Disponível desde a última semana de setembro, a demonstração gratuita de Voice of Cards: The Isle Dragon Roars apresenta uma pequena sessão de pouco mais de uma hora de conteúdo do novo jogo da Square Enix.

O game é desenvolvido pela mesma equipe responsável pelos jogos da série Drakengard/NieR e conta com Yoko Taro como diretor criativo, Yosuke Saito como produtor, Keiichi Okabe como diretor de trilha sonora e Kimihiko Fujisaka como designer de personagens. Apesar de seu envolvimento, Taro já deixou claro que Voice of Cards não faz parte do Universo NieR, funcionando como um jogo próprio.

O que Voice of Cards é de fato é um RPG de tabuleiro localizado em um mundo de fantasia com espadas e feitiçarias construído completamente ao redor de cartas. A demonstração é um prólogo da história principal do game e acompanha três membros da chamada Ivory Order – Wynifred, Berwyn e Heddwyn – em uma curta aventura para recuperar o tesouro real a pedido da Rainha daquela terra, chamada Nilla.

Vamos conferir, então, os detalhes dessa demonstração e entender o que podemos esperar de Voice of Cards: The Isle Dragon Roars.

Uma estrutura peculiar

Quando a equipe descreve o game como um “RPG de tabuleiro feito de cartas“, eles dizem isso literalmente: tudo nesse jogo é feito de cartas, desde o próprio tabuleiro, até os personagens, combate, itens, etc.

O jogador é representado por um peão que sempre está no centro da tela e é guiado pelo narrador, que na versão japonesa (a jogada para esse artigo) é interpretado por Hiroki Yasumoto, conhecido dos fãs de NieR por interpretar Grimoire Weiss em Replicant e Pod 042 em Automata.

O narrador nos apresenta a história da demo: três membros da chamada Ivory Order, uma organização que se diz responsável pelo bem estar do mundo, respondem a convocação da Rainha Nilla. Wynifred, Berwyn e Heddwyn devem investigar o roubo do tesouro real, um frasco que contém um remédio muito importante para a Rainha e, por consequência, para o reino.

A conversa que apresenta esse plot é feita através de cartas, como em um jogo de tabuleiro, com as falas de cada personagens escritas em cada carta. Os próprios personagens e o cenário do castelo são representados por cartas, o que, em teoria, tornaria o jogo um tanto tedioso – mas não é bem o caso.

Voice of Cards: The Isle Dragon Roars
O tabuleiro e todos os elementos do jogo são formados por cartas.

Um RPG de turnos

Apesar das aparências, Voice of Cards é, essencialmente, um RPG de combate em turnos. Os elementos clássicos de RPG estão todos aqui: exploração, equipamentos, itens, NPC que ajudam a progressão da história, níveis para os personagens, e, principalmente, o combate em turnos.

Durante as batalhas (que acontecem de forma aleatória enquanto o jogador está se movimentando pelo mapa), os personagens são representados como cartas em uma mesa. Os ataques e os itens também são cartas mas, apesar disso, o combate é igual a qualquer outro RPG como os Final Fantasy ou Dragon Quest de antigamente.

Há uma pequena variedade de inimigos – cerca de 7 ou 8 tipos diferentes – que são incrivelmente fáceis de enfrentar, muito porque a área disponível na demo é apenas um prólogo que se passa em uma parte inicial do jogo final. Os ataques dos personagens da sua equipe variam entre magias e ataques físicos: alguns desses ataques consomem cristais que o jogador ganha a cada início de rodada.

Outro aspecto muito interessante do combate é o uso de d20 – dados de 20 lados usados principalmente em RPG de mesa – em alguns ataques, que funcionam como multiplicadores de danos desses ataques. Muitos desses golpes especiais também infligem danos especiais, como congelamento, que afetam os inimigos durante determinado período de turnos.

Por essa semelhança com o combate “normal” de outros RPG, enfrentar inimigos em Voice of Cards é muito satisfatório e, com uma lógica própria bem solidificada, também se torna bastante divertido.

Voice of Cards: The Isle Dragon Roars
O combate acontece em turnos e tem diferentes golpes, assim como um RPG comum – a diferença está apenas na apresentação.

Design e trilha sonora

Por ser um jogo baseado em cartas, o design de personagens e cenários são estáticos, mas nem por isso ruins. Kimihiko Fujisaka, também conhecido da comunidade por ter trabalha nos designs de Drakengard 3, faz um excelente trabalho com os personagens de Voice of Cards.

Cada carta é incrivelmente bem detalhada e é possível enxergar como esses personagens se comportariam caso eles se movessem. Aproveitando o trabalho “menor” em relação a quantidade de sprites, Fujisaka conseguiu exprimir tanta qualidade quanto esperado de seus trabalhos.

Os cenários, apesar de simples, também passam a sensação de que um jogo está, de fato, se movimentando na sua frente, ao invés de serem apenas cartas paradas. O trabalho de toda a equipe instiga muito a imaginação do jogador, algo que é a principal característica de jogos de mesa.

No que diz respeito a trilha sonora, Keiichi Okabe e o estúdio Monaca fazem, mais uma vez, um trabalho magistral. O jogo tem, majoritariamente, temas instrumentais ao longo da história. O tema principal da demo, que é tocado ao final da quase uma hora de jogo, é cantado por Emi Evans, criadora da Chaos Language e amplamente conhecida por suas performances fenomenais em Replicant e Automata.

Voice of Cards: The Isle Dragon Roars
Os personagens e os cenários são muito bem trabalhados.

Veredito e expectativas

A demonstração de Voice of Cards dá uma amostra do grande jogo que vem aí: a história se mostra muito intrigante – principalmente pela falta de informações reveladas até o momento – mas, pela demo, notamos que a qualidade da escrita de Yoko Taro e sua equipe continua altíssima, então podemos esperar grandes coisas desse título.

A qualidade do trabalho da equipe de desenvolvimento do game é visível, nos entregando uma demo interessante e que trabalha bem o terreno para a chegada do jogo completo no final de outubro.

O jogo pode ser um pouco frustrante para quem não tem vivência com jogo de cartas ou simplesmente não costuma gostar desse gênero. Apesar de ser um RPG, as cartas são muito importantes para a jogabilidade, então, caso você tenha interesse no game mas não sabe como se sente em relação as cartas, a demonstração é uma excelente oportunidade de descobrir: com um pouco mais de uma hora, nela o jogador entende como o jogo final será construído tanto em questões de jogabilidade quanto em enredo – e, ainda por cima, ela é gratuita.

Voice of Cards: The Isle Dragon Roars estará disponível a partir de 28 de outubro para Playstation 4, Nintendo Switch e PC via Steam. A demonstração está disponível gratuitamente para as mesmas plataformas.