A quarta e última parte de The Witcher: Wild Animals foi publicada e agora temos a história completa! O material, publicado pela Dark Horse Comics em parceria com a CD Projekt Red, começou a ser publicado no último trimestre de 2023 e finalizado neste mês de fevereiro. Com roteiro de Bartosz Sztybor, arte de Natiliia Rerekina e cores de Patricio Delpache, nos é apresentada uma história com com bastante ação, diálogos interessantes e uma trama que deixa d elado a decadência dos bruxos e aborda de forma mais direta a luta por ideais e a bestialidade entre as pessoas.
Entre textos e subtextos
Em sua narrativa é mostrado inicialmente Geralt em um barco cumprindo um contrato. Após desentendimentos, o bruxo é atacado pelos homens que o contrataram e acaba tendo que fugir, pois eram um número muito maior para o combate. Largado em uma margem do rio, ele é cercado por lobos que o cheiram, porém são mortos por um aldeão. Já em segurança e se recuperando dos ferimentos, seus salvadores são assassinados e Geralt é sequestrado pelos ‘Ome. Este é um grupo que prega a boa convivência com todos os seres e precisa da ajuda do bruxo para descobrir quem assassinou um grupo de afogadores.
Analisando os contextos colocados na história fica bastante claro os subtextos apresentados. Diferente de ‘Fade Memories’ e ‘Witch’s Lament’, que seguiam uma direção de mostrar o não pertencimento em uma sociedade problemática, ‘Wild Animals’ retoma aspectos de ‘Reasons of State’ e ‘The Ballad of Two wolves’, ao mostrar o conflito de interesses, com pitadas de ‘Casa de Vidro’ com o questionamento de quem seria o verdadeiro monstro. quando misturamos estes elementos temos uma história que dialoga com diversos tópicos, mas destaca como as relações tendem a se tornar violentas independentemente do ideias defendidos.
Como um todo, a história é consistente e apresenta personagens marcantes e funcionando bem como uma missão paralela para quem já jogou um ou mais títulos da franquia. Tal abordagem é vantajosa, pois torna o material acessível ao não criar dependências com histórias anteriormente publicadas. Logicamente, quem já tem conhecimento do universo poderá pegar mais referências em relação a bestiário, porém um leitor leigo não é prejudicado e tem total entendimento dos acontecimentos.
Arte e cores
Assim como outras edições anteriormente lançadas, as artes e cores são bem utilizadas e combinam com o tom da narrativa. Também destaca-se o uso destes recursos para mostrar a dualidade dos ideais defendidos pelos grupos antagônicos. Por exemplo, os ambientes internos ao castelo (e a prisão) são carregados de cores quentes, com destaque para o vermelho, que após a caça do urso mantém um ar de violência.
Por outro lado, a região habitada pelos ‘Ome se apoia em cores naturais, o que reforça suas ideias de paz e bom convívio. É válido destacar que são elogiáveis as armaduras dos soldados ‘Ome. Como um jogador de The Witcher é possível falar que elas seriam muito bem vindas no game.
Veredito
The Witcher: Wild Animals é uma boa HQ, que consegue trazer reviravoltas impactantes e mantém os principais elementos conhecidos do universo da franquia. Sua arte é bonita e apresenta consegue abordar bem o contraste entre os grupos que se enfrentam ao mostrar a região interna ao castelos com cores mais quentes, que trazem um ar mais violento, e dos ‘Ome com cores mais vivas, assim, contextualizando bem com seus ideais. Vale adicionar que a história é acessível e não cria dependência com outras anteriormente publicadas, funcionando muito bem como uma missão secundária para quem conhece os games da franquia.
Falando em ideias, a temática abordada tira o foco da obsolescência dos bruxos no continente e volta seus olhos para um misto de relação entre pessoas e seu convívio com a natureza. E certo ponto lembrando uma abordagem vista em ‘A Casa de Vidro’ com ‘Reason of States’, que são duas ótimas histórias do universo da franquia. Assim, tanto pela sua arte, narrativa como um todo e subtextos que podem ser observados, Wild animal é um quadrinho que agrada desde um fã de The Witcher até um leitor mais casual. Sem dúvida é uma indicação certa de leitura.