Star Ocean é uma clássica franquia de JRPG, tendo o seu primeiro título lançado no final da vida do SNES e se tornando um dos exemplos do quão longe era possível levar aquele hardware, a série rapidamente ganhou um espaço de destaque com o lançamento de Second Story no PS1 e Till The End of Time no PS2. Desde então, essa série que tem como principais atrações o combate de ação em tempo real e histórias que misturam ficção científica com fantasia, tem tido um ritmo de lançamento bem espaçado.

Cada Star Ocean é quase como um evento (mesmo que pequeno) para a desenvolvedora tri-Ace, tendo um lançamento mais ou menos a cada nova geração de consoles e agora chegou a vez de Star Ocean: The Divine Force.

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Premissa

Em The Divine Force temos dois protagonistas que podem ser escolhidos nos menus iniciais. Eles são: Raymond Lawrence e Laeticia Aucerius Raymond é capitão de uma nave espacial de transporte, em meio a um trabalho transportando uma carga misteriosa. Laeticia é a princesa do Reino Aucerium, que está prestes a entrar em guerra com outra nação no planeta Aster IV que ainda se encontra no quê seria a Idade Média, ignorante dos avanços tecnológicos do resto do universo.

Star Ocean: The Divine Force Os dois cruzam caminhos imediatamente no começo do jogo quando a nave de Raymond é abatida por um ataque surpresa e é forçado a escapar para Aster IV, Ray então conhece Laeticia e se vêem fazendo um acordo de benefício mútuo onde Ray tera ajuda de Laeticia para encontrar os membros da sua tripulação enquanto ajuda na jornada atual de Laeticia. 

A diferença na campanha entre os dois protagonistas se dá primeiramente a alguns pequenos momentos onde uma cutscene ou um pequeno segmento de gameplay é exclusivo de uma campanha, mas a maior diferença são nas Private Actions.

A forma principal de aprofundar o laço dos protagonistas com os membros da sua equipe é na forma de Private Actions que são pequenas conversas que você pode realizar com um membro do seu grupo nas cidades que você visita, algo muito semelhante aos skits da série Tales of.

Performance

O jogo tem uma performance bem vergonhosa no PS4. Algo bem semelhante com o quê ocorreu com outro título da publicadora, Square Enix, Stranger of Paradise: Final Fantasy Origin.

The Divine Force oferece modos de qualidade e performance no PS4, o modo qualidade aparenta ter a resolução Full HD e tem uma performance que flutua muito drasticamente em FPS, enquanto o modo performance diminui bastante a resolução e tenta manter uma taxa de quadros maior apesar de ainda não ser sólida. 

Star Ocean: The Divine Force

Contudo, nenhuma dessas duas opções é realmente a ideal. No modo performance a resolução é tão baixa que é desconfortável de se olhar para a tela, com alguns minutos de jogo você já tem uma idéia do quê seria um simulador de miopia.

No modo qualidade outro problema ganha mais nitidez, os visuais de The Divine Force são bem defasados, animações dos personagens em cutscenes são bem simplistas, as cores parecem ser desbotadas, em muitas partes do jogo parece que simplesmente está faltando alguma textura dos objetos e ainda há constante pop-in de NPCs.

Com o antecedente de Stranger of Paradise e agora Star Ocean, é difícil não supor que a Square-Enix resolveu apenas fazer um downgrade severo na versão de PS5 sem pensar na qualidade final do produto na versão de PS4. O quê é uma pena, a própria Square-Enix entregou jogos incríveis visualmente durante a vida do PS4.

Planando para o campo de batalha

The Divine Force introduz um elemento novo para a movimentação que transforma todo o level design das zonas pelas quais você pode visitar no jogo. D.U.M.A. é um algo como um robô assistente de campo e com ele você pode voar por curtas distâncias e planar.

O jogo possui zonas enormes que causam uma sensação forte de vastidão, mas também  para acomodar o uso de D.U.M.A. e poder coletar DPs (pontos D.U.M.A.) pelo mapa.

Star Ocean: The Divine Force

Poder planar pelos mapas e engajar em batalhas de forma fluída e ine ininpterrupta é de longe a coisa mais divertida de The Divine Force e mesmo quando os cenários começam a parecer repetitivos, o ritmo de exploração e engajamento em combate mantém um clima divertido.

O sistema de combate de Star Ocean: The Divine Force é bem semelhante ao de jogos passados da série e traz os mesmos “desafios” que podem ser um pouco irritantes. Os combates também tem vários fatores que garantem a sua mobilidade e versatilidade em batalha, afinal ser um action RPG é o que define a série Star Ocean no que compete a gameplay.  

Action RPG

Todas as ações de combate custam pontos de ação, ou AP. Sendo 5 AP sua quantidade inicial e podendo ganhar mais AP ao cumprir certos critérios durante as lutas e perdendo AP caso você seja atingido.

Cada ação tem um custo em AP e ele se regenera após alguns segundos sem nenhuma ação. O sistema de AP ajuda a manter bem claro que Star Ocean ainda é primeiramente um RPG apesar de ser de um RPG de ação.

D.U.M.A também é incorporado no combate, funcionando tanto como uma corrida rápida até o inimigo, escudo e também o que permite acionar a mecânica de Blindside em Divine Force.

Assim como em jogos da série Tales of, Star Ocean: The Divine Force também oferece 3 botões com sequências de ações customizáveis, permitindo ao jogador a organizar livremente a sequência de ataques que cada botão vai possuir ou a ação especial caso o botão seja segurado. 

O jogo oferece sistemas de upgrades ao D.U.M.A. para facilitar sua habilidade de navegar os mapas e também gerenciar melhor a sua barra utilizada para as corridas em meio ao combate.

Também há uma árvore de habilidades individual a cada personagem onde você pode comprar buffs permanentes a status, habilidades passivas, novos ataques e também aumentar o nível de cada habilidade.

Um pouco mais Action que antes

O combate em si parece algo bem mais completo do que em jogos anteriores. Cada personagem possui um arsenal extenso de diferentes ataques, todos eles seguindo algum tema que aos poucos vai formando a identidade de gameplay daquele personagem. 

Por exemplo, Laeticia, uma das protagonistas do jogo, tira o máximo de proveito dos seus buffs elementais utilizando ataques que acertam diversas vezes o inimigo. Albaird utiliza grandes ataques a distância que permanecem por muito tempo na tela para poder utilizar suas magias que tem um grande tempo de preparo.

Aqui também fica a menção honrosa à Nina, a curandeira do grupo, que não tem a capacidade de causar dano direcionado aos inimigos e possui um conjunto de habilidades que curam, fortalece, ergue barreiras e até mesmo desloca aliados no campo de batalha, oferecendo uma dinâmica completamente única ao jogo. Só é uma pena não poder depender da inteligência artificial para causar dano pois Nina é de longe um dos curandeiros mais divertidos de jogar de todos os tempos e seria muito divertido poder jogar apenas com ela.

A parte irritante desse sistema que foi citada anteriormente é que pode ser extremamente frustrante como lutas contra chefes podem ter um efeito bola de neve muito forte. Ser atingido reduz o seu AP total e golpes de chefes frequentemente acertam mais de uma vez. Em um piscar de olhos você pode sair de 15 para 5 AP e chefes oferecem menos oportunidades para cumprir ações que geram mais AP.

Lutas de chefes frequentemente me passaram uma sensação de algo injusto, mas com o tempo e algumas tentativas a mais, é possível se adequar ao ritmo de recursos limitados e lidar melhor com cada encontro e aos poucos conseguir a vitória.

The Divine Force também introduz um minigame especial muito na vibe do que foi o Triple Triad em FFVIII ou Gwent em The Witcher 3. O minigame em questão é chamado de Es’owa e consiste em colocar peças em um tabuleiro que vão atacar o HP do seu oponente e também formar estratégia para impedir o avanço de peças inimigas mandando elas para o cemitério.

As músicas da série Star Ocean são sempre muito cheias de energia e não é diferente em The Divine Force, a música de batalha inclusive parece ter mais energia do quê melodia. As músicas ambiente das áreas pelas quais você viaja e das cidades que acabam tendo um maior destaque aqui por serem bem competentes na sua função.

The Divine Force infelizmente não possui dublagem ou legendas em português brasileiro. O jogo também oferece uma grande variedade de opções de preferência, porém nenhuma delas é direcionada à acessibilidade para PCD.

Veredito

A série Star Ocean é uma pérola entre os JRPGs e The Divine Force continua esse legado. A movimentação e combate estão refinados comparado a última iteração da série, mas o roteiro e personagens ainda são tão desnecessariamente convolutos e extensos quanto os de jogos anteriores. The Divine Force é bem longo e além dos conteúdos extras, poder escolher entre dois protagonistas aumenta o valor de rejogabilidade. 

Há um certo charme no design dos personagens e em como a história realmente toma o tempo de cobrir várias pequenas instâncias em um avanço bem lento. Faz o jogo parecer um artefato vindo direto da era do PS2 em como seus eventos são conduzidos. 

The Divine Force é uma pérola que talvez não agrade a todos, seja com suas dificuldades técnicas ou com o ritmo da história, mas ele ainda faz por merecer seu espaço no nicho de jogos da série Star Ocean.

Star Ocean: The Divine Force já está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series e PC.

*Chave para review cedida por: Square Enix

REVER GERAL
Enredo
Direção
Trilha Sonora
Jogabilidade
Design
star-ocean-the-divine-force-criticaThe Divine Force é uma pérola que talvez não agrade a todos, ele é claramente um jogo da era o PS2 transportado para os dias de hoje. A movimentação e combate estão refinados comparado a última iteração da série, mas o roteiro e personagens são tão desnecessariamente convolutos e extensos quanto os de jogos daquela era. Há um certo charme no jogo por causa disso, mas pode não ser algo muito tragável para um público mais moderno que não conheça a franquia ou esteja acostumado com outros jogos daquela era.