Assassin’s Creed Shadows é o novo episódio da franquia da Ubisoft, agora trazendo como cenário o Japão feudal, mas especificamente, durante o período Edo. Após dois adiamentos, o game foi lançado em em 20 de março para as plataformas PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC. Sendo seu predecessor Assassin ‘s Creed Mirage, que retomou elementos mais clássicos da franquia, voltamos em Shadows as mecânicas de RPG, porém com muitas novidades!

Que tal explorar um pouco mais dos elementos que o game apresenta e como ele apresenta a jornada da shinobi Naoe e do samurai Yasuke?

Entre o presente e passado

Pela primeira vez na franquia são apresentados dois personagens jogáveis, Naoe e Yasuke (ou Diogo). Sendo suas histórias iniciadas separadamente para então tomarem rumos que os coloque em um objetivo comum. Primeiro, somos apresentados a Yasuke, que conhece e luta ao lado do Lorde Nobunaga para derrotar os shinobis de Iga. Seguindo para Naoe, acompanhamos os ataques de Nobunaga, que ocorrem em sua vila. A partir deste início trágico, é dado ao jogador o controle de da shinobi Naoe, que parte em sua jornada de vingança contra os membros do Shinbakufu, organização que é responsável pelo assassinato de seu pai.

Logo neste início já é colocado que o assassinato de seu pai não foi um ato de simples demonstração de poder, pois também fora levada uma caixa guardada em um esconderijo. Antes da morte, Naoe ganha a já conhecida lâmina dos assassinos, mas sem saber sua origem ou existência da organização centenária que protege inúmeros segredos. A busca pela caixa roubada e desvendar segredos do passado de sua família se une à caça pelos assassinos.

Lorde Nobunaga
Reprodução/Ubisoft

A partir deste início, podemos perceber que os elementos esperados da franquia estão todos presentes. Vincular um propósito histórico, como a unificação japonesa, com segredos e a Ordem dos Assassinos combinaram bem e estão em sintonia com as abordagens feitas ao longo da franquia. Além disso, a história se desenrola de forma ágil quando comparamos com Origins ou Odyssey, o que torna sua narrativa mais dinâmica, mais direta e interessante. Até mesmo as side quests conversam melhor com a narrativa principal, assim, servindo como um bom complemento de aprofundamento.

Entretanto, o aspecto que vincula a história jogada no Animus com o presente é bastante ausente. Em Mirage e Valhalla temos trechos importantes do presente que incrementam a narrativa que transpassa o episódio e alcançam o todo da franquia. Já em Shadows, o lado da Abstergo acaba limitado a falas e momentos vazios, sendo o participante da simulação descaracterizado ao ser representado como um conjunto de pixels brilhantes.

A ausência do elemento presente não estraga o jogo ou afeta as narrativas de Yasuke e Naoe. Porém, foram elementos como este que cativaram parte dos fãs e trouxeram o jogo para um todo mais complexo do que simplesmente um episódio. Dito isso, jogadores mais apegados a lore ou que esperavam entender o que iria ocorrer após os eventos mostrados nos jogos anteriores podem ficar decepcionados.

Abstergo
Reprodução/Ubisoft

Dividindo o controle

Como já comentado anteriormente, Assassin’s Creed Shadows é o primeiro jogo da franquia no qual temos dois protagonistas jogáveis e que podem ser alternados livremente a partir de um determinado ponto da campanha. Em sua estrutura podemos dividir a gameplay como a introdução de Yasuke, uma gameplay linear com Naoe e então chegamos ao ponto em que seus objetivos se encontram, permitindo escolher com quem jogar.

E é impressionante as mudanças de gameplay que cada um deles apresenta! Enquanto que jogar com Naoe significa controlar uma típica personagem assassina (aqui treinada para ser uma shinobi), jogar com Yasuke é ter confrontos mais diretos e brutais. Cada qual com seu kit de armas, Naoe utiliza gadgets ninja, a lâmina e armas como katanas e adagas para a luta. Já o samurai usa espadas pesadas, lanças, arco e flechas e teppos (espécie de um rifle). Assim como suas armas, suas habilidades especiais também diferem, o que torna a gamelay com cada um única.

select weapon
Reprodução/Ubisoft

Além das habilidades e armas, as limitações também são diferentes. Por exemplo, Naoe consegue pular em lugares mais altos e ter seu acesso facilitado. Porém, Yasuke – que consegue sentir seu controle mais pesado pelo andar e golpes do personagem – não alcança todos os lugares, mas consegue carregar objetos mais pesados sem muita dificuldade.

A união das diferenças das personagens resulta em situações muito interessantes, como em diversas missões que devemos utilizar suas especialidades para alcançar o objetivo. Um desses casos ocorre em uma invasão a um castelo em que devemos assassinar um dos membros do Shinbakufu, sendo necessário usar Yasuke para lidar com um grupo de inimigos enquanto Naoe se infiltra furtivamente para abrir portas e facilitar a passagem de seus aliados.

Apego ao passado

Dada a introdução dos personagens, uma pergunta que pode ficar é “como eles alcançaram tais habilidades?”. Como resposta a isso, o jogo apresenta missões que mostram o treinamento de ambos, colocando o jogador no controle dos personagens ainda crus em relação aos seus poderes.

No caso de Naoe, a personagem possui locais de meditação, sendo seus momentos passados tratados como missões secundárias. Já Yasuke, tem suas missões de passado introduzidas como uma forma de investigação para avançar nas missões principais. O passado de ambos os personagens são bem explorados e construídos, sendo momentos divertidos e interessantes de serem experiências.

Assassin's Creed Shadows-1
Reprodução/Ubisoft

Ainda falando em missões, Assassin’s Creed Shadows trouxe uma grande diferença em relação aos títulos anteriores: a ausência da água que ajudava a localizar inimigos ou até mesmo de pontos mais diretos para serem alcançados. Assim, tal qual um bom ninja, ao selecionarmos uma missão nos é dado dicas de localização para então acharmos o ponto específico.

Felizmente, ao avançarmos no jogo desbloqueamos pontos de espionagem, nos quais é permitido o fast travel e também utilizar espiões locais para indicar os marcos com mais precisão. Tal mudança causa uma estranheza inicial, porém combina com a temática e é bem fácil de ser utilizada.

Assassin's Creed Shadows - 2
Reprodução/Ubisoft

Explore e melhore

Trazendo elementos dos jogos de RPG da franquia, a exploração é um elemento fundamental não só para achar as atividades extras, mas também evoluir o personagem em relação a suas habilidades. Isso porque, as atividades extras e missões secundárias rendem pontos de conhecimento e permitem desbloquear novos ramos nas árvores de habilidades.

Começando pelas atividades extras, podemos pintar retratos de animais, visitar templos, realizar contratos, dominar os castelos, entre outras. Elas são encontradas frequentemente e até certo ponto são divertidas de serem realizadas. Porém, após algum tempo de jogo ficam um pouco cansativos e acabam sendo ignoradas para focar nas missões principais, podendo ser reservadas para jogadores que buscam conquistas. Já as missões secundárias, são encontradas no mapa pelo ponto de exclamação. Suas realizações não são tão complexas e podem trazer benefícios como obter informações ou ter mais contatos na localidade.

Missions
Reprodução/Ubisoft

Neste aspecto de atividade e missões secundárias temos o ponto positivo de trazerem maior variedade ao jogador. Entretanto, a realização de visitas aos templos e outras atividades se mostram praticamente obrigatórias para evoluir os personagens (que possuem nível compartilhado) no quesito habilidade. Isso porque, os atributos para usar equipamentos melhores e ficar mais forte são evoluídos com o nível ganho de missões. Já a árvore de habilidade só pode ser melhorada com o aumento de conhecimento, ganho justamente com as atividades descritas anteriormente.

Mesmo com este ponto negativo, fica claro que Assassin’s Creed Shadows soube balancear melhor suas atividades em relação aos RPGs anteriores da franquia. Suas atividades e missões secundárias são mais leves e combinam mais com a narrativa principal. De forma geral, eles encontraram um meio termo entre o que foi mostrado em Odyssey e Mirage.

Assassin's Creed Shadows - 4
Reprodução/Ubisoft

Belos ambientes

Visualmente o jogo se mostra bastante caprichado, conseguindo destacar as construções de templos, cidades e outras localidades da época. Ao falar dos ambientes, temos uma movimentação natural e boas texturas que aumentam a veracidade do que estamos vendo. Assim, culminando na construção de belos cenários e não sendo incomum admirar as paisagens em momentos que alcançamos os pontos de sincronização.

Entre os pontos que não podem ser esquecidos está a utilização cravada da trilha sonora. Além dos sons ambientes, os momentos mais impactantes do jogo também são acrescentadas músicas que representam bem o sentimento que quer ser transmitido, o que adiciona dinamicidade e conecta o jogador ao diálogo ou batalha de forma mais forte.

Assassin's Creed Shadows-3
Reprodução/Ubisoft

Acessibilidade

Como já é comum nos jogos da Ubisoft, os recursos de acessibilidade estão amplamente presentes. Começando por um que afeta todos os jogadores brasileiros, o game está completamente dublado e com uma ótima qualidade, sendo as vozes encaixando bem com os personagens. De forma complementar, a legenda também está presente, podendo ser ativada com modificações de tamanho, cores, emoções, entre outras opções.

Além disso, o game apresenta o seu HUD customizável, interface configuráveis, remapeamento de controle e audiodescrição. Em relação a gameplay, o combate e stealth podem ter suas dificuldades configuradas separadamente e a opção de investigação alterada para a descrição do ponto específico.

Veredito

Assassin’s Creed Shadows apresenta uma história bem construída e com personagens interessantes. Naoe e Yasuke, além de serem carismáticos, são únicos quando falamos em suas respectivas gameplays. É curioso explorar as individualidades de cada um, não só em relação às suas técnicas, mas também suas limitações e quais missões cada um pode desempenhar melhor papel para atingir o objetivo.

Retomando o ponto da história, mesmo funcionando bem, revisitar a lore do presente da Abstergo poderia capturar os fãs mais antigos da franquia de forma mais forte, porém o jogo é consistente, divertido e apresenta melhorias consideráveis em relação aos outros RPGs da franquia ao ser mais direto em sua abordagem e trazer missões secundárias e atividades correlatas.

Visualmente o jogo é muito bonito e não foram encontrados problemas técnicos durante a análise. Os ambientes estão bem detalhados e as reproduções das localidades muito caprichadas. Assim, não será incomum parar em um ponto de sincronização para apreciar a vista do horizonte. Um ponto que não pode passar batido é sua trilha sonora, que está mais presente e combina com os momentos que são utilizados para ressaltar momentos mais emotivos e de batalhas intensas.

Dito isso, Assassin’s Creed Shadows é uma indicação certa que poderá agradar aos fãs da franquia por evoluir sua gamelay e trazer de volta elementos sealth que remetem aos clássicos. Já para novos jogadores, é um ótimo RPG!

*Chave para análise recebida para Xbox Series X|S via Ubisoft

REVER GERAL
Narrativa
Gameplay
Ambientação
Trilha sonora
Acessibilidade
Renan Alboy
Editor do Megascópio e apaixonado por quadrinhos e jogos. Mestre em Ciência da Computação e Jornalista.
critica-assassins-creed-shadows-arrasou-no-japao-feudalAssassin 's Creed Shadows apresenta uma história bem construída e com personagens interessantes. Naoe e Yasuke, além de serem carismáticos, são únicos quando falamos em suas respectivas gameplays.