Nesse filme de 2019 de 116 minutos que conta com a direção e roteiro de Mira Fornay nós acompanhamos um dia na vida de Jaroslav, um belo e aparentemente bem-humorado filho, pai e marido. Tímido motorista de ambulância, ele tem um relacionamento complexo com a esposa, Blanka, que usa os três filhos do casal como chantagem para conseguir o que quer.
A Trama
O protagonista, por sua vez, esconde que tem ciúmes patológicos de Blanka e pavor de que ela o abandone com os três filhos. Várias versões sobre como Jaroslav tenta salvar seu casamento são engenhosamente contadas e desdobradas na narrativa, em que papéis e a dinâmica de poder são invertidos, sempre culminando em muito sangue e louças quebradas.
Nesse drama perturbador conferimos o absurdo que é a violência doméstica pela perspectiva do agressor. Ao longo do filme temos uma série complicada de acontecimentos que conectam os outros eventos para que ocorram na ordem certa. O longa se apresenta bastante desafiador de se assistir, não só pelo fato do bloqueio de atuação, mas também por ilustrar o ponto da violência doméstica e o comportamento agressivo em ciclo, que nem sempre é explicitamente violento.
Um ponto interessante que o filme ressalta é que esse tipo de comportamento é passado para os filhos durante esse relacionamento, ou seja, a estrutura reflete diretamente nesse ciclo e podemos conferir isso nas cenas revisitadas ao longo do filme. A estrutura para transmitir a mensagem infelizmente ficou um pouco confusa, o que dificulta o espectador a receber o impacto total da trama.
Veredito
No longa podemos observar um loop enorme de violência em cada local, principalmente a ilustração do ponto da violência doméstica como um comportamento agressivo e um cliclo difícil de se escapar. No longa também nos deparamos com um coro de mulheres locais que falam em uníssono, e sempre aparecem em diversos pontos. Elas -apesar de exagerado muitas das vezes- representam os olhos da sociedade, sempre lá prontos para julgar e nunca ajudar.
O longa aborda um tópico de extrema importância com muita responsabilidade, porém a forma de narrativa torna um pouco difícil de acompanhar. O longa está fazendo parte da 44ª mostra.
