Uma trama composta de perdas e reencontros que mantém o legado dos cristais de forma primorosa, como um bom título de Final Fantasy deve sempre ser! Final Fantasy XVI resgata a epicidade da franquia com tom brutal e épico embalado por uma trilha sonora orquestral de tirar o fôlego.

O jogo que será lançado no dia 22 de junho para PlayStation 5 é um título com identidade ímpar. Final Fantasy XVI é um jogo excepcional que se torna um ponto de virada e revitalização que a Square Enix e a franquia precisavam.

Crítica: Final Fantasy XVI
Final Fantasy XVI é épico, belo e grandioso! — Reprodução/Final Fantasy XVI

O Filho do Destino e sua Lenda

Reza a lenda que as histórias de fogueira são as melhores, e foi assim que nós somos inseridos na aventura de Clive. O ano é 873 no Desfiladeiro de Nissa, na república de Dhalmekia, onde o protagonista está sentado à frente do fogo crepitante se lembrando do grandioso e traumatizante embate entre Ifrit e Phoenix.

Ben Starr empresta sua voz ao protagonista Clive Rosfield e dá o pontapé inicial narrando sobre a ambição dos seres humanos pelos cristais, que gerou o início da nossa jornada no jogo coordenado merecidamente pela equipe de Naoki Yoshida (Final Fantasy XIV e Dragon Quest X).

A narrativa do jogo deixa claro que o poder dos Cristais-Máter é algo cotidiano, tão essencial quanto o oxigênio que respiramos e não percebemos. Ambientado em um palco com tramas ambiciosas simultâneas, Final Fantasy XVI serve uma verdadeira guerra entre reinos e elementos medievais.

O jogo se aproveita de ganchos narrativos de Clive para voltar aos acontecimentos do passado, como o retorno a 860, treze verões antes do tempo atual que estamos com o protagonista no início do jogo.

Crítica: Final Fantasy XVI faz jus a franquia com tom brutal e épico
A trama sobre a irmandade é um dos pontos mais interessantes e bonitos do jogo — Reprodução/Final Fantasy XVI

Assim como a equipe da Creative Business Unit III já havia frisado, há de fato uma sensação nostálgica com Final Fantasy I a Final Fantasy VI, mas renderizado com a tecnologia mais recente.

O décimo sexto título da franquia revisita o gênero da alta fantasia após longos anos e tece uma narrativa baseada na irmandade e brutalidade, e pela primeira vez na franquia, uma mudança para o sistema de combate de ação em tempo real.

No atual cenário do título, temos Clive em busca de vingança pelo o que a suposta figura encapuzada no início do jogo fez com o seu irmão Joshua, porém isso se apresenta apenas como a ponta do iceberg dessa trama. 

Simultaneamente nessas nações independentes está ocorrendo a disseminação de uma praga que está drenando as terras de Valisthea, além de várias outras descobertas com questões socioeconômicas e até mesmo “divinas”. Já os Eikons, como são denominados os summons no XVI, e seus respectivos Dominantes são peças-chave na trama, onde cada reino trata seu Dominante de forma diferente – vezes como figura sagrada, outras como ameaça.

Personagens imperfeitos em um cenário épico

Fica claro que o objetivo ao desenvolver o XVI era criar um Final Fantasy ambicioso e grandioso que pudesse ser apreciado por jogadores mais maduros e não familiarizados com a franquia.

O roteirista Kazutoyo Maehiro não teve medo de abraçar a identidade que queria impor nesse título, já que Final Fantasy XVI quebra barreiras ao apresentar tópicos sociais e orientação sexual de forma orgânica, e com muita brutalidade como nenhum outro título da franquia. O jogo não se trata apenas de vingança e sim ambição, a ambição humana faz as engrenagens do destino girarem na trama.

Crítica: Final Fantasy XVI
Assim como todo o elenco, Ben Starr se entrega de corpo e alma dando voz ao protagonista Clive — Reprodução/Final Fantasy XVI

Enquanto este conto épico começa com Clive em seus vinte anos, o jogador experimenta uma série de flashbacks totalmente jogáveis que revelam eventos cruciais que moldam o seu passado e consequentemente o presente. 

O jogo conta com dois saltos temporais onde o primeiro ocorre de uma forma muito bem estruturada, já o último se apresenta de forma brusca não preenchendo lacunas na trama, que acabam deixando os apaixonados pela história rica de Valisthea, assim como eu, sem muita explicação – porém nada que de fato afete negativamente a construção da história.

O diretor Hiroshi Takai também não deixou pequenas referências a outros Final Fantasy de fora, esses pequenos easter eggs podem ser encontrados desde os espantalhos que parecem com um personagem bastante querido para os fãs da franquia até os assobios de Clive.

Crítica: Final Fantasy XVI faz jus a franquia com tom brutal e épico
Quem pegou, pegou — Reprodução/Final Fantasy XVI

Devido a sua densa lore, o jogo criou uma ferramenta muito perspicaz que auxilia o jogador a todo momento. O Sumário Dinâmico nada mais é do que um compilado de informações relevantes da cena atual que pode ser acessado a qualquer momento, até mesmo durante cutscenes.

Final Fantasy XVI apresenta uma trama de personagens imperfeitos bem polidos e com personalidades profundas. É impossível jogar e não amar odiar personagens como Benedikta e Anabella, que são figuras femininas bem estruturadas, mas infelizmente a personalidade de Jill deixou a desejar. Em boa parte do jogo ela é ofuscada por Clive e apesar da sua personalidade independente, muitos momentos a usam como “donzela” por conveniência.

Enquanto as missões principais fazem o jogador se envolver na trama dos respectivos reinos e ser arrebatado pelas histórias de seus Dominantes, as missões secundárias são altamente repetitivas. Infelizmente elas se apresentam importantes apenas para fornecer materiais para a produção de equipamentos ou coleta de objetos, que são imprescindíveis para os que buscam a platina e/ou jogar no modo mais difícil do jogo – dá para contar nos dedos de uma mão as missões secundárias divertidas.

Além disso, o esconderijo não é apenas um centro para comprar itens, atualizar seu equipamento ou mudar a faixa que está sendo tocada no momento, também é um espaço para o jogador aprender mais sobre os personagens dentro do reino de Valisthea e se manter atualizado das tramas políticas que estão ocorrendo.

Crítica: Final Fantasy XVI
Para os esquecidos ou curiosos de plantão, essa ferramenta será muito utilizada — Reprodução/Final Fantasy XVI

Mecânicas novas para um Nova Era

O jogo não é um mundo aberto, mas nem por isso é pequeno. Inteligentemente o jogo se utiliza de um Mapa-Múndi com viagens rápidas onde os jogadores se deslocam pelos Reinos e seus respectivos locais.

E por falar em estratégias inteligentes implementadas neste décimo sexto título, é possível que o jogador ao início do jogo opte entre “foco na história”, um modo onde o jogador começa a jornada equipando diversos acessórios que simplificam a jogabilidade, ou “foco na ação” que é recomendado para jogadores que gostam de desafios.

Muito se fala sobre o medo desse novo combate estruturado pelo Ryota Suzuki não ornasse com Final Fantasy, porém há elementos de RPG no jogo. Por exemplo, para aprender novas habilidades ou dominar com maestria as já existentes, é necessário ter pontos de habilidade, que podem ser obtidos em batalhas ou concluindo missões. Vale frisar que é possível que o jogador redefina as habilidades a qualquer momento, o que é de grande importância para o jogador que irá realizar desafios específicos.

Clive Rosfield
Prepare-se para gastar longas horas no “Modo Foto” — Reprodução/Final Fantasy XVI

Cada habilidade que Clive exerce tem características únicas dependendo do Eikon que elas são derivadas. Embora essas habilidades sejam poderosas, o jogador precisará traçar estratégias sobre o melhor momento para fazer uso delas, tendo em mente o seu “tempo de resfriamento”. Normalmente, você pode equipar até 3 Eikons de cada vez e usar 2 de suas habilidades somando um total de até 6 habilidades para utilizar.

Ao distribuir os pontos atualizando uma das habilidades em particular, Clive é capaz de dominá-la. Uma vez dominada, o jogador poderá equipá-la independentemente do Eikon representante. Desta forma, você pode até usar 3 das mesmas habilidades de um Eikon!

FINAL FANTASY XVI
Cada habilidade que Clive exerce tem características únicas dependendo do Eikon que elas são derivadas — Reprodução/Final Fantasy XVI

Elementos como a Barra de Ímpeto tornam o combate mais divertido e desafiador, uma vez que Clive a rompa, o inimigo fica atordoado e mais vulnerável temporariamente. Vale ressaltar que a jogabilidade é incrementada ao longo de toda trama quando Clive incorpora a essência do Eikon com seus respectivos aspectos elementais.

O Limit Break também não ficou de fora! Avançando na jornada, o protagonista desbloqueia o Limit Break e assim que as barras estiverem cheias, o jogador pode usá-lo pressionando o L3 e R3 para ativar. Já os itens consumíveis podem ser acessados de forma rápida e prática por meio dos botões com setas e é possível repagina-los na aba de inventário.

Descobrir a sua própria combinação de habilidades Eikônicas ao longo do jogo é no mínimo muito satisfatório, já que você pode montar o seu próprio estilo de batalha baseado nesses poderes e também na confecção de equipamento – que de fato fazem diferença no combate.

E por falar em combate, Torgal faz jus tanto a sua fofura quanto a sua utilidade. Ele ajuda Clive na maioria das batalhas e embora seja controlado por AI, o jogador pode ativar seus comandos para que Torgal ative seus ataques mais fortes. Uma outra ferramenta muito útil que foi atrelada ao Torgal é o seu instinto animal, ao pressionar L3 o  fiel companheiro orienta Clive na direção certa a se seguir.

Torgal e Clive
A Square Enix vai fazer você ter vontade de roubar o Torgal — Reprodução/Final Fantasy XVI

Diferentemente de Torgal, o jogador não controla nenhum tipo de comando de seus companheiros de jornada. Apesar de não os controlarmos, os companheiros de equipe ajudam utilizando várias habilidades constantemente – pena que eles não fazem muita diferença nos combates, diferente de Torgal.

Após mais de 70 horas de jogo, é possível frisar que os desenvolvedores conseguiram criar um sistema de combate que, embora sendo baseado em ação, ainda transpassa uma sensação de Final Fantasy.

Algo que pode ser dito que foi “herdado” de Final Fantasy XV, porém de forma melhorada foram os quadros com caçadas que são oferecidos pelo Moogle, infelizmente não são muitas, mas são bem recompensadoras.

Um Final Fantasy com acessibilidade?

Ao iniciar a jornada o jogador tem acesso a várias opções como controles de câmera, bloqueio de alvo, além de ter a oportunidade de ajustar uma variedade de outras configurações de jogo como performance, brilho, alertas visuais, legendas e controles. Vale ressaltar que é possível realizar esses ajustes a qualquer momento abrindo o menu principal.

Acessórios Oportunos
Não é de fato é uma ferramenta de acessibilidade, porém cria uma oportunidade de jogo para PcDs nunca antes vista na franquia — Reprodução/Final Fantasy XVI

É possível dizer que pela primeira vez na história da franquia de Final Fantasy temos um título “acessível”, onde acessórios oportunos foram inseridos para permitir que os jogadores personalizem o nível de dificuldade do jogo por meio de equipamentos que se adequam ao estilo de jogo individual de cada um.

Esses Acessórios Oportunos estão disponíveis em ambos os modos da história. Existem quatro acessórios oportunos totais (apenas três podem ser equipados de uma vez), que podem ser equipados e desequipados em qualquer ponto do jogo para customizar o combate, além de mudar a dificuldade do jogo em tempo real.

Essas ferramentas ajudam pessoas com más formações congênitas nos membros superiores, ou pessoas que não estão muito familiarizadas com o gênero ação. Não é certo frisar que de fato é uma ferramenta de acessibilidade, porém cria uma oportunidade de jogo para PcDs nunca antes vista na franquia.

Final Fantasy XVI na teoria também não esqueceu dos jogadores que curtem um hardcore, então para os que gostam de experimentar uma aventura mais desafiadora, o FINAL FANTASY Mode ou o Ultimaniac é para você – apesar de não ser tão difícil quanto deveria, uma vez que o jogador domina o sistema de combate.

Titand and Garuda
Todas as lutas Eikônicas tem padrões diferentes e não são nem um pouco repetitivas — Reprodução/Final Fantasy XVI

Um Final Fantasy para todos!

Com lutas entre Eikons tão grandiosas como a trama, é inegável a polidez que o diretor de arte Hiroshi Minagawa implementou neste título.

Desde os mínimos detalhes de sombreamentos, sonoplastias, mixagem de som aos designs medievais elaborados por Kazuya Takahashi, Final Fantasy XVI defende com garras e unhas seu posto como um dos melhores títulos já feitos pela Square Enix.

Apesar de contar com pequenas falhas de continuidade como a ausência de Torgal em algumas cutscenes e alguns erros gramaticais graves da localização e adaptação de texto para PT-BR, o décimo sexto título mostra-se tão épico quanto a trilha sonora orquestral elaborada por Masayoshi Soken.

Prepare-se para passar longas horas utilizando o “modo foto”, se aprofundando sobre as tradições de Valisthea e se emocionar nessa trama de reencontros e perdas. A lenda de Final Fantasy XVI certamente é um jogo que vai arrancar sorrisos e lágrimas de todos aqueles que se entregarem à história de Clive.

Chave para PS5 cedida por: Square Enix

REVER GERAL
Enredo
Direção
Trilha Sonora
Jogabilidade
Design
Thai Spierr
Crítica, criadora de chocobo e consumidora de animes e games em tempo integral. Especialista em estudos sobre acessibilidade e classificação etária em jogos
critica-final-fantasy-xvi-faz-jus-a-franquia-com-tom-brutal-e-epicoFinal Fantasy XVI além de se apresentar como um título para antigos fãs e novos jogadores, também resgata a epicidade da franquia com muita brutalidade e um sistema de combate muito satisfatório!