Pensem em um jogo point click, mas não em um dos mais modernos com luzes e setar indicando caminho. E que tal adicionar a mistura uma temática cyberpunk e um visual em pixel arte muito bem feito? Todos estes elementos compõe o jogo Virtuaverse. O jogo foi lançado para PC, sendo desenvolvido por Theta Division e distribuído por Blood Music, em 12 de maio.
Uma história cyberpunk
Inicialmente nada é muito explicado para o jogador. O nosso protagonista, chamado Nathan, acorda em seu apartamento, sozinho e com a senha da saída trocada. Logo nos é informado que ele tem uma namorada, chamada Jay, responsável pela mudança da senha, e que não se encontra lá. Jay é uma talentosa grafiteira que usa drones para pintar os espaços de realidade aumentada da cidade com tecno-cores. As pinturas só podem ser vistas com o uso de tecnologia, a olho nu nada foi feito.
Em um futuro não tão distante, tudo foi dominado por uma Inteligência Artificial e a sociedade vive em um estado de conexão permanente com uma única rede neural que otimiza experiencias pessoais de forma viciante, como visto em alguns personagens. Nathan é um recém chegado a cidade e não está sujeito a esse novo sistema, estando seu trabalho ligado a ações fora da rede dominante atuando no contrabando de hardware e softwares decodificados.
No universo da história o RVA (especie de um óculos de realidade virtual) é usado por praticamente todo mundo para obter informações dos ambientes e representa uma outra forma de enxergar a vida. Nathan é um dos poucos que consegue desligar o RVA e ver a realidade como ela é.
A sociedade mostrada é divida em diferentes tribos, como hackers, grafiteiros, entre outros. Certo dia, Nathan acorda e Jay havia desaparecido, porém deixou uma misteriosa mensagem criptografada para ele. Com seu RVA quebrado, ele precisa conserta-lo e achar sua namorada em meio a tramas que se complicam cada vez mais.
Ambientação e música
Os cenários do jogo são bem interessantes e até mesmo o menor dos lugares pode esconder algum item essencial para avançar na fase. Vale ressaltar que os itens não são destacados visualmente, então a exploração e investigação de cada ponto é uma atividade necessária. Para os que se interessam por conquistas algumas ações não podem passar despercebidas, como dar comida para o sem teto que leva a uma das conquistas da lista do jogo. Ela ocorre em um dos primeiros cenários e mesmo não sendo obrigatória ajuda a indicar uma forma de obter um dos itens necessários para o reparo do equipamento de Nathan.
Analisando o visual, o jogo capitaliza na vibe retro, com o look completo pixelizado, arcades e vinils. Além disso, o protagonista do jogo não possui dublagem, apenas balões de texto, como nos jogos da época. Entretanto, a ambientação remete a um estilo futurístico cyberpunk, com máquinas e tecnologia integradas à sociedade – bem similar à forma que imaginavam o futuro há alguns anos atrás. Nos diálogos percebe-se também um desdém à modernidade desse mundo quando nosso protagonista Nathan e outros NPCs referem-se aos “velhos tempos” com nostalgia e saudosismo, seja sobre a música até as novas tecnologias.
A música é igualmente essencial e dita o ritmo e importância do que está ocorrendo no cenário com uma soundtrack que remete aos anos 80 e 90. Além disso, os cenários musicais, como boates e shows, são constates e aumentam a imersão em um universo caótico ao representar comportamentos de personagens neles presentes. Tendo em vista que não há som nos diálogos, somente músicas ambiente que variam de intensidade ou a própria exploração do silencio em raros momentos. Isso exige bastante leitura do jogador, assim, podendo se tornar um dos desafios do jogo pela quantidade de opções de diálogos disponíveis.
Mecânicas clássicas
O jogo preza por uma jogabilidade que remete ao jogos clássicos do gênero point click. Então, não é difícil o jogador se encontrar perdido ou navegando sem rumo pelos cenários que podem ser acessados. Em relação a ações não há muito o que explorar, basicamente podemos pegar e usar itens, mistura-los em alguns casos e interagir com o cenários. Os diálogos do jogo são bastante ricos, extensos e interessantes, sendo em sua maioria aproveitáveis.
Por mai que aja uma ordem lógica, o jogo permite que você teste suas opções. Você tem a liberdade de tentar combinações e, se você descobrir uma ação antes do necessário, não é penalizado ou impedido pelo jogo. Virtuaverse possui quebra-cabeças que são mais fáceis de desvendar ao falar com os NPCs, portanto preste atenção nos diálogos! Não apenas eles dão dicas das ações necessárias como ajudam a situar seu personagem na ambientação desse mundo.
Também vale o comentário de prestar atenção de que forma você está vendo o mundo. Quando não usamos o RVA muitos elementos são ocultados por necessitarem da tecnologia para serem acessados. Mas em alguns trechos não estar usando é a chave para avançar. Essas duas formas aumentam bastante a complexidade do jogo e pode deixar muitos jogadores desatentos perdidos.
Veredito
Virtuverse traz de volta elementos clássicos dos jogos point click, uma bela pixel art, uma trilha sonora bem trabalhada e imersiva e uma história misteriosa. A temática cyberpunk conversa muito bem com o enredo e o visual do conceito explorado. Falando em história, ela é muito atrativa e um dos pontos fortes do jogo, porém exige empenho por ser um pouco cansativo e seu ritmo ser lento, principalmente no inicio da gameplay, assim, jogadores mais novos pode achar o jogo um pouco massante. É um jogo altamente recomendável para todos terem a experiencia de um clássico e desafiante point click.
NOTA: 3,5/5
Review por Júlia e Renan.