Lançado em 22 de junho de 2023 para Playstation 5, Final Fantasy XVI é o título mais recente da famosa franquia da Square Enix.
O game vem fazendo grande sucesso, já contando com mais de três milhões de cópias vendidas, e um de seus elementos mais característicos são os Eikons, as invocações do jogo, que são parte central de seu enredo.
Essas criaturas, assim como os monstros que estão sempre no caminho de Clive, são baseadas em diversas mitologias do nosso mundo, aplicadas no game de formas muito interessantes – vem com o Mega e conheça mais sobre as inspirações de algumas das muitas criaturas de Final Fantasy XVI.
Eikons
- Ifrit – baseado na mitologia árabe, um ifrite é um tipo de gênio comumente chamados djins, que geralmente são retratados como personagens maus, mas que, assim como os gênios como um todo, seguem suas próprias convicções. São criaturas enormes atreladas ao elemento fogo, característica que explica tanto seus poderes dentro de FF16 quanto algumas de suas feições físicas que também lembram um pouco os dragões, como os chifres.
- Phoenix – baseada no famoso pássaro da mitologia grega, a fênix é conhecida por sua capacidade de ressurreição das próprias cinzas. Suas histórias sempre ressaltam sua grande força, que a permite carregar cargas muito pesadas enquanto voa, além de ser capaz de se transformar em uma criatura de fogo. A versão de FF16 da criatura também carrega alguns traços da versão chinesa do mito, onde a fênix tem múltiplas cores em sua cauda.
- Odin – talvez o nome mais conhecido da lista devido suas últimas aparições na cultura pop como nos filmes do Thor do MCU, Odin é baseado no deus da sabedoria, guerra e morte da mitologia nórdica. O Pai de Todos era sempre visto em batalha montado em Sleipnir, seu cavalo de oito pernas, e carregando a lança Gungnir, conhecida por não errar seu alvo. O Eikon do game carrega essas características marcantes do personagem, mas também traz uma ideia mais demoníaca e menos divina em termos de aparência, fazendo referência também a uma das muitas versões da Caçada Selvagem, um mito com várias versões ao longo da Europa, centrado ao redor de uma caçada liderada por Odin vista como presságio de catástrofe.
- Garuda – figura presente nos mitos hinduístas, a Garuda é retratada como um pássaro de fogo solar, a montaria de Vishnu, deus responsável pela sustentação do universo. O caso da Garuda de FF16 é um pouco mais complexo que os anteriores, já que o Eikon do jogo faz mais referências a anjos cristãos descritos nas escrituras antigas como seres poderosos e, acima de tudo, assustadores: algumas de suas características destas descrições são a penugem branca e suas múltiplas asas, além de feições incompreensíveis aos humanos.
Companheiros e montarias
- Torgal – companheiro de Clive em sua jornada, Torgal é um lobo muito similar a subespécie Gray Wolf que temos no mundo real, que é o “tipo” de lobo mais comum que conhecemos. Apesar de haverem histórias de lobos que eram inimigos ou figuras maléficas, como Fenrir na mitologia nórdica ou Licáon na mitologia grega, é mais comum que os lobos sejam retratados como companheiros, protetores ou figuras virtuosas em diversas mitologias: em Roma, Lupa foi a loba que amamentou e cuidou dos irmãos fundadores Remo e Rômulo quando crianças; no Egito, Anúbis era sempre retratado com uma cabeça de chacal (subespécie do lobo-dourado) e, por conta disso, o lobo era visto como uma figura de justiça; e na mitologia chinesa, o lobo é sinônimo de coragem, bravura e heroísmo.
- Chocobo – clássica montaria da franquia Final Fantasy, o Chocobo se assemelha muito ao Dodô, uma ave já extinta que era incapaz de voar e não demonstrava ter medo de humanos, pois viveu isolada e sem predadores em sua ilha materna (vale ressaltar que o primeiro registro do animal é de 1598, sendo dado como extinto menos de cem anos após esses primeiros relatos devido a caça e desmatamento). Nas mitologias, era comum que a montaria fosse uma forma de demonstrar controle sobre a natureza, pois geralmente eram animais fantásticos, dados como perigosos e poderosos, sendo submetidos a um humano ou a um deus: Pégaso, Árion, Sleipnir, hipogrifos, hipocampos, dragões e muito outros são alguns exemplos deste tipo de relação.
Monstros
- Morbol – uma vegetação monstruosa que entra no caminho de Clive, o Morbol também é uma criatura bastante comum em outros jogos da franquia Final Fantasy. O monstro tem muita semelhança física com as Vieiras, um nome que engloba vários moluscos bivalves marinhos. O Morbol é uma das diversas criaturas de histórias que incorporam o contato de povos exploradores com vegetações diferentes: um caso interessante é a Mandrágora, uma planta de origem europeia que, devido ao formato da sua raiz ser semelhante muitas vezes a um humano, acabou virando alvo de diversas lendas – na Grécia, era conhecida como Planta de Circe, a Mágica, e precisava ser colhida com cuidado; algo semelhante acontecia na Idade Média, quando era dito que só era seguro colher a planta em noite de lua cheia, pois as raízes gritariam tão alto que mataria quem estivesse tentando retirá-las.
- Fafnir – outro inimigo recorrente da série, o Fafnir é geralmente retratado como um dragão muito poderoso. No caso de FF16, a criatura é extremamente parecida com um Pangolim, uma espécie muito antiga de mamíferos que hoje vivem em zonas tropicais da Ásia e da África – fisicamente, os pangolins tem bastante semelhança com tatus, com o corpo coberto por escamas e com o hábito de se enrolarem em forma de bola.
Assim como vários outros aspectos do jogo, a mitologia de FF16 toma muito cuidado com a representação dos diversos mitos utilizados, permitindo a criação de um mundo coeso onde criaturas de diferentes ambientes possam existir e tornar a história do jogo mais rica e interessante.
Este artigo foi baseado no vídeo do canal NME com a Dr. Emily Zarka, especialista em monstros.
Final Fantasy XVI já está disponível para Playstation 5, e abaixo você encontra a crítica do Mega sobre o jogo.
