Original de Playstation 3 e lançado em 2010, NieR Replicant é um jogo aclamado por muitos fãs pela sua história e por seus personagens, mas talvez sua característica mais conhecida seja a trilha sonora. Composta primordialmente por Keiichi Okabe e com vocais de Emi Evans, as músicas possuem um traço marcante: suas letras foram compostas usando um idioma que não existe, o chamado Chaos Language. Vamos conhecer um pouco mais sobre essa língua e seu processo de criação.
NieR Replicant: conheça um pouco mais sobre o remaster da Square Enix
Yoko Taro e Keiichi Okabe: a ideia por trás da música
Yoko Taro é o diretor do game original e do remaster que sairá ainda este mês. No que diz respeito a trilha sonora, a ideia inicial de Taro era trabalhar com músicas que não tivessem letras compreensíveis e que não atrapalhassem a concentração do jogador, servindo apenas de pano de fundo:
“A razão pela qual optamos por essa linguagem inventada misteriosa é porque sentimos que, como música de jogo, ter letras que você pode reconhecer e entender pode distraí-lo da jogabilidade. Queríamos algo que pudesse realmente servir como música de fundo. Se você não sabe o que essas palavras misteriosas significam, não pode ser desviado.” (Yoko Taro para o Playstation Blog)
A partir dessa ideia, a trilha sonora começou a tomar forma. A produção foi feita em colaboração entre o estúdio Monaca, com Keiichi Okabe, Kakeru Ishihama e Keigo Hoashi, e a desenvolvedora Cavia, com Takafumi Nishimura. Okabe assumiu o posto de compositor principal e diretor do projeto musical como um todo.
Essa equipe só foi montada uma vez que o conceito do jogo tinha sido bem definido porém, toda a trilha sonora foi composta separada do game. Muitas vezes, o jogo era adaptado para combinar com as músicas, o que geralmente é feito ao contrário. O tema geral utilizado foi tristeza, mesmo em temas mais acelerados como em situações de batalha. É nesse cenário que entra Emi Evans.
Emi Evans e a Chaos Language
Emiko Rebecca Evans é uma cantora inglesa residente em Tóquio e vocalista de uma banda de nome freesscape. Evans já participou de outros projetos em video games antes, como em Etrian Odissey, e era conhecida do estúdio Monaca e de Okabe por ter sido considerada para participar da trilha sonora de um dos Dance Dance Revolution, apesar de ter sido rejeitada.
Okabe achou que a voz de Evans combinava mais com o tema de NieR Replicant/Gestalt e a convidou para integrar o time. Além de ter sido chamada para ser a cantora principal, Evans também foi incumbida de criar letras em um idioma fictício futurista. É aqui que nasce a Chaos Language.
Evans recebia as faixas do estúdio e escrevia letras em cima delas baseando-se em diversos idiomas. A primeira faixa que ela compôs foi a Song of the Ancients, uma mistura de alemão, húngaro, galês, japonês, francês e latim e que resultou em uma das músicas de destaque da trilha sonora. Porém, após um certo tempo seguindo essa linha de composição, Evans percebeu que todas as músicas criadas dessa forma acabavam soando iguais, então Okabe pediu para que ela seguisse apenas um idioma por música.
O processo, então, se tornou o seguinte: Okabe e todo o time musical criavam as melodias das músicas e enviavam para Evans juntamente com um idioma que eles queriam que ela seguisse. A ideia era tentar pensar em como esses idiomas soariam daqui a mil anos, para encaixar com a temática futurista. A partir dessa mistura de idiomas e de seus “envelhecimentos” surgiu a Chaos Language.
O remaster e os sentimentos por trás das músicas
Com a chegada do remaster, além do upgrade gráfico e de jogabilidade, todas as faixas originais foram regravadas, inclusive com algumas adições por parte de Okabe. Para Evans, poder regravar essas músicas foi uma alegria:
“Então, ter sido capaz de regravar todas essas músicas, que se tornaram tão queridas para mim, com total confiança graças ao amor que os fãs demonstraram ao longo dos anos, tem sido um sonho que se tornou realidade. Não acho que minha voz tenha mudado muito nos últimos dez anos, nem a maneira como me apresentava, mas desta vez eu senti tanta gratidão e amor ao gravar cada música. Espero que isso traga uma profundidade extra para a música que os fãs possam sentir também!” (Emi Evans para o Playstation Blog)
A liberdade que Okabe deu a Evans na composição das letras foi um dos passos cruciais para o sucesso da trilha sonora já que, apesar da Chaos Language ser composta apenas de sons sem sentido, o que realmente traz beleza para as músicas são os sentimentos que Evans coloca ao cantá-las, que permitem que o jogador sinta e interprete o que a música quer dizer.
Também é importante ressaltar como a ideia inicial de Yoko Taro realmente funcionou para a trilha, tornando ela um excelente pano de fundo para os jogadores, mas ao mesmo tempo permitindo que músicas sentimentais e fortes fossem criadas. E agora teremos a oportunidade de sentir novamente essas emoções no remaster.
NieR Replicant ver.1.22474487139… estará disponível em 23 de abril para Playstation 4, Xbox One e PC via Steam. Confira o mais recente gameplay divulgado do jogo.