Desenvolvido pela PlatinumGames e distribuído pela Square Enix, NieR: Automata é um jogo de RPG de ação hack ‘n slash lançado em 2017, originalmente para Playstation 4 e PC, com uma versão para Xbox One lançada no ano seguinte.

O jogo é uma sequência indireta de NieR (2010), que por sua vez é um spin-off da série Drakengard (2003). A grande mente por traz do universo de Drakengard/NierR é Yoko Taro, um diretor e roteirista japonês conhecido pelas muitas excentricidades, seja na vida real, onde só aparece um público usando uma máscara bizarra de um de seus personagens; seja na criação de jogos, onde é conhecido por sempre explorar a parte sombria da natureza humana e tomar rumos totalmente inesperados em seus enredos.

Em NieR: Automata, a exploração da parte sombria da natureza humana se reflete não somente nos personagens extremamente danificados emocionalmente ou no enredo capaz de te deixar em depressão, mas no próprio ambiente ao redor do jogador. O mundo quer te transmitir algo.

Cenários

Quando se fala de ambientação, seja de um jogo, de uma série, de um anime ou de um filme, talvez o ponto mais óbvio a ser comentado sejam os cenários. A história de NieR: Automata se passa no ano de 11945, durante a chamada 14ª Guerra das Máquinas. Muito antes disso, a Terra foi invadida por alienígenas que trouxeram consigo robôs para dominar tudo. Para se defender, os humanos criaram os androides, assim dando início a uma guerra sem fim.

Todo esse confronto, combinado com o uso de recursos do planeta, resultou em uma Terra desolada, sem humanos vivos e infestada de robôs. Os cenários refletem bem esse aspecto: onde quer que o jogador vá, a destruição é visível – seja nas ruínas da cidade, seja nas ruínas do deserto, seja nas ruínas de um castelo na floresta. Tudo é ruína.

A desolação passa um sentimento de vazio muito palpável: as ruínas não são só ruínas, você é capaz de ver que pessoas viviam ali há muito tempo. A sensação de vazio aliado a própria destruição diante de seus olhos criam uma atmosfera sombria que roda o jogador durante a gameplay inteira.

O cenário da cidade é a primeira vez onde o vazio do mundo de NieR: Automata realmente chega até o jogador.

Trilha Sonora

Um outro ponto que deve ser observado quando se fala de ambientação é a trilha sonora – e a trilha de NieR: Automata é algo divino. Claro que descrever sons com palavras não é a melhor das situações, mas imaginem comigo: além dos poucos sons que o mundo do jogo transmite, como passos ecoando ou a água correndo rio abaixo, cada cenário tem um tema.

Por exemplo, a vila de Pascal, um robô que lidera um movimento pacifista, possui um tema cantado por crianças, que tenta transmitir a pureza das intenções dos robôs da vila. O deserto, que é o maior e ao mesmo tempo mais vazio cenário do jogo, possui um tema cantado por vozes imponentes e que remete a sensação de poder e aventura, ao mesmo tempo que não nos deixa esquecer do vazio de onde estamos.

Cada tema incorpora seu cenário de uma forma única, transformando a própria experiência de caminhar pelo mundo de NieR: Automata algo extremamente enriquecedor e emocionante.

A trilha sonora da vila de Pascal é uma das mais bonitas do jogo, e isso é um grande feito em meio a tantos temas lindos.

Medo e Fascínio

Existe uma expressão em latim que se escreve da seguinte forma: mysterium tremendum et fascinans. Em uma tradução mais literal, seria algo como uma mistura entre o medo aterrorizante e o fascínio arrebatador, que é exatamente a sensação que eu tive durante as minhas pouco mais de 40 horas dentro do jogo.

A mistura feita de uma forma tão magistral por Yoko Taro e todo o time da PlatinumGames, onde o cenário e a trilha sonora estavam sempre me instigando sentimentos, foi uma das experiências mais fortes emocionalmente que já tive. Cada cenário novo me trazia uma medo quase irracional do que estava por vir, ao mesmo tempo que me instigava a seguir em frente, puramente preso no fascínio de onde a história me levaria a seguir.

Falando além de jogabilidade, enredo, personagens e tudo que geralmente compõe um jogo, a simples experiência de caminhar em NieR: Automata já é algo que transcende o comum no mundo dos video games, somente sendo possível graças a combinação entre cenários e trilha sonora, tornando a ambientação do jogo praticamente perfeita.

A primeira vez que cheguei ao parque de diversões foi onde tive a maior mistura entre medo e fascínio.

Se, ao ler esse artigo, você teve algum mínimo de curiosidade de jogar NieR: Automata, lembre-se que o game está disponível para Playstation 4, Xbox One e PC, além de Playstation 5 e Xbox Series X|S via retrocompatibilidade.

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