South of Midnight foi anunciado em 2024 durante a Xbox Games Showcase e desde então a cada novidade vinha chamando a atenção. Destaque merecido seja pela forma com que sua trilha sonora foi trabalhada, escolhas visuais ou direcionamento de sua narrativa. Chegando para Xbox Series X|S e PC em 09 de abril, o novo título da Compulsion Games (mesmos desenvolvedores de Contrast e We Happy Few) mostrou a que veio. Então, vamos explorar mais o que o jogo tem a nos oferecer?

O folclore ganha vida

No game, o jogador assume o papel de Hazel, uma garota que em meio a diversos problemas descobre que é uma tecelã, que é o tipo de uma guia mística que ajuda as pessoas. Após um furacão levar sua casa e sua mãe desaparecer, Hazel deverá enfrentar diversos desafios folclóricos para salvá-la. Em relação a parte folclórica e mística, a narrativa tem como referência muitos elementos da cultura do sul dos Estado Unidos, bastante vinculada a escravidão pelo seu processo de formação.

Uma coisa que se pode falar sobre a história é que ela sabe mesclar o folclore nos eventos do game. Isso torna cada uma das lendas apresentadas momentos únicos e que despertam a curiosidade desde sua apresentação até os trágicos finais dos personagens envolvidos. Ao todo, somos apresentados a seis histórias mais completas ao longo de todo o jogo, sendo também abordado outros personagens entre as lendas que servem como interlocutores e permeiam tais histórias de forma geral.

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Reprodução/Xbox Game Studios

Mas, além de uma trama marcante e bem trabalhada, outro grande acerto do jogo é sua duração. De forma geral, o game pode ser completado com um pouco mais de 12 horas, o que para uma proposta single player com plataforma e aventura está de bom tamanho. O estúdio soube explorar bem o material e transmitir a evolução da personagem e história de forma caprichada. Por exemplo, durante o jogo, Hazel troca de roupa três vezes e em cada troca fica nítido o seu avanço como personagem, bem como a mudança da situação narrativa.

A música é outro elemento presente durante toda a jogatina que colabora tanto para a ambientação quanto para a gameplay. Na parte de jogabilidade – que entraremos em mais detalhes posteriormente – ele traz um ritmo as batalhas, delineando bem a intencionalidade de cada uma delas. Já na parte narrativa ela combina por serem trilhas de jazz e blues, combinando com a cultura retratada e colocando o jogador ainda mais no que está sendo contado com seus ritmos energizastes letras que abordam mitologia local.

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Reprodução/Xbox Game Studios

Visual único

Desde seu anúncio, a questão visual do game foi bastante debatida. Isso porque, foi feito o uso da estética de cutscenes com técnicas de stop motion. E olha que escolha acertada! As cutscenes muito caprichadas e combinaram com o tom que a história apresenta. Durante alguns loadings ao final da fase, a nossa jornada como que percorrendo as páginas de um livro. Esse elemento dá um charme a mais e colabora ainda mais para reforçar os elementos das lendas que estamos vivendo com Hazel.

Em relação aos momentos em que estamos jogando, o game adota um visual um pouco mais padrão voltado ao lúdico, porém sem perder alguns traços que marcam o stop motion das cutscenes. Isso torna os ambientes interessantes e com características próprias. Os chefes e inimigos são marcantes e combinam bem com toda ambientação e demais escolhas visuais e mecânicas do títulos.

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Reprodução/Xbox Game Studios

Simples, mas ágil

Depois da narrativa e visual chegamos ao gameplay. Sua jogabilidade é bem refinada, responsiva e ágil, o que traz momentos extremamente divertidos e combates interessantes, principalmente contra os chefes ou arenas com maior quantidade de inimigos. Falando em combate, podemos usar as agulhas de tecelã, que servem como armas de combate, e itens mágicos que são ganhos ao longo das quatro primeiras fases. O intervalo em que eles são apresentados é interessante para o jogador absorver suas funcionalidades e entender como utilizá-los de forma mais otimizada nas lutas.

Para além do combate, os itens também têm papel fundamental no avanço dos trechos de plataforma. A parte aventura de South of Midnight se desenrola justamente nestes trechos de plataformas e em áreas semi-abertas que permitem a exploração para chegar nas áreas de luta e buscar por recursos de melhoria de habilidade, aumento da barra de vida e colecionáveis de texto espalhados pelos cenários.

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Reprodução/Xbox Game Studios

Veredito

South of Midnight apresenta uma narrativa marcante ao trazer emoções intensas, personagens bem trabalhados e excelente trilha sonora. Sua gameplay é extremamente divertida e mostra saber dosar bem os momentos de batalha, plataforma e exploração de áreas semiabertas. Assim, ela ambienta bem o jogador e deixa aquele gosto bom de videogame que trabalha de forma precisa e caprichosa pontos para ser um jogo marcante.

A mistura dos elementos mitológicos foi feita realmente de forma cuidadosa. Então quando pensamos em na música, personagens – pontos já anteriormente citados – e suas fontes míticas, temos não só uma história que sabe onde quer chegar, mas que também une um visual único e artístico para suas representações. O que valoriza ainda mais a escolha de técnicas de stop motion paras as cutscenes do game, que adicionam uma riqueza artística gigantesca ao trazer um visual tão diferenciado e fora do padrão em um momento que jogos de grandes empresas optam pelo realismo plástico que beira o genérico.

Sem dúvida, South of Midnight é um jogo que vale muito a pena ser jogado! Focado totalmente no single player, a Compulsion Games soube explorar todo o potencial do material em um título que sabe se estruturar bem em seu começo, meio e fim; prendendo o jogador e o deixando ansioso para ver o que mais este universo tem a oferecer.

REVER GERAL
Narrativa
Gameplay
Trilha sonora
Ambientação
Arte
Renan Alboy
Editor do Megascópio e apaixonado por quadrinhos e jogos. Mestre em Ciência da Computação e Jornalista.
critica-south-of-midnight-e-completo-e-muito-divertidoSouth of Midnight apresenta uma narrativa marcante ao trazer emoções intensas, personagens bem trabalhados e excelente trilha sonora. Sua gameplay é extremamente divertida e mostra saber dosar bem os momentos de batalha, plataforma e exploração de áreas semiabertas. É uma indicação certa!