classificados como críticos. Ataques críticos além de causarem dano amplificado também contribuem mais para a barra de Overdrive.

Fora esta adição, todos os outros elementos clássicos da série retornam nesse remake. Glimmers, vários tipos de armas, magias e liberdade com sua build e também ataques overdrive.

Romancing SaGa 2
Reprodução/Square Enix

Glimmers são a forma como o jogo dá aos personagens novas habilidades. Toda vez que um personagem utiliza um ataque de uma das duas armas equipadas, uma habilidade tem a chance de ser vislumbrada. A partir desse ponto, essa habilidade será adicionada a seu repertório de ataques.

Isso também é verdade quando se é atacado, onde é possível um personagem ter um vislumbre de como evitar um ataque específico e ser adicionado como uma habilidade passiva.

Overdrive em Revenge of the Seven gira em torno de preencher uma barra que depende da contribuição de todo o time e o seu uso faz com que os personagens realizem sequências de ações com o seu dano real sendo amplificado muito mais do que normalmente seria por uma fraqueza ou um ataque crítico.

É bom salientar também que, como todo outro jogo da série SaGa, você é livre para equipar os seus personagens com qualquer arma ou magia que você desejar, mas a eficiência deste personagem está diretamente ligada com o quão proficiente ele é com aquele equipamento. Quanto mais uma arma ou magia é usada, mais dano você consegue causar com ela. 

“Vislumbres” ocorrem inesperadamente em batalha e é a forma de adquirir novas habilidades. Reprodução/Square Enix

Claro, todos os personagens têm valores diferentes de status e equipamentos que vão impactar o dano final, mas o nível de proficiência é de longe o mais impactante. Mesmo um personagem com afinidade a armas com o status de força pode acabar causando dano mínimo se não tiver praticado o suficiente.

Finalmente, Consequências para Minhas Escolhas

Há um foco muito grande em Romancing SaGa 2 nas escolhas feitas pelo jogador e em suas consequências, o quê não é exatamente novidade para quem acompanha a série, mas neste título em especial isso acaba ganhando mais destaque.

Existem sim as clássicas escolhas de diálogo e tem um efeito imediato no jogo, mas também há escolhas como consequências por deixar de realizar uma missão ou até mesmo ter a presença de certos membros no seu time que são levados em consideração em certas situações específicas.

A boa e velha opção de diálogo. Reprodução/Square Enix

O jogo também não dá brecha para que o jogador possa concluir todos os objetivos disponíveis antes que seja forçado a prosseguir. Aqui é cada escolha, uma renúncia.

De certa forma isso é bom pois incentiva a rejogabilidade do título, mas não dá pra espantar o sentimento de que perdemos algo no caminho.

Outra forma como o jogo adiciona mais recursos à disposição do jogador é com o city builder do império de Avalon. Diferentemente de um city builder comum, não temos que gerenciar recursos aqui, apenas ordenar a construção de novas sessões para a capital do império.

Romancing SaGa 2
O “city builder” do jogo que dispensa gerenciamento de recursos e apenas desbloqueia novas funcionalidades. Reprodução/Square Enix

Através do city builder você terá acesso ao ferreiro, escola de magia, ao jardim imperial e mais. Não exatamente adiciona uma faceta nova ao jogo, mas é divertido como isso ajuda a dar a sensação de estar realmente expandindo seus domínios.

Outro pequeno detalhe que adiciona muito à satisfação de ir atrás de cada oportunidade desse jogo é a quantidade de bônus desbloqueáveis por anexar territórios, coletar memórias e também coletar carimbos do Mr S, o mascote da série que pode ser encontrado escondido em várias áreas do jogo. 

Cada uma dessas pequenas atividades rendem recompensas impactantes que adicionam e muito ao nosso poder de combate e também nossa possibilidade de explorar mais cenários e recursos.

Um Grande Dinastia

Um outro ponto central para o loop de gameplay e um que me pegou completamente desprevenido foi a sucessão de dinastias. Apesar de Gerard entregar um bom personagem tela branca para que o jogador possa brincar com qualquer ferramenta, ele não era o único monarca que iríamos ter controle durante o jogo. 

Logo após a tomada de um ponto de controle ainda nas primeiras 5~6 horas de jogo – se você estiver empenhado em explorar todos os cenários e dungeons disponíveis – você terá uma batalha contra um subalterno de um segundo herói que será seu próximo grande objetivo e um novo território será anexado ao seu império.

Contudo, após essa batalha temos um salto no tempo de nada mais, nada menos que 99 anos no futuro. Neste salto no tempo somos intimados a escolher um novo herdeiro para o trono baseado nos guerreiros arquetípicos que temos à nossa disposição.

Romancing SaGa 2
A medida que avançamos nos objetivos principais do jogo, um novo monarca será encolhido e teremos um salto no tempo. Reprodução/Square Enix

Eu tive nada menos que um choque ao me deparar com isso, mesmo sabendo que faz parte da tradição da série haver uma rotatividade de protagonistas.

Pelo o que pude constatar pela minha experiência com o jogo, o time skip é acionado toda vez que seu protagonistas finaliza dois grandes objetivos como anexar territórios ou derrotar um dos 7 heróis.

Com 13 territórios ao todo e 7 heróis a serem derrotados, é fácil calcular que o jogo irá tomar várias gerações para que seja alcançado o seu final caso você se foque em fazer todo conteúdo extra possível.

O monarca sempre herdará o nível das habilidades do seu antecessor, sendo o personagem mais constante em nível de poder no seu time. Já seus aliados seguiram com os mesmos arquétipos, mas com seu design levemente alterado (como se fossem cores alternativas para personagens de jogo de luta).

Reprodução/Square Enix

Como a cada nova geração o monarca terá que tomar o lugar de um dos arquétipos disponíveis, você sempre estará alterando o seu grupo principal a cada nova etapa, incentivando a experimentação com o seu grupo, formações de batalha e até mesmo qual será a próxima nova habilidade que você fará seu monarca aprender.

No meu segundo loop de monarca por exemplo, logo após o timeskip com Gerard, a primeiro missão a que fui apresentado deste período, eu deveria visitar um reino vizinho e conversar com os 3 príncipes para auxiliar na sucessão ao trono e no meu choque por não conseguir realizar tudo no loop anterior, priorizei outras missões antes dessa.

Grande foi a minha surpresa ao descobrir após a anexação do segundo território que outro salto no tempo de 100 anos ocorreria e o reino que anteriormente eu teria um papel de consultor na sucessão, agora se encontrava no controle de um déspota após uma guerra civil onde todos os 3 candidatos ao trono morreram.  

Ações feitas para uma missão também podem afetar o resultado de outra. Reprodução/Square Enix

Não só o jogo foi capaz de me deixar em choque ao fim do primeiro ciclo com Gerard, como também me deixou em choque uma segunda vez ao fim do segundo ciclo onde eu, sem querer, fiz toda uma nação cair em guerra civil. Novamente digo; neste jogo cada escolha é uma renúncia e as consequências podem ser drásticas. 

Não é necessário dizer que no terceiro loop o monarca tinha a obrigação moral de trazer liberdade e paz para a nação vizinha e este foi o propósito do grande imperador Richard, o terceiro monarca de Varennes.

Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven infelizmente não possui dublagem ou texto em português brasileiro e, apesar de ter diversas opções para customização de preferências de combate, não há opções específicas de acessibilidade disponíveis. 

Veredito

Romancing SaGa 2 é nada menos que um prato cheio para qualquer jogador e principalmente para os amantes de RPGs.

Seu combate é extremamente satisfatório de desvendar e a não-permanência do monarca garante que sempre teremos um time de parceiros de batalha frescos para experimentar. Seu foco em missões enchem a nossa satisfação por cumprir pequenos objetivos, sempre nos recompensando com pequenos avanços significativos e a mecânica de sucessão sempre vai te surpreender com um desenvolvimento inesperado e te deixar namorando a ideia de um e se para a sua próxima jogada.

Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven é impecável no que se propõe e genuinamente surpreende. De longe um dos melhores jogos do ano.

Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven estará disponível no dia 24 de outubro para PlayStation 4, PlayStation 5, Nintendo Switch e PC via Steam.

*Chave para review cedida por Square Enix

REVER GERAL
Enredo
Direção
Trilha Sonora
Jogabilidade
Design
critica-romancing-saga-2-revenge-of-the-seven-e-uma-das-maiores-surpresas-do-anoRomancing SaGa 2 é nada menos que um prato cheio para qualquer jogador e principalmente para os amantes de RPGs. Seu combate é extremamente satisfatório de desvendar e a não-permanência do monarca garante que sempre teremos um time de parceiros de batalha frescos para experimentar. Seu foco em missões enchem a nossa satisfação por cumprir pequenos objetivos, sempre nos recompensando com pequenos avanços significativos e a mecânica de sucessão sempre vai te surpreender com um desenvolvimento inesperado e te deixar namorando a ideia de um “e se” para a sua próxima jogada. Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven é impecável no que se propõe e genuinamente surpreende. De longe um dos melhores jogos do ano.