Roteirizada por Bartosz Sztybor, desenhada por Roberto Ricci com cores de Fabiana Mascolo, o quadrinho Cyberpunk 2077:Blackout foi finalizado neste mês de setembro com o lançamento de sua quarta edição. A história é fruto de uma parceria entre a CD Projekt Red e Dark Horse Comics que já renderam diversas revisitações a Night City e ao Continente de The Witcher. Assim como em outras histórias que abordam Cyberpunk, Blackout traz uma cidade opressora, personagens comuns e ao mesmo tempo marcantes.
Em sua narrativa acompanhamos inicialmente Arturo, que trabalha para a DMS (Diverse Media Systems) na manutenção e edição de fitas de braindance. Devido a Blackouts frequentes que Night City vem sofrendo, ele tem dito uma grande quantidade de trabalho, assim, cada vez mais contatos com as pessoas que utilizam as fitas ou são obrigadas a usar por alguma condição. Após um evento traumático, Arturo se questiona sobre a forma de utilização do braindance e reúne um grupo para uma grande ação.
A arte é competente e caracteriza bem o coração de Night City ao trabalhar com o contraste de cores e diferentes ângulos de enquadramento. Também são bem curiosas as cenas em que Arturo conserta os equipamentos, sendo mostrados o todo em tons de cinza e apenas o personagem com cores. Isso revela de forma eficiente como as pessoas utilizando os equipamentos estavam fora da realidade, ou até mesmo como enxergavam a vida fora do mundo virtual.
Assim como Arturo, os demais personagens também são bem representados ao destacar suas humanidades dentro da contraditória sociedade de Cyberpunk 2077. Isso levanta pontos muito interessantes, como por exemplo, que nem toda tecnologia pode remediar ou nos afastar dos sentimentos, sendo se esconder atrás de realidades ilusórias um erro. Também é abordado na narrativa a mercantilização das pessoas, em que qualquer uma de suas ações ou desejos se tornam motivos para as corporações daquele universo, não só explorar de forma a lucrar, mas induzir ao consumo de forma desregrada.
Vale a pena a leitura?
Cyberpunk 2077: Blackout apresenta boas ilustrações, cores e roteiro. Todos os elementos anteriormente citados são coerentes com o universo representado e trabalha bem uma das diversas questões postas nos RPGs anteriormente lançados e o game da CD Projekt Red, estando entre estes pontos o conflito do indivíduo com uma sociedade opressora que desumaniza as pessoas as transformando em produtos.
Dentro deste contexto, Night City (e suas corporações) se mantém como uma protagonista implacável, enquanto que os personagens que acompanhamos mostram de forma explícita e individualizada os reflexos da influência que sofrem, bem como isso os afeta. Ainda sobre o contexto da história, é impressionante como os quadrinhos de Cyberpunk explora elementos pontuais deste rico universo, mostrando muitos tópicos que ainda podem ser abordados e trazer histórias que dialogam bem com o tempo em que vivemos.