Produzido pela TOEI Animation, Digimon Adventure 02: O Início é o novo longa da franquia Digimon que chegará aos cinemas em 30 de novembro.
Trazendo a equipe de Digimon 02 para os holofotes, a história do longa é uma continuação de Digimon Adventure: Last Evolution Kizuna, filme de 2020 que acompanha as crianças da primeira série.
A convite da Paris Filmes, a equipe d’O Megascópio pôde conferir o novo longa na íntegra com antecedência – confira o que achamos abaixo. Atenção a pequenos spoilers.
Um ovo em Tóquio: enredo e premissa
O enredo do filme gira em torno da aparição de um enorme digitama, um ovo de digimon, logo acima da famosa torre de Tóquio. Junto deste digitama, mensagens estranhas começaram a ser transmitidas para as telas das pessoas, dizendo que todos deveriam ter um digimon.
Aqui vemos como andam as vidas dos digiescolhidos de Digimon 02: Davis e Veemon trabalham em uma loja de lámen, Ken e Wormmon estão na faculdade, Cody e Armadillomon trabalham em um escritório, Kari e Tailmon trabalham em uma escola, Yolei e Hawkmon viajam o mundo lidando com digimons, e TK e Patamon vivem a boa vida.
Esse início de filme também mostra o que aconteceu com algumas crianças da primeira série após os eventos de Last Kizuna, com Tai trabalhando para o governo japonês e Izzy sendo o maior especialista em digimons no mundo.
O último personagem apresentado é Lui Ohwada, nova adição ao elenco de digiescolhidos e que afirma ter sido a primeira pessoa do mundo a ter um parceiro digimon. Aqui o longa tenta abrir um precedente de eventos que mexem com o cânone da franquia, colocando Lui e seu parceiro Ukkomon como o motivo pelo qual humanos e digimons conseguem se conectar.
Puella Magi Madoka Digimon: esteja em dia com a história
Diferente do que costuma ser o padrão da franquia, O Início faz questão de ser desconfortável: o passado de Lui é o tema principal do filme, mostrando cenas de abuso parental, manipulação, mutilação e, presumidamente, mortes. Muito do centro do filme pode sim ser motivo de gatilho, portanto cuidado é recomendado – caso você esteja familiarizado com Puella Magi Madoka Magica e o personagem Kyubey, vai entender qual é o papel de Ukkomon no longa.
A presença de Ukkomon no filme, além de gerar momentos no mínimo desconfortáveis, também mostra que a produção espera que os espectadores estejam em dia com a lore de Digimon para tentar entender completamente o que se passa por trás dos panos do longa, principalmente sobre a função dos digivices, sobre Ukkomon e da própria relação entre humanos e digimons.
Mesmo assim, ainda é possível apreciar o filme sem prestar atenção nas suas implicações para a franquia: o longa aborda seus temas, especialmente na questão da família de Lui, de forma bastante madura, também deixando refletir que a franquia cresceu junto com seu público. Se trata de uma resolução de problemática digna de um drama hollywoodiano, mesmo que seja feita de forma rápida demais.
Não dá para fazer um lámen tão rápido assim
Esse, provavelmente, é o maior problema do filme: com cerca de 1h20 de duração, tudo acabado sendo resolvido rápido demais. Em um minuto, por exemplo, Lui está decidido que Ukkomon é o problema, e no minuto seguinte, tudo mudou e ele está pronto para ouvir o digimon.
Diferente de Kizuna, O Início passa muito tempo apresentado as problemáticas envolvendo Lui e tudo que aconteceu em sua vida através de flashbacks, sobrando poucos minutos para realmente entender o que os personagens pensam e chegar em uma resolução.
Outro exemplo disso é quando, em dado momento mais para o final do filme, os digiescolhidos discutem sobre o que tudo que está acontecendo significa para suas relações com seus digimons. Algo tão importante para eles, que é grande parte de quem eles são e que geraram diversas experiências, envolvendo também pessoas do mundo inteiro, é discutido e resolvido em dois minutos de cena.
Isso não anula, por exemplo, a qualidade da resolução das problemáticas envolvendo Lui, como dissemos antes, e também não invalida as coisas que são ditas pelos personagens ao longo do filme, mas definitivamente torna tudo bem menos impactante do que poderia e deveria ser.
Vale a pena assistir?
Sim, vale. Mesmo não sendo tão bom quanto Kizuna foi, O Início ainda assim mantém uma história de qualidade e que pode ser bem aproveitada pelo público. Sua ideia é uma extensão do que é o filme de 2020, dando continuidade ao tema de se comunicar com as pessoas que são importantes e aceitar o crescimento que a vida impõe sem realmente perder de vista quem você é.
É importante ressaltar que não é bom esperar que o longa foque nas crianças da equipe de 02: os protagonistas do filme são, claramente, Lui e seu parceiro Ukkomon, com Davis e companhia servindo como personagens de apoio para a exposição e resolução do problema apresentado no filme – e isso não é ruim, visto que os novos personagens são interessantes, mesmo com o pouco tempo que temos para conhecê-los.
Os visuais são bons, mas nada de grande destaque – o uso da animação 3D em Imperaldramon e na aparição gigante de Ukkomon são um pouco estranhos, destoando do restante do cenário e personagens, mas nada que atrapalhe a experiência.
Já a trilha sonora continua tão incrível quanto sempre foi: o início com o Bolero de Ravel é capaz de arrepiar qualquer fã de Digimon, assim como os temas de digievolução Target e Beat Hit.
Destacamos também a dublagem em PTBR do filme, que conta com boa parte do elenco original da série de 02: algumas falas acabam soando um pouco fora de sintonia com as cenas apresentadas, mas não chega a ser um verdadeiro problema. Grande destaque para Adriana Torres e Marcelo Sandryni, que interpretam Yolei e Hawkmon de forma primorosa, tendo facilmente algumas das melhoras falas do filme.
Deixamos, então, a seguinte reflexão: assim como Kizuna, O Início pode servir como uma conclusão para as crianças e para o público, mas também como o começo de uma nova página para apreciar as coisas novas que a franquia Digimon ainda pode produzir.
Digimon Adventure 02: O Início chega aos cinemas brasileiros em 30 de novembro, com dublagem e legendas em português-brasileiro.
*Screener recebido via Espaço/Z