Crítica: Street Fighter 6 traz um novo sabor para uma velha fórmula de sucesso – Com mais de 35 anos de história e um último capítulo bem duvidoso no seu currículo, Street Fighter 6 é o mais novo jogo da franquia que mostra, de uma vez por todas, o comprometimento da série com a satisfação do seu público.

World Tour

Além do clássico modo Arcade que conta as histórias individuais de cada personagem, o novo modo Single Player de Street Fighter 6, World Tour, é muito claramente um dos grandes focos do jogo.

Com uma campanha que chega às 20 horas de duração, World Tour é essencialmente um RPG onde podemos criar o nosso próprio personagem e customizar não só a sua aparência como também suas habilidades e ataques especiais através de mentores que podemos conhecer à medida que exploramos o mundo do jogo.

Crítica: Street Fighter 6 traz um novo sabor para uma velha fórmula de sucesso
Reprodução/Capcom

O modo World Tour se passa em sua maior parte em Metro City, na lendária cidade da série Final Fight e é bem justo dizer que essa campanha poderia ser chamada Final Fight RPG dado não só a natureza de encontros de batalhas curtos onde lutamos contra os mesmos inimigos sem rosto, mas também por tudo que rodeia esse modo. Desde NPCs que são recriação dos inimigos clássicos como Andore e Poison, e até mesmo uma recriação extremamente fiel da fase do metrô.

Além da história principal, o modo World Tour não foge da responsabilidade de ser o lugar perfeito para ensinar novos jogadores os sistemas do jogo e como lidar com oponentes que abusam desses recursos.

O jogo é repleto de mini-games para treinar fundamentos como Drive Parry e especiais de carregar e também sidequests que exploram todas as possibilidades e situações presentes em uma partida.

Crítica: Street Fighter 6 traz um novo sabor para uma velha fórmula de sucesso
Reprodução/Capcom

A campanha beira às 20 horas de duração e apresenta alguns picos de dificuldade durante sua duração. Ir atrás de completar sidequests, conhecer novos mestres e até mesmo conseguir equipamentos melhores é essencial para o progresso nesse modo.

Drive System

Todo Street Fighter tem uma mecânica principal que dita o “sabor” que o jogo terá. SFIII foi o sistema de parry, em SFIV tivemos o Focus Attack e em SFV foi a vez do infame V-System. 

O quê o Drive System tem de especial é que ele possibilita quase que um “best of” de todos esses sistemas que conhecemos no passado e, ao contrário das tendências de jogos anteriores, essas possibilidades se apresentam tanto em mecânicas ofensivas quanto defensivas.

Street Fighter 6
Reprodução/Capcom

O Drive Impact, que se assemelha bastante ao Focus Attack de SFIV, permite que jogadores ignorem uma quantidade fixa de golpes para abrir a defesa do oponente, já o Drive Rush permite encurtar distâncias em um piscar de olhos ou até mesmo estender combos.

Já o Drive Reversal permite criar um espaço em situações onde você se encontra sob pressão, enquanto Drive Parry permite que você se recupere de ataques mais rápido e até mesmo contra-atacar com muito estilo caso você consiga acertar um Parry perfeito. E como contrabalancear opções de interação tão poderosas? Punindo o jogador que abusa de forma indiscriminada.

Burnout é um estado que um jogador pode alcançar ao zerar a sua barra de Drive, enquanto estiver sob o efeito de Burnout, os personagens perdem acesso a todas as ações atreladas ao Drive System e o infame “Chip Damage” começa a ser um fator que os jogarem terão que lidar. Burnout também habilita a possibilidade de um atordoamento caso o personagem seja afligido por um Drive Impact que o jogue no canto da arena.

A diversão é permitida

Outra parte do sistema que sempre foi algo presente em Street Fighter e que agora faz parte da integração com o Drive System são os famosos comandos EX, que nesta versão do jogo são conhecidos como Overdrive. 

Em todos os jogos passados da série, golpes EXs eram versões melhoradas de golpes especiais, porém usavam o recurso acumulado da barra de super até aquele ponto. Já em SF6, com os antigos golpes EX atrelados a barra de Drive que se restaura automaticamente com o tempo e é cheia por completo no início de cada round.

Além disso, a barra de super continua intocada e a única forma de interagir com ela é utilizando qualquer um dos 3 “Supers” que todos os personagens têm acesso. É fácil ver que a diversão não é só permitida, como também é muito incentivada nesse jogo.

Uma parte de Street Fighter V que foi muito criticada no seu lançamento, e que por muito tempo era algo presente em todos os DLCs lançados posteriormente, era a sensação de que todos os personagens eram homogeneizados. Todos os ataques eram similares e exerciam as mesmas funções e poucos personagens tinham algo realmente único que não estivesse atrelado a um uso limitado.

Street Fighter 6
Reprodução/Capcom

Com tudo, em Street Fighter 6 Todos os personagens possuem kits completamente revisados e cheios de possibilidades e funcionalidades novas. O próprio Ryu não só possui todos os golpes especiais que ele acumulou com os anos, como também possui 2 novos golpes especiais na forma de Denjin Charge e Hashogeki.

Esses dois novos golpes oferecem novas formas de interação que o Ryu já se encontraria em outros jogos e permite ao jogador ter mais opções durante a partida. Jamie, um personagem novato de SF6 focado em acumular cargas da sua “bebida especial” ,que permite desbloquear novos golpes a cada novo acúmulo, gera uma dinâmica muito única onde tipo de abordagem com o personagem, tanto jogando com ou Jamie ou contra ele, pode mudar drasticamente durante a partida e também do quão bem você conhece o personagem e o jogador em questão.   

Além disso, todas as vantagens e desvantagens que vêm de usar e abusar do Drive System cria um senso de risco e recompensa muito alto para cada decisão tomada. Mesmo que um jogador saiba aplicar perfeitamente todos os usos da sua barra de Drive ainda pode acabar em estado de Burnout, só que em uma posição extremamente favorável e cabe ao jogador decidir a melhor maneira de arriscar jogadas ousadas usando esse recurso ou saber como aproveitar a oportunidade para virar o jogo.

Online, Battle Hub e recursos

SFV foi um jogo condenado desde o início com um netcode péssimo. Era difícil para o jogo manter uma boa performance online até em partidas onde os dois jogadores moravam na mesma cidade.

Já em SF6, para o alívio dos jogadores, a solução online do jogo não só funciona perfeitamente, como também exibe todos os dados relevantes como o tipo de conexão (wi-fi ou cabo ethernet), delay, ping e frames de rollback. Crossplay também está presente no jogo para garantir uma comunidade unida e ativa durante toda a vida útil do jogo.

Crítica Street Fighter 6
Reprodução/Capcom

SF6 também oferece aos jogadores, além da boa e velha fila de partida ranqueada e casual que também estava presente em SFV, um Hub que é um ambiente descontraído onde os jogadores podem se juntar e travar batalhas com seus personagens customizados, participar de torneios organizados tanto pelos jogadores quanto gerado automaticamente pelo sistema, jogar sets de partidas sem limite definido ou até mesmo jogar alguns clássicos da era dos arcades como Final FIght, Magic Sword e Street Fighter 2 e esses jogos são atualizados diariamente. 

Pequenos detalhes e recursos também adicionam muito a experiência. O modo de treinamento do jogo oferece todas as informações que um jogador mais dedicado pode querer. Desde a frame data pura e simples em tempo real e um indicador de quando é possível tomar outra ação, até presets de treinamento gerais que podem te ajudar a reagir e aprender melhor como lidar com situações cotidianas do jogo.

Acessibilidade

Como todo jogo de luta recente, há um esforço para que o jogo se torne algo mais acessível ao público geral já que a quantidade de comandos diferentes e a execução pode ser um pouco assustadora para os não iniciados. Os chamados “Controles Modernos” nasce dessa iniciativa de ter uma forma mais simplificada de interagir com o jogo, mas também é uma forma inteligente de ver como esse jogo deveria funcionar.

Na sua concepção, Street Fighter é um jogo de Arcade com 6 botões e essa foi a norma durante todos esses 35 anos de série, exceto que agora a principal forma de interagir com um jogo é pelo seu controle que tem apenas 4 “botões de face” e alguns “botões de ombro” auxiliares.

Os controles modernos fazem a lógica de Street Fighter ser transportada e adaptada para essa realidade e também casa muito bem com a proposta de uma campanha single player robusta.

Crítica Street Fighter 6
Reprodução/Capcom

O esquema clássico de comandos ainda está presente no jogo, mas agora há a opção de termos algo que faça mais sentido para os jogadores ou que não possuem um controle no estilo arcade ou não cresceram com os 6 botões habituais.  

Curiosamente, há uma aba especial de acessibilidade sonora pra jogadores PcD e isso pode auxiliar e muito a vida de quem possa ter algum tio de deficiência visual, com indicadores sonoros para muitos aspectos do jogo e que permite o jogador a se localizar com certo nível de precisão apenas com sons. Contudo, não há no jogo a possibilidade de mixar o volume das diferentes opções de acessibilidade, apesar de ter como mixar o volume de todos os outros tipos de efeitos sonoros regulares do jogo.

Já quando o assunto é desempenho, a versão de PlayStation 4 SF6 pode apresentar algumas quedas de quadros, uma qualidade no geral menor no modo World Tour e também a falta de alguns detalhes como a animação de músculos flexionando durante certos golpes e supers.

Crítica Street Fighter 6
Reprodução/Capcom

O jogo também vem com a opção de v-sync ativa por padrão, aumentando ligeiramente o delay entre um comando ser realizado fisicamente e este mesmo comando ser refletido na tela. Essas são diferenças meio que já esperadas de uma versão feita para a geração anterior e não atrapalham de verdade a experiência do jogo, mas alguns detalhezinhos como esses podem incomodar jogadores mais exigentes.

SF6 possui tradução em português de legendas e menus, porém o áudio é apenas em inglês ou japonês. A é uma tradução muito competente e torna a experiência completamente adequada para o jogador brasileiro.

Veredito

Street Fighter 6 é sem sombra de dúvidas um pacote completo, tanto para os jogadores mais dedicados quanto para quem só namora jogos de luta. Todos os personagens do jogo esbanjam carisma e também cada um possui uma mecânica única, o online do jogo é mais do que competente e cheio de atividades além da fila de ranqueada e a campanha single player é absolutamente carregada de conteúdo. Pode haver um ou dois “socos fracos” no pacote que compõem o que é Street Fighter 6, mas todos os seus nocautes mais que ofuscam esse pontos.

Street Fighter 6 está disponível para PlayStaion 4, PlayStation 5, Xbox Series e PC via Steam.

Chave para review cedida por: Capcom

REVER GERAL
Enredo
Direção
Trilha Sonora
Jogabilidade
Design
critica-street-fighter-6-o-campeao-voltouCom todos os recursos que a comunidade sonhava em ter com os jogos anteriores, um ambiente online robusto, novos e velhos personagens com kits de mecânicas novas e super interessantes e uma campanha single player única no meio dos jogos de luta, Street Fighter 6 é um exemplo perfeito do que um jogo de luta de respeito deveria oferecer.