Você viveu os videogames na década de 90? Teve um Super Nintendo? Se sim, com certeza passou dias e noites jogando algum Beat ‘em up, também conhecido como “Briga de Rua”. O artigo em questão não será uma série, nem nada, mas apenas um texto que estava pensando há muito tempo e acho que agora ele pode sair do forno.
APERTE START!
O Beat ‘em up nada mais é que um estilo de jogo “briga de rua”, onde você anda pelos cenários espancando o maior número de meliantes possíveis. Todos nós jogamos muito Final Fight, Streets of Rage, Cadillacs and Dinosaurs… A lista é imensa, principalmente se lembrarmos da Capcom, que dominou esse estilo de jogo na década de 90.
Tínhamos muito em arcades e em consoles de mesa, como o Super Nintendo ou o Mega Drive, por exemplo. Dentro do que o console conseguia suportar, é claro.
Sendo assim, conhecemos muito bem personagens de jogos briga de rua como Haggar, Cody, Guy, Mustapha, Axel e outros. Jogávamos tanto (eu, no Super Nintendo) que conhecíamos cada caminho, cada segredo escondido nos jogos. Mas e quando outras empresas querem um pedaço do bolo? É o caso da Jaleco e sua série Rushing Beat.
A Jaleco foi uma produtora de jogos fundada em 1974, e lançava jogos de arcade, tais como 64th Street: A Detective Story (Outro Beat ‘em up) e Bases Loaded (Um jogo de Baseball). Além disso, publicou outros jogos, como o conhecido Goal, do NES, também conhecido como Nintendinho. Devido a uma série de fatores, a empresa pediu falência lá para o meio de 2006, voltou com outro nome e novamente pediu falência, fechando de vez em 2009.
JALECO!
Talvez seu título mais famoso seja Rushing Beat, uma trilogia criada para o Super Nintendo, que contém os seguintes jogos:
– Rushing Beat (1992)
– Rushing Beat Ran: Fukusei Toshi (1992. O título tem uma tradução próxima de “A Cidade dos Clones”)
– Rushing Beat Shura (1993)
Rushing Beat tem a fórmula básica de todo jogo do estilo: escolha um personagem na tela e saia socando e chutando todos os vilões que aparecem no caminho. No fim da fase haverá um chefão, que normalmente tem uma energia maior que os buchas de canhão que aparecem na tela. É comum, durante a jogatina, surgir um ou outro inimigo mais forte e que demora um pouco mais de tempo para derrotar. Ele é um intermediário entre as “buchas” e o chefe.
Cópia?
O primeiro Rushing Beat, como todos os jogos do gênero briga de rua, possui uma história clichê. Rushing Beat, em especial, é praticamente uma cópia mal feita de Final Fight (ambos exclusivos de Super Nintendo), tanto na história quanto nos personagens.
Aqui temos a história de Rick Norton, um detetive que teve sua irmã raptada por uma gangue e agora parte para resgatá-la. Para ajudá-lo, temos Douglas Bild, um policial grande e forte.
Como esperado de todos os jogos do estilo, Norton é ágil, porém inflige menos dano no adversário. Já Bild é o famoso lento que bate como uma mula. Norton é indicado para jogadores iniciantes enquanto Bild é recomendado para os mais experientes.
Mesmo os jogos do gênero briga de rua sendo parecidos em vários aspectos, alguns se sobressaem. Rushing Beat, no entanto, não. Para um jogo de 1992 e em um console já “estabelecido” como o Super Nintendo, ele é muito aquém das expectativas.
Os gráficos são fracos para a época, jogabilidade travada e trilha sonora péssima. A única coisa de positivo que o jogo trouxe foi o modo Ikari (Fúria), em que o personagem, ao receber uma quantia significativa de golpes, passa a piscar e seus ataques infligem mais dano, assim como seus agarrões, (o famoso balão) que joga o inimigo para mais longe do que o normal.
Briga de Rua no Super Nintendo
Ainda em 1992, a Jaleco resolveu lançar a continuação do primeiro jogo, dando-lhe o nome de “Ran Fukusei Toshi”, ao invés do tradicional “2”.
Por ser um jogo japonês (e desconhecido), havia naquela época uma dificuldade para se achar alguns títulos ainda não lançados por aqui. Mas, ao mesmo tempo, conhecíamos certos jogos somente com o original japonês. E com Rushing Beat e outros briga de rua, não foi diferente.
Naquele tempo de infância tínhamos que nos contentar com o que aparecia. Não era como hoje, que com o advento dos emuladores, tivemos acesso a tudo. Hoje em dia você pode conhecer vários briga de rua para o Super Nintendo, por exemplo, que são desconhecidos em sua maioria.
Sendo assim, um amigo tinha essa fita, e na falta de um Final Fight (às vezes) e nem sempre dava pra ir em fliperama, jogávamos o Ran Fukusei por horas a fio. Como não sabíamos falar direito o nome do jogo, falávamos qualquer coisa, menos “Rushing Beat”.
A Cidade dos Clones
Rushing Beat Ran foi uma evolução se comparado ao primeiro jogo. Os gráficos ganharam um capricho a mais, tornando o jogo mais colorido e bonito, parecendo uma revista em quadrinhos. Quando acertamos golpes nos inimigos, aparecem onomatopeias na tela, tais como CRACK e SLAM. É genial.
A jogabilidade melhorou sensivelmente, e os personagens ganharam a função dash (Correr. Para mim, fundamental em um jogo desse estilo), que ajudava bastante em casos de perigo no jogo. Ao mesmo tempo que melhorou, é o Calcanhar de Aquiles do título. Este jogo é o único do estilo em que você pode bater no inimigo com ele estando no chão. Sim, é isso mesmo. Ao jogar um punk no chão, você pode continuar batendo que ele “automaticamente” se levanta e recebe mais dano. Mas, ao mesmo tempo, se um inimigo te pegar em turma, você leva dano de todos ao mesmo tempo.
A trilha sonora também sofreu melhorias e é a melhor dos três jogos, de longe, apesar de serem repetitivas.
As armas que encontramos no cenário, com exceção das de fogo, são praticamente inúteis se você utilizar do artifício supracitado. Elas podem ser jogadas no inimigo infinitamente, se arremessadas utilizando o L ou R. Usando este artificio, até mesmo itens de cura são armas, mesmo que causem pouco dano.
O modo Ikari voltou, melhorado.
O grande destaque do jogo são os personagens. Em vez de apenas dois, agora temos cinco personagens selecionáveis logo de cara, ao contrário de outros jogos que aumentavam o elenco com personagens secretos. E temos um NINJA! Um dos personagens selecionáveis é um ninja que usa um estiloso tênis vermelho (e uma péssima roupa verde) e uma espada pendurada ao contrário em suas costas.
Desconhecido, mas legal!
Os personagens ainda continuam naquele esquema de força. Temos o mediano, que corre numa velocidade normal e inflige dano moderado; temos o personagem extremamente ágil, mas fraco nos ataques; o cara lento, mas que bate muito… Essa variedade de personagens é boa para o fator replay do jogo, pois você quer tentar todas as possibilidades.
A história melhorou, mas nada excepcional também. Temos agora um vilão chamado Iceman, que criou um exército de clones para destruir a cidade. Os chefes do jogo são clones dos próprios personagens! E é legal isso, vai. Na tela de seleção de personagens, você sempre escolhe dois bonecos: um para se jogar, e o outro age como se fosse um parceiro (apenas para ele não ser o chefe da fase). Os outros heróis que não foram escolhidos serão os chefes.
Dica: Sempre escolha o seu personagem e o Lord J. como parceiro. É de longe o pior chefe para se enfrentar. Caso escolha o judoca como personagem jogável, aí não tem problema. Pode escolher qualquer outro para ser seu parceiro.
O jogo tem apenas cinco fases, o que te faz pensar que é curto, mas cada cenário é grande o suficiente para te fazer perder algum tempo ali. Os cenários são os mesmos para todos os personagens, só mudando os chefes.
Nostalgia?
Mesmo sendo um jogo desconhecido para a maioria, Rushing Beat Ran tem um lugar marcado para mim. Fazendo uma lista emocional dos melhores jogos do gênero, eu o coloco em segundo lugar de todos os tempos, por causa do fator nostalgia e sentimental. Mas é claro que fazendo uma lista racional, ele cairia bastante, sendo um dos últimos, talvez.
É o tipo de jogo que me faz relembrar de um tempo tranquilo, onde tínhamos poucas preocupações na vida. Me faz lembrar de como o jogo é desbalanceado, mas que mesmo assim era (e é) muito divertido de jogar. Se você procura um jogo antigo do gênero e não quer jogar os mesmos de sempre, Rushing Beat Ran é uma boa opção. Ele é facilmente encontrado. Não mencionei o terceiro pois não é necessário, apesar de ser um jogo legal. O melhorzinho dos três é o Ran.
Existem as versões ocidentais da série, mas recomendo ficar no original mesmo.
Clique aqui e confira a gameplay que eu mesmo fiz.