Desenvolvido pela Primal Game Studio e publicado pela Knights Peak, Mandragora: Whispers of the Witch Tree é um side‑scroller em 2.5D que mistura elementos de Metroidvania e Soulslike.
Disponível a partir de hoje (17), o game nos convida ao mundo em decadência de Faelduum, onde a humanidade se esconde atrás de muralhas em ruínas enquanto forças monstruosas atravessam a realidade.
Um mundo à beira do colapso
Ambientado em Faelduum, um lugar sombrio prestes a sucumbir à invasão da Entropia, Mandragora coloca o jogador no papel de um Inquisidor encarregado de cumprir a vontade tirânica do Rei‑Sacerdote. A história começa com um ato de desafio decisivo, lançando o protagonista em uma jornada que põe em xeque a própria essência da realidade.
Escrita por Brian Mitsoda, conhecido por seu trabalho em Vampire: The Masquerade – Bloodlines, a narrativa entrelaça ambiguidade moral, corrupção política e horror cósmico. Embora o enredo seja instigante, a condução dos acontecimentos frequentemente fica em segundo plano, a menos que o jogador explore diálogos opcionais e missões secundárias — como as tarefas da Caravana — que revelam camadas mais profundas da lore e das motivações dos personagens.
Faelduum, por si só, é um triunfo de design ambiental. Suas 75 localidades interconectadas — de florestas assombradas como Feralwood às ruínas labirínticas da Cidade Carmesim — são apresentadas em um estilo pictórico que oscila entre a beleza sinistra e a degradação grotesca.
As cutscenes usam retratos animados que lembram tapeçarias góticas, enquanto as atuações de voz, incluindo Aysha Selim (Overwatch 2), conferem sotaques regionais e profundidade emocional aos personagens. Porém, o enredo principal muitas vezes perde força diante da grandiosidade da exploração e do combate.

Jogabilidade: a dança das lâminas e magias
O sistema de combate rítmico do jogo exige precisão em esquivas, aparos e gestão de resistência. São seis classes disponíveis — Vanguard, Flameweaver, Spellbinder, Nightshade, Wyldwarden e Vindicator — cada uma com estilos de jogo e árvores de talentos distintas; estas últimas, embora amplas, às vezes priorizam quantidade sobre qualidade, com pequenos bônus de estatísticas que diluem a sensação de progresso.
A fluidez do combate é uma faca de dois gumes. As animações impactantes e mecânicas próprias de cada classe (como o parry do Vanguard ou as combinações mágicas do Spellbinder) trazem boa dose de satisfação, mas atrasos nos comandos e recuperações lentas de ataque prejudicam o ritmo essencial do estilo.
A variedade de inimigos também demora a melhorar: nos primeiros momentos, predominam ratos e soldados repetitivos, embora áreas posteriores introduzam adversários mais formidáveis, como vampiros e chefes capazes de distorcer a realidade.

Exploração Metroidvania e imersão
É na exploração que Mandragora realmente brilha. Inspirado no estilo Metroidvania, o design incentiva o retorno a áreas já visitadas com habilidades especiais, como gancho e esmagamento de solo, para abrir caminhos secretos. Pontos de viagem rápida e um mapa personalizável ajudam a minimizar frustrações, embora a escassez de inimigos em certas regiões possa prejudicar o ritmo.
A Árvore da Bruxa, ponto central de sua base, evolui junto com o jogador, abrigando ferreiros, costureiras e quadros de recompensas que aprofundam os elementos de RPG por meio de forjas e aprimoramentos.
Os ambientes em 2.5D combinam jogabilidade lateral com planos de fundo sobrepostos, criando profundidade semelhante a Prince of Persia: The Lost Crown. A trilha sonora orquestral assinada por Christos Antoniou e a FILMharmonic Orchestra Prague intensifica a atmosfera opressiva, enquanto efeitos ambientais — árvores rangendo, uivos distantes — mergulham o jogador na desolação de Faelduum.

Veredito
Mandragora: Whispers of the Witch Tree é um paradoxo — um jogo cujas virtudes em construção de mundo e exploração são por vezes ofuscadas por um ritmo de combate irregular e uma narrativa que vacila.
Sua direção de arte assombrosa, customização de classes complexa e exploração recompensadora agradarão fãs de Castlevania e Dark Souls, enquanto inimigos repetitivos e pequenos lags de input podem desagradar quem busca fluidez total.
Apesar dos tropeços, o jogo conquista seu espaço no gênero, oferecendo uma aventura sombria e expansiva que premia a curiosidade e a perseverança. Para quem topar o desafio e relevar seus deslizes, Mandragora é um testemunho de ambição em um cenário cada vez mais disputado.

Mandragora: Whispers of the Witch Tree já está disponível para Playstation 5, Xbox Series X|S, e PC via Steam.
*Análise produzida com chave para PC disponibilizada por Primal Game Studio