Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes | Crítica – Finalmente assistimos Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes, e vamos começar essa resenha falando sobre a tradução do título do filme?
Em busca de uma recepção melhor no mercado brasileiro, eles optaram por substituir a palavra ladrões por rebeldes, o que é uma tentativa válida para quem estiver perdido no shopping procurando algo para assistir no cinema!
Fazendo jus ao RPG de mesa
Já para os fãs do RPG de mesa e para qualquer um que já está acostumado com o termo pode causar certa estranheza mesmo que em determinado ponto da história nossos protagonistas de fato cheguem ao patamar de rebeldes, mas a gente já chega lá.
Vale pontuar também que não é a primeira vez que Dungeons & Dragons é adaptado, existe um filme de 2000 com vibes Pequenos Espiões, que conta com atores como Jeremy Irons e Marlon Wayans e que provavelmente caiu no esquecimento do grande público, então esse filme tinha entre muitas aspas uma missão primária de não ser um fracasso como a versão de 2000 e enfim fazer jus ao RPG de mesa mais famoso que existe.
As expectativas do filme estavam moderadas então o coração estava bem aberto para receber o filme, dito isto o filme me surpreendeu positivamente em vários aspectos, na trama, nas homenagens ao jogo e principalmente na comédia.
Uma farofa bem feita!
O elenco conta com rostos muito conhecidos como Chris Pine, Justice Smith, Sophia Lillis, Michelle Rodriguez, Regé-Jean Page e Hugh Grant e a primeira coisa que eu lembro de ter pensado quando vi todos esses nomes e rostos no primeiro trailer foi ‘’Farofa, tá aí uma farofada!’’ E para minha surpresa, eu estava muito errado e muito certo! É de fato uma farofa, mas uma farofa daquelas bem feitas. O filme é divertido demais!
E isso eu e todas as pessoas na cabine da Paramount não podemos negar, porque diversas vezes diálogos foram perdidos rindo de cenas anteriores. Como uma boa aventura de RPG, temos nosso grupo de personagens únicos com traços de personalidades extremamente duvidosas, exercendo profissões estereotipadas e um vilão em comum que ameaça acabar com o mundo e pior ainda! Separar a família do protagonista!
Em diversos momentos você se vê de fato em uma mesa jogando com seus amigos esperando pela próxima solução para determinado problema que o roteiro coloca em seus caminhos e como em toda mesa, a solução quase sempre é tosca, inesperada e ineficiente! O que geralmente nos leva para um caminho mais demorado e mais divertido em nossa jornada!
Claro que como blockbuster o filme tem que seguir várias fórmulas e acaba caindo em clichês de filmes de aventura em vários momentos, mas isso não tira o brilho do filme, muito pelo contrário, acaba dando uma alma e pode começar a pavimentar um caminho para um novo universo de filmes de D&D, que não necessariamente precisam ser uma grande saga, e não necessariamente precisam seguir uma linha do tempo ou repetir personagens, mas que podem sim acabar virando uma grande franquia da Paramount como Transformers e Pânico!
Precisamos falar também do quão o mundo de D&D é gigantesco e como a quantidade de criaturas e magias em um filme só é limitada para que a gente possa se concentrar nos personagens e no curso da história.
O que antes eu achava que poderia ser um problema na verdade virou também uma solução, porque a maioria dos personagens é bem limitado em relação aos seus poderes, mas todos eles geram um quentinho inexplicável todas as vezes que usam suas habilidades, e ainda sobre isso a parte mais legal é que eles não perdem tempo explicando, não se falam tecnicamente de praticamente nenhum feitiço durante todo o filme, na verdade basicamente só falam quando tem a ver com a história e de porque eles precisam fazer ou desfazer determinado feitiço o que acaba virando um ponto positivo a mais para o público geral do filme.
Foi um crítico?
Agora um ponto que eu gostaria que tivesse sido mais trabalhado são as roupas e a caracterização dos personagens, porque apesar de termos alguns exemplos bons como o clérigo e a bruxa vermelha temos um bardo, uma druida e uma bárbara feitos ‘’de qualquer forma’’.
Além de termos minions, lacaios, ou como quer que você queira chamar vilões do filme feitos de qualquer forma, em certo momento pensei que isso poderia ser proposital, para assim como nas histórias que jogamos saber quando eles são importantes e quando são apenas um empecilho em determinado ponto da história, mas isso não é suficiente para me convencer que eles não poderiam ter trabalhado mais, deixar mais bonitos, mais estiloso, porque afinal de contas sempre gostamos de um bom vilão, de uma dualidade e principalmente de um bom design, um design que nos deixa em conflito.
O que acaba nos levando ao ponto previsível do filme, de que a todo momento sabemos que o conflito vai ser resolvido, não sabemos exatamente como, mas a todo momento ficamos com a sensação de que o mal está vencendo por muito, sem fazer esforço e uma contestação a isso é iminente.
Agora sem dar spoilers, vamos combinar que uma ameaça como Hugh Grant não tem nenhuma possibilidade de ser levada a sério, não é? Meu destaque de atuação individual vai pro astro de Bridgerton, René-Jean Page, porque apesar de sua presença no filme não ser integral, é muito marcante por diversos trejeitos que nos remetem mais uma vez diretamente para o jogo, com uma personalidade inabalável, forma de falar extremamente caricata, uma sorte totalmente absurda e uma maestria com e espada de se fazer inveja em qualquer mesa de RPG.
Caso vocês tenham interesse neste filme sugiro ir com o coração aberto, sabendo que uma aventura é tão divertida quanto você é capaz de imaginar! E pensar nas possibilidades de coisas que estão por vir foi um exercício gostoso de se fazer durante todo meu caminho pra casa após assistir Dungeons & Dragons: Honra entre Rebeldes!
Filme conferido em cabine de impressa
Crítica escrita por: Renan Jordão