Lançado em 27 de março de 2025 para PC (com versões para consoles previstas para o verão de 2025), Inayah – Life after Gods é o título de estreia da ExoGenesis Studios.

Ambientado nas ruínas de uma civilização alienígena dominada por flora exótica e criaturas insetóides, o jogo acompanha Inayah, uma guerreira órfã armada com uma manopla metamórfica, em sua jornada para reunir sua tribo perdida.

Brilho estético e limitações narrativas

O maior destaque de Inayah é sua identidade visual. O estilo artístico desenhado à mão — lembrando obras de Genndy Tartakovsky, como Primal ou Samurai Jack — concede a cada bioma uma beleza exuberante e decadente. Ruínas banhadas pelo sol, selvas alienígenas e regiões grotescas como os Flesh Wilds são renderizadas com detalhes meticulosos, enquanto as animações de combate e movimentação fluem com uma cadência cinematográfica.

A trilha sonora atmosférica de Alex Kestner complementa esse visual, adaptando-se organicamente aos biomas, e as performances de voz lideradas por Jessica Caroll (conhecida por Baldur’s Gate 3) adicionam camadas de personalidade. No entanto, as atuações variam entre gravidade dramática e entregas casuais, o que desequilibra os temas sombrios do jogo.

A narrativa, infelizmente, não acompanha a ambição estética. A jornada de Inayah — vingar a morte de sua mentora e reunir sua tribo — recorre a clichês como o “herói órfão”, o “mentor sábio” e uma trama de vingança sem nuances.

Embora escolhas de diálogo permitam moldar a personalidade de Inayah (bondosa, implacável ou moralmente ambígua), essas decisões raramente impactam a história além de interações superficiais. Os momentos narrativos mais importantes são previsíveis, e os “múltiplos finais” prometidos carecem de peso emocional para justificar replay.

Inayah - Life after Gods
Reprodução/ExoGenesis Studios

Combate e movimentação: uma manopla de dois gumes

A jogabilidade central gira em torno da manopla transformadora de Inayah, que alterna entre três armas: Lâminas, Punhos e Mangual. Cada arma serve a um duplo propósito — combate e movimentação —, sendo uma ideia inicialmente inovadora. As Lâminas permitem dash aéreo e golpes ascendentes, os Punhos possibilitam escalar paredes e criar escudos, e o Mangual funciona como um gancho magnético para atravessar ambientes.

A exploração no início do jogo é limitada por habilidades básicas, mas, uma vez todas as armas são desbloqueadas, a interação entre elas cria sequências de plataforma eletrizantes. Alternar entre armas no ar para encadear dash, ganchos e pulos em paredes evoca a precisão rítmica de Celeste, embora os controles às vezes falhem em inputs complexos.

O combate, porém, tropeça onde a movimentação brilha. Embora as três armas ofereçam variedade tática — Lâminas são rápidas, Punhos poderosos em curta distância, e Mangual útil para absorver projéteis — a falta de feedback visual prejudica o engajamento. Os ataques carecem de impacto visceral: inimigos quase não reagem, e hitboxes ficam confusas em meio a animações caóticas.

Chefes, embora visualmente diversificados (de bestas colossais a rivais humanoides), sofrem com picos de dificuldade erráticos. Alguns, como o “Cavaleiro Sem Cabeça”, tornam-se inimigos que absorvem dano de forma cansativa, agravados por um sistema de habilidades que prende jogadores em builds subdesenvolvidas sem opção de reespecialização.

Inayah - Life after Gods
Reprodução/ExoGenesis Studios

Exploração: um mundo grande demais, vazio demais

Metroidvanias prosperam na recompensa à exploração, mas os biomas expansivos de Inayah revelam os perigos de priorizar escala em detrimento da substância. Áreas iniciais, como as ruínas cobertas de vegetação, repetem elementos visuais excessivamente, tornando a navegação monótona.

Salas gigantescas exigem retrocessos tediosos mesmo após a aquisição de upgrades de movimentação. O sistema de mapa intensifica essa frustração: os tiles padrão são pouco detalhados, e jogadores precisam entrar em salas específicas para ver layouts precisos — uma escolha que conflita com as convenções do gênero.

A economia de progressão também desincentiva a exploração. Embora as árvores de habilidade de cada arma prometam profundidade, os upgrades parecem incrementais até as fases finais. A moeda do jogo é abundante, mas investir em melhorias menores (como +5% de chance crítica) parece pouco recompensador comparado a habilidades transformadoras, como pulo duplo ou dash aéreo. Artefatos e amuletos, que concedem bônus passivos, são facilmente esquecidos em meio à repetição.

Inayah - Life after Gods
Reprodução/ExoGenesis Studios

Veredito

Inayah – Life after Gods é uma joia paradoxal — deslumbrante, porém imperfeita; ambiciosa, porém irregular. Seu mundo desenhado à mão cativa, e a sinergia entre armas e movimentação oferece lampejos de genialidade, mas esses altos são temperados por combate travado, design de nível inflado e uma narrativa esquecível.

Para fãs do gênero em busca de esplendor visual e exploração não linear, Inayah merece uma chance. Contudo, em um mercado saturado por Metroidvanias polidos, o jogo luta para transcender a mediocridade. A estreia da ExoGenesis não é uma revolução, mas uma fundação promissora — que poderia evoluir para algo grandioso com refinamentos iterativos.

Inayah - Life after Gods
Reprodução/ExoGenesis Studios

Inayah – Life after Gods já está disponível para Playstation 4 e 5, Xbox One e Series X|S, Nintendo Switch e PC.

*Análise produzida com chave para PC cedida por ExoGenesis Studios

REVER GERAL
Enredo
Direção
Trilha Sonora
Jogabilidade
Design
Matheus
Fã de Yu-Gi-Oh!, Drakengard/NieR e Tomb Raider. Nas horas vagas, analista de Relações Internacionais e professor de inglês.
critica-inayah-life-after-gods-mistura-criatividade-e-execucao-problematicaInayah - Life after Gods é uma joia paradoxal — deslumbrante, porém imperfeita; ambiciosa, porém irregular. Seu mundo desenhado à mão cativa, e a sinergia entre armas e movimentação oferece lampejos de genialidade, mas esses altos são temperados por combate travado, design de nível inflado e uma narrativa esquecível. Para fãs do gênero em busca de esplendor visual e exploração não linear, Inayah merece uma chance. Contudo, em um mercado saturado por Metroidvanias polidos, o jogo luta para transcender a mediocridade.