Flintlock: Siege of Dawn foi lançado em 18 de julho para as plataformas PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC (via Steam), sendo adicionado day one no Game Pass. Desenvolvido pela A44 Games e publicado pela Kepler Interactive, o game foi anunciado como um soulslite pelo próprio estúdio, assim, visando trazer elementos e desafios souls mas sem perder características fortes de um action RPG. Será que ele atingiu seus objetivos?

Mergulhando em um novo mundo

Um bom ponto de partida para analisar os elementos souls está em sua narrativa. Enquanto sua inspiração traz uma história aparentemente vaga e que deve ser explorada nos mínimos detalhes, Flintlock é bem mais direto ao ponto e apresenta um enredo linear e bem delimitado. De forma alguma sua estruturação narrativa entra como um demérito para a proposta, que se mostra sólida ao trazer uma história interessante e que estimula o jogador a realizar as diversas missões que o game apresenta.

Flintlock se passa em Kian e controlamos a sapadora Nor e o deus Enki em uma luta intensa contra outros deuses que desejam dominar a região. A guerra na história já é dada desde o começo, porém quando Nor rompe uma barreira mágica acaba por libertar três deuses furiosos que desejam dominar o seu mundo. Com este enredo temos o cenário propício para batalhas elaboradas contra chefes e diálogos com Enki que explicam mais da narrativa de forma natural. Sendo a relação entre os personagens superficial inicialmente, mas que devido a necessidade e complemento de forças se torna crível.

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Reprodução/Kepler Interactive

Explorando tudo

Visualmente o jogo é bonito e apresenta uma estrutura de mapas bastante funcional. Basicamente, durante todo o jogo navegamos por três mapas que podem apresentar uma estrutura bastante linear a depender do quanto o jogador explorar. Isso porque caso siga somente a missão principal, não é muito demorado de se alcançar o terceiro e último mapa, assim, chegando ao final do jogo. Porém, conversando com NPCs e liberando cidades somos apresentados a missões secundárias que nos levam para outros cantos do mapa.

Neste ponto temos a exploração deste mundo semiaberto, em que podemos ir e voltar entre os mapas. Eles apresentam um bom tamanho e suportam bem tanto a missão principal quanto as missões secundárias, que estão em quantidade moderada, mas ideal para o que é proposto pelo título. Ainda sobre as missões secundárias, realizá-las é uma boa pedida, pois é a partir delas que obtemos equipamentos variados e que ajudam bastante não só na variação de gameplay, mas também no ganho de experiência para a evolução das personagens.

Boss
Reprodução/Kepler Interactive

Tal qual Elden Ring, Flintlock explora bem a verticalidade dos ambientes e torna acessível praticamente todos os lugares que podem ser vistos. Neste ponto, também podemos relacionar os corta caminhos dos soulslike com os portais que liberamos ao chegar pontos altos ou que apresentam um longo caminho  para ser alcançado. Também estão presentes totens que funcionam como as fogueiras ou lanternas ao apresentar a mesma função de descansar, reposicionar inimigos, servir como ponto de viagens rápidas.

Entretanto, a presença dos totens se diferencia um pouco do que é mostrado em suas referências. Isso porque ele não está relacionado diretamente com as melhorias, estas podendo ser realizadas livremente em sua árvore de habilidades.

Gameplay e Melhorias

A gameplay do game é dividida entre as protagonistas Nor e Enki, sendo Enki um apoio que permite a aplicação de ataques pontuais que são baseados na energia acumulada pelo combate de Nor. Quando completado o slot, podemos usar um ataque mais forte com nosso suporte, o que é muito útil em diversas situações. Quanto a Nor, ela apresenta diversos recursos para a batalha, sendo eles o seu machado (corpo-a-corpo), uma arma de fogo de curto alcance para a aplicação de perry, uma arma de longa distância e itens de arremesso.

Toda essa variedade é bem aplicada na medida que somos expostos a algumas situações. Por exemplo, para evitar um ataque não bloqueáveis podemos realizar um perry ao estilo Bloodborne ou desviar, enquanto que o uso da arma de longo alcance serve para atingir inimigos ou bandeiras – que são colecionáveis – que estão em pontos distantes ou de mais difícil acesso. Com seu hud bem posicionado fica fácil de ver os diferentes recursos e como realizar a troca entre eles ou entre suas variações. Isso torna a gameplay bastante intuitiva e amigável.

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Reprodução/Kepler Interactive

Em relação às melhorias, podemos observar a árvore de habilidades dividida em três elementos: aço, fogo e mágico. Aço e fogo estão vinculados diretamente às armas de Nor, assim, aumentando o dano e liberando novos movimentos. Já a parte mágica está relacionada a Enki, possibilitando interações mais elaboradas com os ataques de Nor além de aumentar dano e tempo de paralisação em inimigos, por exemplo.

Impactando diretamente no gameplay está o set de equipamentos que podemos adicionar aos protagonistas. Tanto Enki como Nor apresentam slots configuráveis que possibilitam a  seleção de itens. Enquanto Nor pode trocar sua armadura e variadas armas, Enki pode trocar suas habilidades e uma pedra, este último item que Enki pode carregar permite adicionar danos elementais a seus ataques.

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Reprodução/Kepler Interactive

Inimigos e dificuldades

Ok … antes de qualquer coisa é preciso falar que temos uma seleção de chefes com bons designs, movimentação desafiadora, trilha sonora bem trabalhada e para a proposta do jogo estão em quantidade suficiente. Porém, os inimigos comuns e subchefes deixam a desejar ao ponto que apresentam movimentações muito parecidas e pouca variedade visual. Mesmo trocando de região podemos ver inimigos genéricos, o que vai na contramão da empolgação causada pelo potencial que a exploração apresenta.

Além disso, os subchefes não apresentam diferença a não ser uma  barra de vida maior. Não que todo subchefe precisasse de uma abertura única e espetacular, mas destacar alguns inimigos com visual diferenciado e mecânicas mais trabalhadas poderia trazer momentos mais memoráveis e de impacto ao game.

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Reprodução/Kepler Interactive

Dito isso sobre os inimigos, temos a brecha para abordar a dificuldade de Flintlock: Seige of Dawn. Podendo escolher entre as dificuldades fácil, normal e difícil, seu combate se mostra igualmente cadenciado em todas elas, sendo a seleção influenciando no dano causado e recebido. Para a proposta do game essa opção se enquadra bem e o torna acessível a diferentes níveis de jogadores. Para aqueles jogadores que buscam uma experiência mais souls, o ideal é ir de cabeça no modo difícil e enfrentar os desafios.

Veredito

Flintlock: Siege of Dawn é uma boa porta de entrada para os jogadores que gostariam de experimentar o gênero souls sem o mesmo grau de punição e dificuldade. Sua história é interessante, o combate é cadenciado e apresenta uma variedade de equipamentos que combina com a proposta e duração do game. Por mais que os inimigos comuns e subchefes sejam repetitivos, a estrutura geral empolga e a verticalidade dos mapas desperta a curiosidade de até onde podemos ir. Os chefes são bem trabalhados e podemos perceber bastante dedicação para elaborar suas movimentações e visuais, destacando também a trilha sonora marcante de cada um deles.

As inspirações tão frequentes hoje na franquia souls são bem utilizadas e ganham vida própria em Flintlock: Seige of Dawn. Assim, a A44 Games conseguiu imprimir no mundo do game suas características próprias e trazer uma gameplay divertida, polida e funcional. Visualmente o game não deixa a desejar e não apresentou problemas técnicos de bugs ou quedas de frames durante a jogatina. O título é uma indicação certa para os jogadores que buscam um action RPG com uma pitada de soulslike.

REVER GERAL
Narrativa
Gameplay
Trilha sonora
Ambientação
Inimigos
Renan Alboy
Editor do Megascópio e apaixonado por quadrinhos e jogos. Jogador de Gwent for fun e Mestre em Ciência da Computação.
critica-flintlock-siege-of-dawn-e-suas-pitadas-de-soulslikeFlintlock: Siege of Down é uma boa porta de entrada para os jogadores que gostariam de experimentar o gênero souls sem o mesmo grau de punição e dificuldade. Sua história é interessante, o combate é cadenciado e apresenta uma variedade de equipamentos que combina com a proposta e duração do game.