Frank Miller criou um universo a parte para o Homem Morcego com a linha de história “O Cavaleiro das Trevas”. O primeiro, lançado em 1986, pode ser considerado um marco nos quadrinhos  e trouxe uma história de alto nível e marcante. Posteriormente foram lançados O Retorno do Cavaleiros das Trevas e  Cavaleiros das Trevas 3 – Raça Superior com grande impacto mas bem mais diluído do que o primeiro. Assim, chegamos a 2020 com o lançamento de Cavaleiro das Trevas: A Criança Dourada que é one shot, publicado no Brasil pela Panini Comics e se passa no mesmo universo das histórias da linha.   

A história

Em Criança Dourada temos temos Frank Miller (sin City, Demolidor, 300) no roteiro com arte e colorização de Rafael Grampá e Jordie Bellaire, respectivamente. Grampá emula bem o desenho de Miller, deixando mais claro e nítido o que está acontecendo quando comparado com os desenhos do auto apresentado nos shots que acompanhavam Raça Superior. As cores também estão bem aplicadas e remetem ao universo estabelecido nas demais histórias, porém menos sombrias pelas cores com tons mais claros.

Um ponto delicado da hq é o seu roteiro. Ele apresenta elementos interessantes, porém assume que o leitor conhece todos os acontecimentos de Raça Superior já considerando uma passagem de tempo. No foco da narrativa são colocadas as personagens Lara e John, ambos filhos do casal Superman e Mulher Maravilha,  e apresentam características contrastantes. Lara continua chata e desacreditada da raça humana, enquanto que John mesmo com uma aparência apática é mais otimista, assim como o seu pai.

Criança dourada

No foco do conflito temos um contexto político que envolve eleições e o uso de redes sociais. Inclusive é explicito referencias ao presidente do Brasil – citado como JM Bozo – e ao presidente americano Donald Trump. A hq coloca do lado autoritário, apoiando Trump, os personagens Coringa e Dark Side que aparentemente mudaram sua ideias em relação a domínio, assim, fazendo uso da política.

Mesmo com uma premissa interessante e atual a hq se destaca pela arte e crítica, pois o desenvolvimento de enredo não é seu forte. Os acontecimentos se desenvolvem de forma rápida e seu final é incompleto, por mais que deixe a entender o que irá acontecer.    

Veredito

É compreensível que Cavaleiro das Trevas –  A Criança Dourada  seja acelerada pela quantidade de páginas que apresenta e pela proposta de apresentar um recorte do universo de Cavaleiro das Trevas. Porém o roteiro deixou bastante a desejar, ainda mais quando se pensa em trabalhos anteriores de Frank Miller. A obra deixa uma forte impressão de que se não fosse escrita por quem é seria facilmente esquecida.

Dito isso fica a questão, vale a pena a leitura? Caso você seja um leitor assíduo de Batman e deseja ter um gostinhos a mais  deste universo a resposta é sim. Mas se essa for sua primeira leitura de Cavaleiro da Trevas é muito melhor recorrer aos antigos, principalmente Cavaleiro das Trevas – Raça Superior para compreender melhor os elementos apresentados. A publicação nacional está com uma ótima qualidade e acabamento.

NOTA: 2.5/5