Bloodborne: The Healing Thirst foi lançado em 2019, sendo publicado pela Titan Comics em quatro edições no formato mensal. Sua equipe criativa traz os mesmos nomes de “The Death of Sleep”, com Ales Kot e conta com artes e cores de Piort Kowalski, Brad Simpson e Kevin Enhart.
Em sua narrativa, acompanhamos os personagens Alfredius, um cientista que está estudando a doença que assola a cidade, e o Padre Clement, que serve a Igreja da Cura. Se conhecendo em uma situação inusitada, e pertencente a espectros ideológicos opostos, é desenvolvida uma amizade sincera entre eles. Inclusive, fazendo com que seus propósitos entrem em convergência e se ajudem mutuamente.
Logo nas primeiras páginas da história, já vemos Alfredius investigando um corpo de um cidadão que foi tomado pela “Ashen Blood” (ou sangue cinzento em tradução livre), quando têm sua investigação interrompida por dois caçadores. A doença tinha sua disseminação ocorrendo de forma misteriosa e além de ser letal, também trazia mutações aos que sofriam dela no seu estágio terminal.
Por parte de Clement, é mostrada sua presença em um ritual junto de seus pares, como a punição de um herege da Igreja da Cura. Questionando o que ele está vendo, métodos utilizados e origem da doença, ele também busca cada vez mais informações. O que leva a seu encontro não programado com Alfredius na região dos adultos d’água da cidade.
A partir deste ponto se desenvolve as investigações e ajudas que cada um pode dar ao outro por serem de áreas diferentes. Enquanto o cientista usa o que foi descoberto com suas análises, o padre pertence a um ambiente que tem informação e recursos para ajudar na cura.
Um ponto bem interessante no quadrinho é a forma de comunicação utilizada. Isso porque, além dos diálogos, cada personagem anota para si (e consequentemente para o leitor) suas impressões e conclusões dos fatos. Assim, diversas páginas são apresentadas como bilhetes, trazendo uma leitura um pouco mais pesada, mas destacando o tom investigativo que a narrativa propõe.
Como consequência, diversas explicações são apresentadas de forma mais clara, o que reforça a intenção da narrativa sem ser expositiva demais e traz uma sensação de descoberta compartilhada entre personagem e leitor.
Veredito
Bloodborne: The Healing Thirst tem um roteiro interessante e apresenta personagens inéditos com motivações bastante convincentes. A história tem um bom andamento com seu foco investigativo, assim, mesmo sem ação, consegue transmitir um ar pesado com acontecimentos marcantes.
Por se passar em um tempo anterior a “The Death of Sleep”, vemos uma Yharnam ainda com traços de controle, mesmo que sejam em seus limites. Ponto que se torna bastante relevante para entendermos de forma cronológica como a doença se espalhou, completando lacunas narrativas que o primeiro quadrinho deixa propositalmente ao focar mais em sua ação.
Dito isso, Bloodborne: The Healing Thirst tem uma arte bonita e sinistra na medida certa, conseguindo alcançar um público maior do que o quadrinho anteriormente publicado pelas situações e explicações apresentadas. Assim, pode ser uma leitura curiosa, divertida e explicativa para leitores com diferentes níveis de conhecimento deste universo.