Que tal explorar as terras geladas do Alaska em meio a ameaças características da literatura de H.P Lovecraft e seu horror cósmico? Bom, essa é a proposta de Edge of Sanity, desenvolvido pela Vixa Games e publicado pela Deadalic Enterteinment para Xbox Series, PlayStation 5 e PC (via Steam).

Lançado em 13 de setembro, o game – que utiliza uma câmera 2D para a navegação – se mostra instigante e provocativo ao mesclar terror, exploração e gerenciamento. Dito isso, você resistiria a loucura neste ambiente inóspito?

Em meio ao gelo

Se passando no Alaska, Edge of Sanity apresenta como protagonista um funcionário de uma empresa extrativista que é responsável por abastecer as bases dos cientistas da região. Entretanto, logo no começo do game, já somos apresentados a um ambiente abandonado e que deixa claro que algo saiu de controle e foi tomado por criaturas monstruosas. Essas, inclusive, acabaram transformando alguns dos trabalhadores e criaturas da região em monstruosidades extremamente agressivas.

Neste cenário cabe ao jogador explorar, recrutar npcs para auxiliar na investigação e não só descobrir o que levou a esta situação, mas também sobreviver a este caos. Mais detalhes dos acontecimentos passados são mostrados em documentos e anotações encontradas pelo cenário, sendo eles bastante interessantes e dando mais imersão na história. Além disso, a forma como a narrativa se desenvolve constrói bem um clima de mistério que faz o jogador questionar o que realmente está acontecendo ao levantar pontos como o quanto a sanidade do protagonista está influenciando o que ele vê.

Edge of Sanity - document
Reprodução/Daedalic Entertainment

Batalhas e gerenciamentos

A gameplay é fluida e mostra mecânicas próprias para ressaltar os elementos de suspense e terror que o jogo propõe. Entre as mecânicas estão o andar mais suave para evitar ser identificado por inimigos que se guiam pelo som, por exemplo. Logicamente, o combate é uma opção e temos armas brancas e de arremesso para isso, porém em muitas situações é mais sábio eliminar inimigos com armadilhas do ambiente ou evitar combates utilizando esconderijos para não gastar as armas e recursos.

Como o próprio nome do game insinua, a sanidade do protagonista é testada em praticamente todo momento, sendo outra mecânica que enquadra o todo do título ainda mais do universo do horror cósmico. Ataques de monstros, ficar muito tempo no escuro e determinadas interações com objetos, podem mudar o jeito com que vemos o mundo à nossa volta e aumenta o nível de loucura.

Alernative
Reprodução/Daedalic Entertainment

Em relação à exploração, ela é feita de forma bastante direta a partir do acampamento. Nele estão os seus aliados (que podem ou não ser resgatados nas missões) e máquinas que precisam ser concertadas para gerar mais recursos, manter as pessoas confiantes e também ampliar o suas possibilidades de construção de itens. Desta forma, ele funciona como um hub para selecionar em qual jornada de exploração o protagonista e os demais npcs irão embarcar. Vale comentar que suas decisões e o gerenciamento de recursos ganham muito destaque com o desenrolar da aventura, isso porque sua moral pode ser abalada e caso todos os seus aliados morram, você perde o jogo.

Podendo ser finalizado em pouco mais de 6 horas em uma primeira run, estes elementos de gameplay trazem um senso de urgência e perigo, o que combina com a temática e ressaltam o terror quando pensamos no que sua narrativa se propõe. Com o decorrer da exploração, escolher o destino ou entrar em uma sala não é só entrar e procurar itens, mas se torna analisar os recursos disponíveis e ver se vale a pena o risco. Da mesma forma, gerenciar a equipe também ganha bastante peso e pode te limitar no avanço da evolução do acampamento.

Todos estes elementos e o tempo de jogo trazem muita diversão e incentiva o jogador a iniciar uma nova run, porém podendo tomar decisões e rumos diferentes. Assim, o fator rejogabilidade ganha destaque e traz motivos significativos para novas explorações, podendo por exemplo, salvar mais personagens ou tomar atitudes diferentes para com os demais NPCs.  

Edge of Sanity - 2
Reprodução/Daedalic Entertainment

 Exploração, monstros e literatura

Navegando pelos mapas temos majoritariamente três tipos de biomas: florestas, minas e estações abandonadas da Prisma, empresa que explorava a região. Mesmo que o visual seja interessante, polido e com bons designs, é notada uma repetição grande entre elementos presentes nos diferentes pontos. A sensação de repetição é diminuída pelo tempo de jogo e impacto das decisões que acabam dando novos enfoques para e favorece o fator replay como dito anteriormente. Assim como os elementos, os inimigos também acabam se repetindo com frequência, o que novamente é amenizado com a aparição pontual e ameaçadora das criaturas lovecraftianas.

Não só nas localidades do mapa, mas principalmente no tópico ambientação a temática de horror cósmico se destaca e consegue construir um clima de tensão com sua iluminação amena e sons ambientes ameaçadores. Quando juntamos estes elementos ao universo de H. P. Lovecraft, podemos perceber uma grande influência do conto Nas Montanhas da Loucura, o que instiga ainda mais a mergulhar de cabeça neste game.

Acampamento
Reprodução/Daedalic Entertainment

A loucura vale a pena?

Edge of Sanity chama a atenção pela forma de como combina seus elementos visuais e sua gameplay com a temática do horror cósmico. Desta maneira, conseguindo trazer um clima de tensão aterrorizando para sua narrativa, sobrevivência e exploração. Sua gameplay é divertida e apresenta funcionalidades que cumprem o que é proposto, proporcionando ao jogador diferentes cenários muito devido as possibilidades de escolhas que influenciam principalmente os membros de sua equipe. Infelizmente, o game passa por uma repetição grande de cenários, o que é amenizado pelo tempo que sua campanha dura.

Mas vale a pena? Se esta é a sua pergunta, a resposta é sim! Mesmo com repetições, o game traz uma história que chama sua atenção e traz diversos elementos que tornam o título imersivo. Com os documentos encontrados e diálogos com os demais sobreviventes, é fácil se ver atento aos acontecimentos e preocupado pela próxima sala que será explorada. Além disso, para os fãs de H.P Lovecraft o game trará um gosto ainda mais intenso pela sua ambientação que lembra bastante ao que é falado no conto Montanhas da Loucura.

*Chave para review enviada para Xbox Series pala Deadalic Enterteinment

REVER GERAL
Narrativa
Gameplay
Ambientação
Rejogabilidade
Efeitos sonoros
Renan Alboy
Editor do Megascópio e apaixonado por quadrinhos e jogos. Mestre em Ciência da Computação e jornalista.
critica-edge-of-sanity-leva-o-jogador-para-o-frio-aterrorizanteEdge of Sanity chama a atenção pela forma de como combina seus elementos visuais e sua gameplay com a temática de horror cósmico. Desta maneira, conseguindo trazer um clima de tensão aterrorizando para sua narrativa, sobrevivência e exploração.