É com muita alegria que anunciamos a nossa entrevista com o querido Wendel Bezerra, dublador e diretor de dublagem na Unidub.
Nessa entrevista, podemos conversar um pouco sobre o novo filme de Dragon Ball que está estreando hoje mesmo nos cinemas, Dragon Ball Super: Super Hero.
- A Entrevista também pode ser conferida no nosso canal do YouTube
1) Dragon Ball Super: Super Hero é o vigésimo segundo filme da franquia de dragon ball, e já sabemos que você trabalhou em basicamente tudo que se sabe da obra. Qual é o sentimento de estar interpretando o Goku em mais um projeto? Já se tornou algo cotidiano ou você ainda tenta inovar em algo na interpretação do personagem?
W – Inovar não. Eu procuro respeitar a proposta do material original. Eu vou na vibe que eles determinaram, não busco fazer algo novo ou diferente. Acho importante respeitar a concepção original da obra. Mas é sempre um desafio, afinal estou dublando o Goku. Eu já sei o quanto ele é amado, o quanto ele é querido, e o quanto as pessoas esperam daquilo e de mim.
Então sempre dá um friozinho na barriga, um peso nos ombros, afinal, eu tenho que fazer de uma maneira que as pessoas gostem e de uma maneira que traga nostalgia.
2) Quando você ficou sabendo da existência desse novo longa-metragem, qual foi o seu primeiro pensamento sobre o novo visual? Visto que o filme foi produzido em computação gráfica. Curtiu o novo estilo ou ainda prefere o antigo?
W – Ah, eu gostei muito. Eu sou muito aberto à esse tipo de coisa. É claro que a experiência que eu tive dirigindo, não foi a mesma que eu tive assistindo ao filme. Porque quando estamos com o material de dublagem, é um material pior.
As cores não são as mesmas, a definição da imagem não é a mesma, alguns efeitos e outras coisas não são tão claras para nós, naquele material preliminar que estamos trabalhando. Mas mesmo assim, eu já achei bem legal.
3) Sabemos do trabalho importantíssimo que é uma dublagem e imaginamos todos os desafios que vocês dubladores tem de enfrentar, contudo, qual foi o maior desafio encontrado nesse novo filme de Dragon Ball? Em relação a dublagem.
W – Um desafio em relação à direção, é você colocar os dubladores na vibe dos personagens. Porque às vezes algum tem um tom maligno, tem um outro que tem um tom sério, mas levemente cínico e sarcástico, tem um outro que precisa manter a pegada nostálgica, porque é aquilo que os fãs querem para o personagem, tem um outro que precisa gritar igual um louco, mas tem que ser com intensidade, rasgar a voz mesmo, porém eles trabalham com a voz, então é complicado.
Mas o desafio é ir lidando com os atores de forma com que você consiga chegar naquele proposito.
4) Se você pudesse escolher, qual você gostaria que viesse primeiro? Mais um filme de Dragon Ball Super ou uma série para a TV adaptando o resto do material da obra.
W – Eu gostaria dos dois, mas primeiro… eu gosto muito dos filmes. A Batalha dos Deuses, O Renascimento de Freeza, Broly, é diferente. A série obviamente não tem o mesmo cuidado e a mesma qualidade que tem um filme, em termos de gráficos mesmo. A dedicação que um grupo coloca em uma série, é diferente da dedicação que se coloca em um filme. Não é como se eles fizessem a série de qualquer jeito, mas é diferente, por uma questão de custos, uma questão de logística, de data de entrega, então obviamente tem que ser feito em um ritmo diferente.
E a dublagem, como o dublador grava todos os dias o dia inteiro, em tudo quanto é lugar, quando é a série, às vezes ele vem como uma escala normal. Faz parte da agenda dele gravar tudo aquilo, inclusive a série. Quando é um filme, especialmente para o cinema, a gente consegue colocar os atores em uma vibe de que isso é especial, isso é diferente, isso tem que ficar melhor do que normalmente fica, então se eu pudesse votar, seria sempre em filmes.
5) Vimos pelo trailer que esse novo filme tem um grande foco no Gohan, com o personagem finalmente voltando a ter o destaque que os fãs tanto pediam. Você curtiu essa ideia? Também sentia que o personagem merecia voltar a ter esse certo destaque?
W – Como eu nunca fui um espectador, que sentava e assistia todos os dias, o meu foco estava muito no Goku. Então eu fiquei sabendo disso, dos fãs sempre questionarem isso, reclamarem até da roupa que o Gohan vestia, que era igual a do Goku, que ele merecia um destaque maior. Mas eu achei muito legal, eu gostei de ver o Gohan do jeito que acontece no filme, a caminhada que o personagem dele tem nesse longa.
Gostei muito também de ver o Picolo encabeçando as ações, achei muito diferente, muito legal e ao mesmo tempo, sabendo que foi um grande fanservice que eles decidiram fazer.
6) Se você pudesse escolher toda a plot de uma próxima história de Dragon Ball, seja em uma série de TV ou em um longa-metragem, que tipo de desafio você iria escolher para Goku e seus amigos? é a favor de uma nova transformação? (rs)
W – Eu acho que já tá bom, mas assim, eu queria ver um multiverso, onde seria possível ver o Goku falando português… para os Japoneses. O Goku falando em japonês, de repente no multiverso ele encontra um Goku que fala em português.
Então para os Japoneses, teria que passar legendado, porque o Goku falaria em português com o Goku que fala em japonês, ia ser muito louco. Seria curioso, eu iria gostar, porque aí eu iria estar na obra original, não só na dublada.
7) Existe uma discussão muito forte na fandom de Dragon Ball sobre onde a história deveria ter acabado na fase Z. Na sua opinião, qual seria o melhor ponto da história ter tido um final? Saga do freeza? Sagado Cell? Saga do Majin Boo?
W – Eu acho que o Super foi muito legal, para mim fez muito sentido, e assim, ele não acabou. Se eu tivesse que fazer duas ressalvas, seria apagar da linha do tempo o Evolution, e acho também que não agregou muito o GT. Tirando a música de abertura que é sensacional, eu acho que não agregou tanto valor na obra e na história.
Mas eu acho que ainda não finalizou, se precisar ter um fim, tem que fechar, mas ainda não acabou.
8) Em todos esses anos dublando o Goku, qual foi o seu momento favorito da obra? algo que te marcou bastante e você não esquece até hoje.
W – Eu acho que a batalha da fase Freeza. Eu acho espetacular, eu me emocionei muito naqueles episódios, eu me envolvi bastante. E claro, a minha experiência com o público, foi sempre maravilhosa, sempre transformadora, incrível, e em alguns momentos, inesquecível.
9) Falando em momentos favoritos, pelo visto a sua saga favorita é a do Freeza, contudo, qual o seu filme favorito? aquele que você guarda no seu coração.
W – Eu gostei muito do Broly, eu achei muito bom o filme. Acho a história bem amarrada para quem nunca viu na vida. A introdução é muito bem feita e ela faz sentido, então quem nunca assistiu consegue assistir ao filme e se divertir tanto quanto alguém que já acompanhava.
Gostamos muito de bater esse papo com o nosso querido Wendel Bezerra, nosso Goku brasileiro, esperamos que ele também tenha curtido essa conversa e claro, gostaríamos de agradecer ao Wendel por ceder o seu tempo e também a Crunchyroll, que tornou possível essa conversa.
Dragon Ball Super: Super Hero já está em cartaz em todos os cinemas do país, não deixem de conferir.