Max Caulfield está de volta em Life is Strange: Double Exposure! O novo game, desenvolvido pela Deck Nine e publicado pela Square Enix, retoma a trama com uma das protagonistas mais queridas da franquia muitos anos após os acontecimentos de Arcadia Bay. Novas amizades, novas situações e novos poderes irão trazer muitas decisões que proporcionarão diferentes caminhos para o destino dos personagens.
Já jogamos e finalizamos o título. Então, vem saber um pouco mais do que esperar e as principais características do game.
Entre mundos
Com sua narrativa se passando muitos anos após os acontecimentos de Arcadia Bay, Max agora é fotógrafa residente na prestigiada Universidade Caledon. Entre seus amigos mais próximos destacam-se Moses, um pós-graduando em físico, e Safi, que é uma de suas amigas mais próximas e atua na área da literatura. Tudo vai bem, até que Max e Moses encontram Safi morta na neve.
A partir deste evento, Max começa a investigar o que pode ter acontecido e quais seriam as razões para alguém realizar tal ato. Não demora muito para que a situação desperte novamente os poderes da garota, que estavam adormecidos após os eventos do primeiro game. Entretanto, quando falamos em poderes, vemos que eles mudaram e agora estão limitados quanto a voltar no tempo, mas permitem o acesso a uma outra linha temporal na qual Safi não morreu.
Assim, temos as idas e vindas da personagem entre os planos para entender melhor os segredos que levaram Safi a um destino letal em um dos mundos. Em ambos os lados temos personagens que compartilham as mesmas características, mas afetados pelos acontecimentos de suas respectivas linhas temporais.
Dependência do passado?
Por mais que a história se passe muitos anos após o primeiro jogo, a relação com os acontecimentos e a referências a personagens marcantes são constantes. Logicamente, para os fãs da franquia, tais falas irão relembrar diversos momentos e colocar os jogadores frente a situações semelhantes, mas com os olhos mais maduros da protagonista.
Se por um lado é a continuação para muitos, para outros jogadores o game pode ser uma porta de entrada. Como um primeiro contato, o game é funcional e as dependências com o passado podem criar um ou dois momentos nos quais novos jogadores podem se questionar quais consequências a escolha irá levar.
Gameplay
Por se tratar de um jogo baseado em narrativa, suas opções de gameplay são limitadas e a maior parte de suas mecânicas podem ser exemplificadas com interações com objetos e pessoas que levam a diálogos com diferentes opções. Sendo este estilo uma marca da franquia, e de jogos do gênero, é surpreendente a quantidade de interações que podemos ter com os cenários. Assim, criando um ambiente amplo e que pode conter pistas e colecionáveis nas mais diferentes partes.
A variação de planos entre o “vivo” e o “morto” ajuda a trazer mais variedade nas ações. Isso porque na maior parte das situações teremos que visitar ambos na busca de itens que auxiliem na nossa investigação ou obtenção de informações.
Por exemplo, em um determinado momento do capítulo 3 devemos resgatar um item na sala do personagem Moses, que está impedido de entrar no plano “morto” por um policial. Max, utilizando seu poder de transitar entre as realidade, vai até o plano “Vivo” para obter informações da localização de um possível esconderijo, voltando ao plano “Morto” por um portal do lado de dentro da sala e furando o bloqueio.
Assim, com mecânicas simples e funcionais o game consegue engajar o jogador em sua narrativa, cumprindo seu objetivo. Durante a gameplay não encontramos nenhum bug gráfico ou problema que impedisse o avanço. O único problema técnico que nos deparamos foi com um determinado trecho em que um diálogo de poucos minutos estava sem áudio, porém já foi informado que o erro será corrigido antes do lançamento do jogo.
Ambientação paralela
Double Exposure trabalhar com realidades paralelas baseada no trágico evento que ocorre no final do primeiro capítulo, já era de se esperar que em cada mundo houvesse uma diferença significativa. A partir disso, temos ambientações distintas para o plano em que Safi está morta e outra para o que ela está viva.
Como a própria construção de cada plano sugere, pesos emocionais diferentes são adicionados e são alteradas desde músicas ambientes, comportamento dos personagens e a paleta de cores, que acaba sendo um dos pontos mais marcantes entre cada realidade.
Detalhes mais escancarados, como as decorações natalinas na universidade e nos outros ambientes também destacam as mudanças. Assim, adicionam ainda mais para o clima e ambientação do jogador a cada plano visitado.
Visualmente o jogo é bonito e traz elementos bem detalhados. Um ponto que ressalta a qualidade visual do game narrativo é a transição entre cutscene e gameplay que é pouco perceptível.
A borboleta e o furacão
Quando olhamos para Life is Strange: Double Exposure podemos ver elementos conhecidos para os jogadores que tiveram contato com os títulos anteriores. Então, temos as decisões marcantes e que podem levar a história para diferentes rumos, um visual caprichado para a geração atual de consoles e uma ótima trilha sonora. As personagens, bem como sua narrativa de forma geral, são consistentes e despertam percepções diferentes pelas suas formas de agir, o que mostra o quão o game é imersivo e bem trabalhado quando falamos de uma escrita coerente para os envolvidos na trama.
A novidade relacionada aos novos poderes de Max Caulfield é muito positiva e faz bem ao mudar o foco da mudança de atos passados, como foi visto no primeiro jogo, para atos presentes. Tal alteração se relaciona bem com os subtextos que desejam ser transmitidos e criam uma história intrigante ao propor linhas temporais distintas que se iniciam apenas com um fato. É muito interessante como a alternância entre a linhas consegue materializar na gameplay aquele “e se … ?” que todos temos em algum momento da vida.
Por mais que Double Exposure seja mais expositivo que seus antecessores em relação ao dom de Max, uma questão a se levantar é sobre o futuro da franquia, uma vez que o final abre brechas para a continuidade da narrativa de forma mais grandiosa. Devido ao que é mostrado antes dos créditos parece ser proposto algo muito maior e expositivo do que já vimos até agora.
No final das contas, Life is Strange: Double Exposure vale a pena? A resposta é sim! O jogo é divertido e sua narrativa engaja facilmente. Para os fãs de longa data, principalmente os que jogaram o game de estreia da franquia, é um título imperdível. Já para os que estão tendo o primeiro contato, será uma experiência interessante e trará a curiosidade de se aprofundar mais no passado da protagonista.
* Chave para review enviada para PlayStation 5 pela Square Enix