Lançado para Xbox Series X|S e PC em 21 de maio, Senua’s saga: Hellblade II dá continuidade a história da protagonista que dá nome ao jogo. Apesar de ser uma continuação direta, o título situa o jogador e permite que ele entre neste universo de cabeça e com muita imersão.

O título foi desenvolvido pela Ninja Theory e publicado pela Xbox Game Studios, já estando incluído no catálogo do Game Pass simultaneamente ao seu lançamento.

O caminho até aqui

Jogando novamente com Senua, após obter sua vingança como mostrado no primeiro game, somos colocados em uma nova busca: impedir que novas regiões fossem dominadas pelos escravagistas. Logo de início temos a protagonista capturada em um barco de outro clã, porém uma tempestade afunda a frota naval e dá a ela a chance de atingir seus objetivos. A partir deste ponto a história se desenrola e toma um rumo surpreendente para a personagem que conhecemos no primeiro game.

Dado o plot da história fica uma questão: é necessário ter jogado o primeiro game para entender o que veremos na continuação? Logicamente, a experiência com o título anterior pode trazer uma maior conhecimento acerca do universo narrado, porém não é necessário. De forma prática, a abertura já apresenta um trecho que relembra e situa o jogador no ponto atual da história.

Hellblade II -2
Reprodução/Xbox Game Studios

Falando um pouco mais da narrativa, ela se mostra consistente e coerente com a personagem e sua evolução. Saindo de uma protagonista intimista e desconfiada, vemos Senua evoluir e ser colocada em situações que irão exigir muito de autocontrole e liderança.

Tais fatores são conquistados passo a passo na história, inclusive explicitando com seu coro interno de vozes o quão desafiador está sendo para Senua. Momentos como este podem ser vistos em decisões que a vida de outras pessoas estão em sua mão e ela necessita agir apesar de suas vozes atuando contra ela.

Mas e a gameplay?

Como todo o foco do jogo é baseado na sua narrativa, a gameplay voltada para o combate é aplicada em momentos pontuais que se mostram bastante intensos e com uma quantidade razoável de inimigos. Diferentemente do primeiro jogo em que mais de um inimigo pode batalhar contra a protagonista, em Hellblade II temos uma batalha mais cadenciada e confronto sempre contra um inimigo.

Em relação a recursos para a batalha, a protagonista conta com a espada, uma habilidade especial – também presente no título anterior – e esquiva. As finalizações de inimigos são mais variadas e brutais do que foram apresentadas anteriormente.

Além disso, pela história ser mais expandida, os inimigos se mostram mais variados. Os já conhecidos Draugs estão juntos com soldados de outros grupos que seguem um padrão bastante semelhante na apresentação ao ter subtipos baseados em armas como espada, machado e até mesmo cuspidores de fogo. Os gigantes que enfrentamos são interessantes e visualmente chamativos, mostrando bastante criatividade em seus designs, movimentação e uma boa inclusão na história contada.

Senua's Saga -5
Reprodução/Xbox Game Studios

Outro elemento do gameplay que retorna ao game é a resolução de quebra cabeças. Em Hellblade II os tradicionais diagramas continuam presentes, porém em menor quantidade quando comparado ao primeiro game. Quando aparecem são de fácil resolução e passam uma intenção de que estão sendo utilizados para o jogador visitar outras partes do cenário, o que é interessante pela quantidade de elementos que compõem estas pequenas áreas exploráveis. Nestas áreas mais abertas podem ser encontradas árvores que ficam ocultas atrás das cabeças de pedra e os totens colecionáveis que trazem mais elementos de narrativa.

Acrescentado às mecânicas de puzzle foram colocadas interações que alteram elementos do cenários a partir da ativação de pontos. Por exemplo, quando uma determinada interação ocorre uma rocha muda de posição e pode liberar uma nova passagem. Assim como montar os diagramas, a manipulação dos cenários não é o ápice da complexidade e podem ser resolvidos de forma simples, entretanto, é bom ter formas de desafios diferentes de passar pelos cenários e evitar a repetição da mesma busca já utilizada em grande quantidade de franquia.

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Reprodução/Xbox Game Studios

Detalhes impressionantes

Em relação a gráficos, Senua’s Saga: Hellblade II é facilmente um dos jogos com melhores visuais da geração atual. Isso se deve muito a utilização dos recursos da Unreal Engine 5 com a capacidade técnica da Ninja Theory, pois os ambientes estão bem elaborados e criativos, sendo aplicada de forma impressionante a texturização e iluminação em todo o game.

Hellblade II -1
Reprodução/Xbox Game Studios

Inclusive a transição entre cutscenes e gameplay em Senua’s Saga: Hellblade II é praticamente  imperceptível, que unido a ausência de hud aumenta a sensação cinematográfica. O fator iluminação é explicitado pelo contraste de cenários, sendo alguns deles – como as cavernas – propositalmente escuros, mas trabalhados na forma com que a tocha espalha sua luz.

Senua's Saga -3
Reprodução/Xbox Game Studios

O viés cinematográfico poderia deixar o jogo monótono, mas graças as batalhas e o visual, o game mantém um ritmo bom e traz a tensão pretendida. Então, não se surpreenda de estar andando a alguns minutos e ainda sentir a intensidade do ambiente ou a imersão proporcionada pelas vozes e sentimentos da protagonista, transmitida de forma impressionante pela utilização da técnica de captura de áudio binaural.

A jornada vale a pena?

Senua’s Saga: Hellblade II é um jogo sensacional que apresenta um visual impressionante, narrativa muito atraente e gameplay funcional. Os jogadores que curtiram o primeiro jogo irão gostar da sua continuação, porém os jogadores que nunca tiveram contato é bom entenderem a proposta, pois não estamos falando de um hack and slash ou action RPG, mas sim de um jogo focado na experiência narrativa. Ainda sobre seu visual, a ausência de hud e a transição game/cutscene – que praticamente inexiste – colabora para o clima cinematográfico.

Assim como a captura de áudio, os efeitos sonoros também estão impecáveis e colaboram muito para a imersão no universo proposto. Este que ganha novos elementos com a adição de personagens secundários que colaboram com a evolução da protagonista, assim, mostrando sua mudança e como ela consegue lidar melhor com ela mesma, utilizando a seu favor o seu problema psíquico. Vale elogiar toda a pesquisa feita para a forma de agir da personagem, assim, não tratando a condição de forma caricata, mas trazendo informação e uma sensação intensa do é  estar na pele da personagem.

Complementar ao comentário do visual está a questão técnica do desenvolvimento do game. Isso porque, além da captura de áudios binaurais – já utilizados no primeiro game – também foi totalmente desenvolvido com a Unreal Engine 5. O novo motor gráfico oferece muitos recursos, com destaque para as partículas nanite que permitem trabalhar de forma detalhada a iluminação do cenário que foram muito bem utilizados pela equipe da Ninja Theory.

Enfim, joguem Senua’s Saga: Hellblade II, pois é sem dúvida um dos visuais mais bonitos da geração até o momento, também sendo uma experiência extremamente válida e divertida!

REVER GERAL
Narrativa
Gameplay
Visual
Ambientação
Efeitos sonoros
Renan Alboy
Editor do Megascópio e apaixonado por quadrinhos e jogos. Jogador de Gwent for fun e Mestre em Ciência da Computação.
critica-senuas-saga-hellblade-ii-e-o-melhor-grafico-da-geracaoSenua's Saga: Hellblade II é um jogo sensacional que apresenta um visual impressionante, narrativa muito atraente e gameplay funcional.