O diretor Mike Flanagan assume o comando da sequência do famoso e controverso The Shining (O Iluminado), Mike consegue ajustar uma série de detalhes para garantir a continuidade da adaptação de Kubrick de 1980. Flanagan envia o agora adulto Danny Torrance de volta ao hotel Overlook, do qual ele escapou com a mãe, para finalmente encontrar o seu fim.
O filme se inicia contando -em excesso- sobre a infância de Danny Torrance que conseguiu sobreviver a uma tentativa de homicídio por parte do pai no Hotel Overlook. Agora que Danny cresceu e se tornou um adulto alcoólatra, quase falido e traumatizado. Por fim ele se estabelece em uma pequena cidade, onde consegue um emprego.
A trama começa a se tornar interessante quando Dan ou Danny cria um vínculo telepático com a jovem Abra, uma menina com poderes tão fortes quanto aqueles que ele bloqueia dentro de si. Flanagan faz questão de deixar claro que tudo é proveniente do que pudemos ver no longa de 1980 e é claro que para isso, ele faz questão de inserir diversas referências ao longo da trama e atores com características semelhantes ao seu antecessor.
Danny após se tornar um adulto quase igual ao seu pai, tem parte da sua iluminação bloqueada, mas após conhecer a jovem isso muda. Um dos pontos que deixa o espectador um pouco fatigado é a demora para que os arcos de ambos se entrelacem. Em contrapartida temos a inserção de novos personagem na trama, como Abra (Kyliegh Curran) e Rose the Hat (Rebecca Ferguson) que além de roubarem a cena, são a própria personificação do Ying Yang. Abra se apresenta como um ser extremamente iluminado enquanto Rose se dedica a roubar tal brilho de crianças indefesas para se alimentar mantendo-se assim sempre jovem.
Rose conta com uma espécie de trupe que a auxilia a roubar o brilho de crianças, porém a “trupe” para por ai. Apesar do filme contar com duas horas e meia, Rose é a única com o tempo de tela bem aproveitando, deixando os outros apenas com uma única função, a de morrer.
Vale frisar que o filme consegue abordar bem o que é um embate psíquico, explorando assim mais sobre o que é ser uma pessoa com o dom da iluminação, porém mais uma vez a inserção de cenas desnecessárias do cotidiano dos personagens anulou a chance de exploração de como é lidar com uma criança em sua fase pré-adolescente com esse dom.
E nesse embate todo, onde Danny se encaixa? O personagem da continuidade aos passos do chefe do Overlook, Dick Hallorann, que serve como uma espécie de mentor/guia para ele. Danny então embarca na missão de seguir os passos de Dick, auxiliando Abra com seu dom para que a jovem não acabe nas mãos de Rose the Hat e sua gangue.
Os arcos dos personagens são ligados por assassinatos e mortes e todos eles os levam ao famoso hotel Overlook, onde Danny com a ajuda de Abra consegue deter Rose. Por muitas vezes o espectador vai se questionar a respeito do título desse longa, Doutor Sono, já que o mesmo não exerce de fato essa profissão e não atua como protagonista de sua história.
Danny só atua de fato como protagonista quando finalmente chega ao hotel, onde Flanagan larga as rédeas e nos proporciona a junção do passado e presente do personagem. O filme consegue alcançar tanto à nostálgica, quanto bons momentos fantasiosos, porém peca com a quantidade de subtramas mal exploradas.
NOTA: 3,7 / 5