Há 25 anos a série Star Ocean marca sua presença no mundo dos jogos, sendo suas características principais o combate de ação frenético, um grande expoente dos Action-RPG japoneses, e histórias que conciliam Sci-fi com fantasia medieval.

A convite da Square Enix entrevistamos o time de desenvolvimento de Star Ocean: The Divine Force, o mais novo título da série. Perguntamos sobre possíveis relançamentos, o sistema de dois protagonistas e até mesmo sobre game design.

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Temos jogos da franquia Star Ocean sendo relançados em novos sistemas, como The Divine Force e First Departure R, parece um sonho para os fãs da Tri-Ace. Há algum plano ou interesse por parte dos desenvolvedores de tornar mais jogos da série mais acessíveis em plataformas modernas?

A dificuldade vai depender se o esperado de um título passado é um remaster ou um remake, mas nesse ponto nós não temos uma resposta para essa pergunta. 

Contudo, eu acredito que quanto maior for o volume desses tipos de pedidos, mais fácil será de realizá-los. 

Laeticia, a protagonista do núcleo de fantasi de The Divine Force em batalha.

Todo novo Star Ocean deixa uma marca. Desde Star Ocean: A Second Story em 1998, houve uma pausa de mais ou menos 6 a 7 anos entre cada novo lançamento da série. Como funciona o ciclo de desenvolvimento? 

Nós não temos um ciclo regular de desenvolvimento.

O desenvolvimento varia de acordo com a escala de trabalho, e o projeto em sí é baseado em o que nós consideramos ser interessante no momento. Logo, o intervalo entre cada projeto se torna bem longo.

Em Star Ocean The Divine Force, nós podemos escolher entre dois protagonistas diferentes para jogar, algo que também era possível em Star Ocean: The Second Story. Poderiam nos dizer sobre o que inspirou a volta desse elemento? Como foi implementar essa estrutura de narrativa e gameplay em 2022 e quais foram as lições aprendidas com The Second Story? 

Quando consideramos ter a história vivida pela perspectiva de cada protagonista para experienciar melhor os mundos de sci-fi e fantasia desse título, nós pensamos que um sistema de uma dupla de protagonistas seria o mais apropriado.

Diferente de Star Ocean: A Second Story, a expressividade foi melhorada também, e nós intencionalmente fizemos com que não fosse possível ver os eventos de outra perspectiva quando os personagens se separam. Isso significa que você só irá compreender a história pelo ponto de vista de um só personagem, diferente da “visão de deus” como é comumente conhecido. 

Inclusive, a interação com personagem no seu grupo e mudanças nos seus sentimentos só podem ser vistas pelo ponto de vista deles também. Nós acreditamos que isso permite aos jogadores experienciar a história do ponto de vista do personagem. 

Ray utilizando o D.U.M.A. demonstrando o tamanho das áreas e o novo recurso de movimento.

A cada novo lançamento da franquia Star Ocean o conceito de “Action-RPG” era atualizado até o ponto que em The Divine Force temos transições instantâneas entre exploração e batalha, grandes áreas abertas com level design vertical e o jogador tem acesso à D.U.M.A., uma ferramenta que permite ao jogador saltar e planar por grandes distâncias. Como a equipe de Level Design e Combat Design encarou o desafio de ter um nível tão alto de mobilidade nas mãos do jogador?

Os jogadores não conseguiam nem pular livremente nos títulos anteriores, então nós trabalhamos e nos dedicamos para termos bastante comparado com títulos passados. 

Para começar, para manter as batalhas fluidas, o tamanho das áreas não poderiam ser deformadas. Contudo, para permitir levitação e movimentação em alta velocidade, elas tiveram que ser feitas maiores, e os movimentos em si não podem ser estressantes para o jogador, logo um elemento de “brincadeiras” tinha que ser adicionado para isso funcionar. 

Apenas uma área massiva não seria um ponto de venda, e ser um lugar cheio de “brincadeiras”, foi tido como o mais importante. 

Um dos elementos mais interessantes da série Star Ocean, e onde ela mais se beneficia de ser uma série de fantasia Sci-Fi, é representar diferenças em perspectivas e ideias sob o olhar de diferentes culturas. Como esse aspecto do jogo está representado em The Divine Force? Há a intenção de retomar conflitos presentes em jogos passados sendo vistos por uma nova luz em The Divine Force ou talvez até mesmo em títulos futuros?

O protagonista do lado sci-fi está em uma posição onde ele não precisa seguir o “Pacto de Preservação de Planetas Subdesenvolvidos”, uma regra que está presente em toda a série. Com isso, nós podemos retratar encontros com o desconhecido muito mais do que em títulos passados, como diferenças entre civilizações e a reação dos personagens à elas.

Logo, eu acredito que o mundo de Sci-fi + Fantasia pode ser melhor sentido. Inclusive, as histórias de Star Ocean, mesmo fazendo parte de uma série, são histórias independentes umas das outras. 

No fundo de tudo existe a Data Espacial, a história do futuro e sua base, então é claro que assuntos introduzidos em títulos passados também. Isso será algo que pode ser mais apreciado por aqueles que conhecem, mas de novo, esse é um título independente, e eu acredito que The Divine Force tem muito mais dessa nuance.   

A equipe do O Megascópio agradece à Square Enix por essa oportunidade de poder entrevistar e conhecer um pouco mais da equipe por trás do jogo. Star Ocean: The Divine Force já está disponível para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series e PC.