Com lançamento previsto para 5 de outubro, Assassin’s Creed Mirage, desenvolvido pela Ubisoft Bordeaux e distribuído pela Ubisoft, chega para as plataformas Xbox Series X|S, Xbox One, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC.
O game também estará disponível day one para os assinantes do Ubisoft Plus. Se a trinca Origins, Odissey e Valhalla foca no RPG, Mirage retoma elementos já conhecidos dos primórdios com gameplay mais tática.
Narrativa
Independentemente do foco da gameplay, é uma assinatura da franquia Assassin ‘s Creed colocar um contexto histórico como um plano de fundo em sua narrativa, muitas vezes proporcionando encontros com figuras que existiram, como ocorre em Assassin’ s Creed Unity.
Em Mirage não é diferente, pois o game se passa na cidade de Bagdá no auge da era de ouro. Este período também ficou conhecido como o Renascimento Islâmico que é datado entre os séculos VII e XIII.
Dentro deste período, o game se passa em 861, 9 séculos após Origins e traz como protagonista Basim, um ladrão de rua que acaba se tornando um dos membros dos Assassinos. Retomando as origens, na época em que o game se passa, os Ocultos são carregados de um alto grau de mistério. Para os fãs da franquia, Basim pode ser um velho conhecido, já que fez uma participação no título anterior, Assassin ‘s Creed Valhalla.
É um deleite voltar à cenários mais próximos dos primeiros jogos da franquia, ainda mais com uma história consistente e bastante direta. Por mais que haja atividades extras, essas não são o foco e a história principal consegue fornecer uma experiência divertida ao explorar a organização e envolvimento político dos Ocultos.
Gameplay
Em relação a sua gameplay, Mirage resgata elementos básicos da origem da franquia e apresenta um nível de ação mais contido em relação aos jogos anteriores. Inclusive, trazendo um personagem com uma movimentação mais pesada e lutas físicas baseadas em bloqueio e esquiva, que no modo normal não apresentam grande dificuldade, à não ser pela quantidade de guardas que podem aparecer.
A melhoria nas “perseguições” também chama a atenção, porém a busca não toma como base as rotas dos inimigos ou olhares mais atentos. Quando procurado, Basim tem cartazes espalhados pela cidade, assim, para reduzir a busca e andar livremente é preciso remover os cartazes. Caso contrário, a própria população pode chamar os guardas.
Entre os elementos que retornaram à Assassin’s Creed Mirage está o aspecto mais stealth das abordagens. Se no combate corpo a corpo os guardas aparecem em grande quantidade e isto acaba sendo o desafio, abordagens stealth ganham um brilho maior ao voltar com recursos como se esconder na multidão e escutar conversas para obter informações. Também foi adicionada uma nova habilidade que permite o planejamento de rotas de ataques e possibilitando eliminar múltiplos inimigos.
Os itens de assassinos são interessantes e servem para o propósito de ataques stealth e fugas de forma eficiente. Com exceção das tochas, as bombas, o lançador de dardos, facas de arremesso e demais itens, podem ser melhorados de forma significativa, ficando significativamente mais fortes.
Por exemplo, as facas de arremesso que com os upgrades iniciais podem aumentar em quantidade e dano, mas com mais melhorias podem causar envenenamento e danos corrosivos.
Outro aspecto fundamental do game é a volta das mecânicas de parkour. Se mesclando as escaladas à mecânica de derrubar andaimes para atrapalhar os inimigos, traz novas possibilidades para fuga.
A movimentação de Basim está mais “pesada”, mas com maior precisão e responsividade dos comandos. De forma geral, combinando bem, em quesito de gameplay e visual, com a proposta do novo título da franquia.
Modo de progressão e Mapa
O enfoque na campanha single player e progressão linear também tem um impacto direto na escolha de missões e evolução do personagem. Enquanto que no formato RPG era favorecido missões secundárias para ganhos de experiência e evolução para fortalecer o protagonista em missões principais baseadas em níveis, o novo título concentra o ganho de pontos principalmente nas missões principais e de forma desvinculada a nível numérico.
As missões secundárias também estão presentes, combinam com a narrativa principal e com o passado do personagem, como é o caso das missões de roubo. Tal vínculo traz uma coerência maior e promove uma justificativa plausível para a exploração do mapa como um todo.
Falando do mapa, ele aparenta ser maior do que ele realmente é, pois sua exploração vertical é bem utilizada e conta com muitas regiões densas com muitas construções. Os biomas são variados e fidedignos nas diferentes regiões em que se passa a história e não são enjoativos, por mais que repetimos alguns trajetos várias vezes.
Os caçadores de conquista podem se preparar! O game apresenta coletáveis, locais históricos e diversos pontos para serem sincronizados. Neste aspecto, a abordagem também remete aos primeiros jogos da franquia.
Visual
Visualmente o jogo está muito bonito, com gráficos polidos, efeitos de água, luz e sombra bem elaborados detalhadamente. As cidades apresentam designs interessantes nas suas caracterizações, o que sem dúvida é um fator muito importante para a imersão do jogador.
Alguns bugs foram encontrados durante a gameplay. Entre eles estão problemas de colisão, que são comuns em jogos com muitos elementos e não apresentaram impactos significativos no desempenho do jogo. Entretanto, em uma ou outra situação ocorreu a não ativação de diálogos com NPCs, principalmente mercadores, sendo resolvido recarregando o jogo no checkpoint mais próximo.
Acessibilidade
Em relação a questão de acessibilidade, o game traz opções básicas para adaptações. É possível realizar o mapeamento de controle, alteração no padrão de cores e ajuste de dificuldades. Considerando que tais fatores presentes simultaneamente com legendas em português do Brasil e dublagem, o game versátil a diferentes públicos. Por exemplo, para pessoas com fotos sensibilidade e limitações motoras.
A dublagem do game está bem feita e combinando as vozes escolhidas para os respectivos personagens. Levando em conta a grande quantidade de jogadores no Brasil, é interessante ver cada vez mais a chegada de títulos grandes na língua nativa. Ajudando não só na questão de acessibilidade, já comentada anteriormente, mas também mostrando a atenção e entendimento do mercado no qual atua.
Veredito
Assassin’s Creed Mirage retoma de forma competente a franquia ao resgatar elementos icónicos dos primeiros jogos ao saber atualizar mecânicas de combate e stealth para o padrão atual. Sua história é interessante, seus visuais são bonitos e a maioria dos bugs encontrados foram visuais.
Mas vale a pena? Sim! O título não tenta reinventar a roda e aposta suas fichas no seguro. Para jogadores mais antigos e que acompanharam a evolução do game, provavelmente não terão nenhuma surpresa muito grande. Já os jogadores que iniciaram suas jornadas no formato focado em RPG, será uma mudança considerável. O que importa é que Assassin’s Creed Mirage é divertido e cumpre o que promete.
*Chave cedida pela Ubisoft para PlayStation 5