Sol escaldante, deserto até onde a vista alcança, veículos de guerra e uma história mais longa do que o necessário. Sand Land bota na mesa dinâmicas únicas, mas acaba abusando da boa vontade com sua história.

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Sand Land é uma adaptação do mangá de mesmo nome publicado no ano 2000 por Akira Toriyama e o lançamento do jogo coincide com uma nova série animada, onde os dois partilham de um novo arco para a história.

Reprodução/Bandai Namco

Em Sand Land, após uma grande guerra que provocou uma seca sem precedentes, um xerife humano chamado Rao parte em busca da ajuda da tribo dos demônios na tentativa de conseguir aliados para atravessar o deserto e encontrar o lago que seria a fonte de água do exército real, que usa desse monopólio para explorar o povo do deserto e sugar todo o seu dinheiro.

Com ajuda do Príncipe demônio Beelzebub e seu acompanhante Thief, os três saem pelo deserto imenso em busca desse sonho de liberdade que uma fonte de água carrega.

Sand Land
Reprodução/Bandai Namco

Apesar do jogo ser uma adaptação muito fiel ao mangá e a série animada, há uma diferença crucial quanto ao personagem principal da história. Beelzebub toma a dianteira da narrativa no jogo ao invés de Rao e essa mudança é sentida com algumas pequenas mudanças na história, momentos que tem o seu tom alterado e até cenas totalmente originais para o jogo.

Beelzebub é de longe o personagem mais capaz do trio de protagonistas de Sand Land e com o design mais distinto. Ele ser “promovido” a personagem principal em uma mídia interativa como um jogo é uma evolução natural, mas tira um pouco o peso presente em alguns momentos da trama.

A obra como um todo possui muito carisma e muito disso se dá pelos gráficos lindos que transmitem com exatidão todo o charme que o mundo e os personagens de Akira Toriyama tem, além da dinâmica entre os personagens que são completos opostos uns dos outros e também pela frequente subversão de expectativa.

O bom e velho mundo aberto vazio

O mundo aberto apresenta a velha dinâmica de outros jogos desse segmento, onde o jogador pode ir até torres no mapa e adquirir a localização dos pontos de interesse da região.

Infelizmente Sand Land não incentiva muito a exploração, já que quase todas as recompensas por se aventurar nesse mundo podem ser resumidas em adquirir recursos para criação ou aprimoramento das peças dos seus veículos.

Sand Land
Como todo jogo de mundo aberto moderno, temos as torres de reconhecimento presentes nesse título. Reprodução/Bandai Namco

Não há variedade nas atividades que você pode realizar no mundo e mesmo tendo áreas distintas no grande deserto, essa falta de recompensas significativas fazem o mapa gigante do jogo se tornar vazio.

Até existe sim uma única atividade no mundo aberto fora coletar recursos na forma das corridas de veículos, mas as corridas não adicionam muito ao jogo já que na campanha principal os veículos são amplamente utilizados a todo momento.

Já o Hub central de Sand Land, a cidade de Spino, volta e meia vai acabar recebendo novos moradores à medida que você completa Side Quests e muitas vezes isso se traduz em mais serviços e versatilidades disponíveis ao jogador nesta cidade.

Um foco diferenciado

A mecânica central de Sand Land são seus veículos e a função especial que cada modelo diferente oferece e com a possibilidade de troca instantânea entre eles, o jogador vai frequentemente alternar entre vários tipos diferentes de veículos feitos para viagem, combate ou até mesmo veículos que oferecem uma utilidade específica.

Sand Land
O visual de Sand Land é irretocável. Reprodução/Bandai Namco

Em boa parte da minha campanha, o jogo frequentemente me pedia para mudar de veículo, seja para enfrentar um chefe local, atravessar o deserto ou navegar por terrenos irregulares. Esse foco nos veículos também acaba gerando uma forma de combate mais ou menos única onde posicionamento e antecipação de movimentos e até mesmo o gerenciamento dos pontos de vida limitados dos veículos são as suas principais preocupações. 

O design dos veículos também é uma parte onde esse jogo brilha já que o design mecânico de Akira Toriyama era uma das facetas mais instigantes da arte dele, sempre com designs compactos, cartunescos e cheios de detalhes. O jogo possui 13 tipos de veículos ao total e cada um é uma pérola de design por si só e não satisfeitos com isso, a customização dos veículos permite que peças possam ser alteradas e elas podem possuir aparências únicas.    

Os recursos que são a grande recompensa por explorar o deserto de Sand Land vão inteiramente para a construção e upgrade de partes dos seus veículos. O jogo também possui um sistema de raridade de recompensas que pode premiar o jogador com partes já prontas.

Sand Land
Reprodução/Bandai Namco

Contudo, todo o sistema por trás da construção e upgrade de partes não são exatamente essenciais para a progressão do jogo. Claro que peças de raridade maior vão oferecer efeitos e números mais robustos, mas não é necessário que você parta em busca de recursos para upgrade durante a campanha, já que você terá o suficiente para atualizar suas peças para os níveis recomendados.

Há também a possibilidade de ir ao combate com Beelzebub de uma forma mais tradicional botando mão na massa, mas os embates corpo a corpo não tem um sistema elaborado e dá para perceber bem o quão ”duro” ele é desde o começo. 

O combate corpo-a-corpo apresenta uma dinâmica consideravelmente diferente, mas são poucos os segmentos onde não temos opção a não ser utilizar os próprios punhos. Fica difícil de não ter a impressão de que esse sistema de combate foi estabelecido apenas por obrigação de manter certos momentos da história fiel ao material original. 

Em algumas dungeons o jogo irá brincar com a perspectiva, transformando o jogo em um plataforma 2D. Reprodução/Bandai Namco

Sand Land tem legendas e menus traduzidos para o português, porém não há dublagem acompanhando o título. Já nas opções de acessibilidade, temos configurações especificas para 3 tipos de daltonismo e também a possibilidade de remapeamento total dos comandos.

Veredito

Sand Land é um jogo único no que se propõe que é esse combate focado em máquinas de guerra em tempo real e essa particularidade acaba fazendo ele se destacar ainda mais no cenário atual onde “jogo de anime” é sinônimo com o mesmo Arena Fighter baseado nos jogos de Naruto, só que com aparências novas.

É justamente por ser um jogo único dá para sentir que ele sofre um pouco as consequências de não ter tido recursos o suficiente de jogos passados onde ele poderia utilizar de inspiração  para superar suas deficiências. 

O jogo não é só único como também é lindo dado a sua direção de arte como um todo, mas o mundo não possui muitas atividades, todas as recompensas são decepcionantes e esses fatores não ajudam nas “dungeons” que são longas e repetitivas. Sand Land é um jogo muito curioso, mas ele não possui toda a carne necessária para alimentar as suas 25 horas de campanha.

Sand Land já está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox Series e PC via Steam.

*Review realizada no PS5. Chave para review cedida por Bandai Namco.

REVER GERAL
Enredo
Direção
Trilha Sonora
Jogabilidade
Design
critica-sand-land-e-cheio-de-charme-mas-tambem-e-vazioSand Land é um jogo único no que se propõe que é esse combate focado em máquinas de guerra em tempo real e essa particularidade acaba fazendo ele se destacar ainda mais no cenário atual onde “jogo de anime” é sinônimo com o mesmo Arena Fighter baseado nos jogos de Naruto, só que com aparências novas. O jogo não é só único como também é lindo dado a sua direção de arte como um todo, mas o mundo não possui muitas atividades, todas as recompensas são decepcionantes e esses fatores não ajudam nas “dungeons” que são longas e repetitivas. Sand Land é um jogo muito curioso, mas ele não possui toda a carne necessária para alimentar as suas 25 horas de campanha.