A animação The Witcher: Sereias das Profundezas chegou ao catálogo da Netflix em 11 de fevereiro com a proposta de adaptar o conto “Um Pequeno Sacrifício”, apresentando no segundo livro de Andrzej Sapkowski, Espadas do Destino.
Responsável pelas animações está o Studio Mir, que também trabalhou com a ótima animação “A Lenda do Lobo”. Mas será que a nova animação no universo de The Witcher faz jus ao conto na qual se baseia?
Localização temporal
Quando analisamos as produções já feitas pela Netflix referentes ao universo de The witcher vemos que muitos materiais já foram adaptados e também criados. Com a proposta de trazer a série de livros para um live-action, três temporadas já estão disponíveis, sendo a quarta, e penúltima temporada, chegando em 2025 ao catálogo. Ainda no universo de live-actions, tivemos a terrível criação do spin-off Blood Origin, que mostra de forma falha a criação do processo que transforma humanos em bruxos. Mesmo com um elenco competente, o roteiro se mostrou incoerente e desconexo com qualquer coisa já mostrada anteriormente.
No âmbito das animações, anterior a Sereias das profundezas, foi lançado A Lenda do Lobo. Repleto de ação e com roteiro original, a produção retoma aos tempos de juventude do personagem Vesemir e a queda de Kaer Morhen de uma forma impressionante. Agora sim chegamos a The Witcher: Sereias da Profundezas, que em sua cronologia se passa entre os capítulos 5 e 6 da primeira temporada do Live-action.
![Sereias das Profundezas - 3](https://www.omegascopio.com.br/wp-content/uploads/2025/02/Sereias-das-Profundezas-3.webp)
Narrativa adaptada
O plot da história mostra que a animação carrega inicialmente o mesmo cerne do conto ao trazer o romance entre o príncipe Agloval e a sereia Sh’eenas. Enquanto a sereia pertence ao povo dos mares, o príncipe é um humano da aristocracia de Bremervoord, um reino a oeste do continente, próximo de Temeria. Na região estão o bruxo Geralt, o bardo Jaskier e Essi Daven que protagonizaram os acontecimentos da narrativa.
Diferente do conto, não somos apresentados somente a Agloval, mas também ao rei Usveld e ao filho bastardo Zelev. Os personagens não são bem estruturados e apresentam mudanças que não ficam bem determinadas ou indicadas no texto. Além disso, o passado de Jaskier é contado e parece uma grande perda de tempo.
Como mote para desenrolar da trama está o ataque recorrente a barcos de pesca de pérolas por criaturas marítimas. Atribuindo o ataque aos seres do mar, Geralt é contratado para investigar o que está acontecendo na região, sendo deflagrado motivos ocultos para uma guerra.
![Sereias das Profundezas -1](https://www.omegascopio.com.br/wp-content/uploads/2025/02/Sereias-das-Profundezas-1.webp)
Dentro do que foi descrito anteriormente, fica claro que a premissa, comportamento de personagens e tom da história foi alterada drasticamente. Isso porque a animação foca mais na guerra entre o reino da terra contra o povo do mar, o que acaba tirando o foco da relação dos personagens e acarreta na adição de outros. A adição de personagens por si só não é um problema, porém muitos deles são pouco explorados e alguns pré-existentes são alterados a ponto de ficarem irreconhecíveis.
Por exemplo, enquanto o conto traz um clima mais intimista e desenvolve bem os sentimentos de Geralt e Essi Daven, também contrapondo a questão do “sacrifício” entre o príncipe e a sereia, a animação foca no conflito e nos novos núcleos de personagens adicionados. A elaboração do conflito parece buscar momentos épicos que não condizem ao conto e tornam o material base subutilizado.
Animações e dublagens
As animações e dublagens estão entre os principais pontos fortes da animação. Como já visto em A Lenda do Lobo, o Studio Mir fez um bom trabalho em Sereias das Profundezas ao trazer animações fluidas e representações fidedignas dos personagens. As lutas são dinâmicas e os inimigos com design que lembram a descrição dada no conto.
A dublagem conseguiu combinar os personagens com suas vozes, seja em inglês ou portguguês do Brasil. Como destaque estão os dubladores do bruxo Geralt de Rivia que são Doug Cockle e Sérgio Moreno, nas versões inglês e português respectivamente. Ambos atuaram em The witcher 3 Wild Hunt como o bruxo, o que é um acerto trazê-los para o papel por já conhecerem o personagem.
Vale a pena?
No final das contas,The Witcher: Sereias das Profundezas foge tanto do conto original que mais parece uma fanfic ruim, sem nexo e com personagens descaracterizados. Ao tentar adicionar mais ação, o roteiro tira a essência da história e cria uma obra arrastada e tediosa.