Desenvolvido pelo estúdio indie OhMyMe Games, Seafrog é um action-platformer 2.5D encantador e desafiador, combinando mecânicas de skate com exploração inspirada por Metroidvanias.

Lançado no último dia 15, o jogo convida os jogadores a mergulhar em um vibrante sumidouro oceânico repleto de navios deteriorados, personagens excêntricos e um protagonista sapo armado com uma chave de fenda movida a foguete.

Embora sua premissa pareça peculiar, Seafrog constrói uma identidade interessante por meio de seu humor, criatividade e design retro, ainda que ocasionalmente tropece em suas próprias ambições.

Uma história excêntrica de sobrevivência e trapalhadas

A narrativa acompanha um sapo mecânico e seu companheiro de IA, o Capitão Woodsbeard, que ficam presos no Seahole — um misterioso sumidouro em expansão cheio de navios abandonados.

Para escapar, os jogadores devem reparar embarcações, coletar combustível e enfrentar adversários bizarros em três capítulos temáticos. Cada capítulo apresenta um cenário e um chefe único, como fantasmas vikings a bordo do Sea Dragon, um surto de galinhas devoradoras liderado por Metal Beak the Momma Chacken, e uma tripulação caótica de macacos na Simian Textile Inc.

A história abraça um humor absurdista, com NPCs que falam em sons ininteligíveis e diálogos brincalhões, criando um tom leve e familiar. Embora o enredo sirva mais como pano de fundo do que como motor principal, seu estilo caprichoso combina com a energia caótica do jogo.

Seafrog
Reprodução/OhMyMe Games

Jogabilidade: fluidez em uma chave de fenda turbinada

No cerne de Seafrog está o movimento. A chave de fenda do protagonista funciona também como skate, permitindo que os jogadores deslizem em corrimãos, realizem manobras aéreas como o 360 Ribbit ou o Nostril Grab, e encadeiem combos para acumular um medidor de impulso. Esse medidor alimenta habilidades como escalar paredes, grudar em tetos e esmagar inimigos — um sistema que recompensa precisão e ritmo.

A mecânica de truques automáticos simplifica comandos complexos, permitindo que o jogador foque no timing dos pousos e na manutenção do impulso. Essa escolha de design pode não agradar a todos: de um lado, podemos elogiar sua acessibilidade e fluidez, enquanto do outro podemos criticar a falta de personalização manual das manobras.

A exploração é central para o progresso. Os navios funcionam como skateparks interconectados, repletos de Snakestones (120 colecionáveis), Master Gears (itens-chave para a história) e chips de modificação que ajustam atributos como saúde e velocidade. O navegador C-Star ajuda a rastrear objetivos, embora seu sistema de mapa possa ser confuso nas fases iniciais.

O combate, embora secundário em relação à plataforma, envolve ataques turbinados contra inimigos que variam de ratos gorduchos a piratas espectrais. As batalhas contra chefes se destacam pela criatividade, exigindo domínio das mecânicas de movimento em vez de força bruta.

Seafrog
Reprodução/OhMyMe Games

Charme visual e repetições cansativas

Visualmente, Seafrog adota um estilo retro 2.5D com ambientes inspirados em voxels e cores vibrantes. Faíscas saltam durante as manobras, e rastros de fogo acompanham os impulsos, reforçando a sensação cinética. No entanto, a arte ocasionalmente sofre com texturas borradas, principalmente em sequências aceleradas.

A trilha sonora mistura rock e melodias ambientais, mas raramente se destaca além de música de fundo. Efeitos sonoros — como o rangido de corrimãos, o estouro de inimigos e o rugido da chave de fenda — acrescentam satisfação tátil, enquanto os NPCs se comunicam por meio de vocalizações cativantes.

Apesar de seus pontos fortes, Seafrog enfrenta problemas de repetição. Retroceder a navios para coletar combustível e upgrades torna-se tedioso, agravado por um sistema de checkpoints punitivo que faz os jogadores renascerem em seu navio principal. O sistema de chips de modificação, embora inovador, oferece melhorias incrementais em vez de habilidades transformadoras, limitando o engajamento a longo prazo.

Seafrog
Reprodução/OhMyMe Games

Veredito

A OhMyMe Games entrega uma estreia que parece nostálgica e inventiva. O humor, a movimentação fluida e o design criativo de fases brilham, cativando fãs de jogos como OlliOlli World ou Mega Man. Porém, suas repetições e curva de dificuldade irregular podem afastar jogadores casuais.

Em conclusão, Seafrog é um experimento indie ousado que celebra a alegria do movimento e do absurdo. Apesar de suas arestas — como tarefas repetitivas e um mapa pouco intuitivo — impedirem que alcance o status de obra-prima, seu charme e criatividade o tornam uma jornada válida.

Para quem aceitar suas peculiaridades, Seafrog oferece um respingo refrescante no gênero de plataforma, provando que até um sapo com uma chave de fenda pode conquistar seu espaço no vasto oceano dos jogos.

Seafrog
Reprodução/OhMyMe Games

Seafrog já está disponível para PC.

*Análise produzida com chave para PC cedida por OhMyMe Games

REVER GERAL
Enredo
Direção
Trilha Sonora
Jogabilidade
Design
Matheus
Fã de Yu-Gi-Oh!, Drakengard/NieR e Tomb Raider. Nas horas vagas, analista de Relações Internacionais e professor de inglês.
critica-seafrog-e-uma-jornada-caprichosa-entre-skate-e-monstros-marinhosSeafrog é um experimento indie ousado que celebra a alegria do movimento e do absurdo. Apesar de suas arestas — como tarefas repetitivas e um mapa pouco intuitivo — impedirem que alcance o status de obra-prima, seu charme e criatividade o tornam uma jornada válida.