A Brasil Game Show 2023 contou com alguns dos grandes nomes da indústria de jogos, dentre pessoas e empresas. Para engrandecer ainda mais o evento, a Square Enix trouxe para o Brasil Naoki Yoshida, produtor de Final Fantasy XIV e XVI; e Koji Fox, supervisor de localização da Square e fortemente envolvido com a franquia.
O Megascópio teve a oportunidade de conversar com dupla não só sobre Final Fantasy XIV e XVI, mas também sobre vários tópicos importantes envolvendo estes games, como localização, acessibilidade e representatividade.
Se tratando de um dos pilares da nossa equipe, as mecânicas de acessibilidade foram um dos temas centrais da conversa. De acordo com Yoshida, o conceito de acessibilidade se encaixa com a filosofia que a equipe de Final Fantasy XIV tem para o jogo:
“… um dos nossos principais conceitos com Final Fantasy XIV é que queremos que o maior número possível de pessoas ao redor do mundo jogue este jogo, queremos fazê-lo acessível para o maior número possível de jogadores.”
Isto é traduzido, por exemplo, em elementos da interface do game, que se adapta para diferentes tipos de daltonismo, sendo possível personalizar cores e fazer alterações na tela inteira de uma só vez para que os jogadores tenham uma experiência ideal para cada um.
Yoshida destaca que essa experiência com XIV também é benéfica para Final Fantasy XVI, que continuamente recebe atualizações com recursos de personalização de interface e controles, com o intuito de torná-lo tão personalizável quanto possível. As ambições da equipe de desenvolvimento da franquia são grandes:
“Continuaremos fazendo isso mesmo além de Final Fantasy XVI, queremos ser conhecidos como aqueles, pelo menos entre os desenvolvedores no Japão, que trabalham mais arduamente em acessibilidade.”
À medida que os jogos da franquia alcançam mais pessoas, o tema de localização passa a ganhar força entre os jogadores, como vem sendo o caso de Final Fantasy XIV no Brasil. Yoshida e Koji explicam que a situação não é exatamente simples, e que o game conta com equipes especializadas nos idiomas disponíveis no jogo dentro da própria Square Enix, facilitando o processo de localização do jogo do japonês para o inglês, francês e alemão.
A empresa não tem esse mesmo tipo de equipe para português brasileiro, e isso seria necessário pois FFXIV é um jogo contínuo e suas traduções precisam ser feitas simultaneamente ao lançamento de cada conteúdo – porém, a esperança ainda existe. Yoshida e Koji, ainda que em tom de brincadeira, chamam os fãs brasileiros do game para talvez tirar esse projeto do papel:
“… se houver alguém por aí que seja realmente muito bom em japonês e muito bom em português brasileiro e queira vir morar no Japão e trabalhar na Square Enix, podemos criar uma equipe, e é aí que começamos a fazer a tradução.”
Alcançar mais jogadores também significa trabalhar com uma gama maior de representatividade, algo que ficou claro em Final Fantasy XVI, game que retratou abertamente um casal de personagens gays. Yoshida explica que, apesar dessa quebra de barreiras, esses novos aspectos não foram pensados como forma de desafiar algum tipo de “normalidade” nos jogos, se tratando só de uma representação natural de mundo:
“Para nós, não era sair do nosso caminho para fazer algo que não fosse natural, era apenas algo que parecia natural e se encaixava na história que queríamos contar. Não abordamos isso de nenhuma maneira especial, apenas fizemos o que parecia natural.”
Essa também não é a primeira vez que a equipe trabalha formas de inclusão e representatividade em seus games: em Final Fantasy XIV, o Eternal Bonding – que é a forma como personagens se casam no game – não tem nenhum tipo de restrição quanto a raça ou gênero. Se trata, então, só de uma “progressão natural das coisas”, nas palavras de Koji Fox.
Você pode conferir nossa entrevista completa com Yoshida e Koji Fox no canal d’O Megascópio no Youtube, disponível com legendas em português.