Depois do gancho deixado pela season finale da primeira temporada de The Umbrella Academy, fãs da série da Netflix esperavam ansiosos pela continuação da história de nossos sete irmãos Hargreeves. Entretanto, como passamos a esperar da adaptação dos quadrinhos de Gerard Way e Gabriel Bá (publicados pela Devir no Brasil), a segunda temporada veio recheada de reviravoltas explosivas que mexem com a cabeça do espectador. Nada ocorre como imaginamos que ocorrerá, e ainda assim, tudo faz sentido. Confira o que achamos da segunda temporada de The Umbrella Academy, sem spoilers.
O desafio de sete protagonista
Na primeira temporada da série, somos apresentados aos sete irmãos Hargreeves: Vanya (Ellen Page), Allison (Emmy Raver-Lampman), Número Cinco (Aidan Gallagher), Klaus (Robert Sheehan), Luther (Tom Hopper), Diego (David Castañeda) e o já falecido Ben (Justin H. Min). Entretanto, no primeiro capítulo dessa aventura, vemos que alguns dos irmãos tem papeis mais importantes do que os outros, o que não acontece na segunda temporada. Em The Umbrella Academy 2, os sete heróis possuem arcos pessoais importantes que se intercalam no final, fazendo com que cada uma de suas ações culminem no chocante gancho do último episódio.
Com o desafio de apresentar tantos personagens e suas particularidades fora do caminho, a segunda temporada também conseguiu focar mais no desenvolvimento pessoal de cada um. Utilizando de ferramentas de narrativa inteligentes ou até mesmo clichês (olá, amnésia!), conhecemos mais de cada irmão Hagreeves e vemos sua evolução pessoal ao decorrer dos episódios. Apesar de algumas histórias serem mais elaboradas que outras, é impossível não elogiar uma série onde até mesmo os mortos passam por desenvolvimento de personagem.
Novos personagens cativantes
Esta seção da crítica possui apresentação dos novos personagens – se você considera como spoiler, recomendo pular.
Apesar de contar com um elenco principal já muito grande, a segunda temporada de The Umbrella Academy consegue inserir novos personagens marcantes na sua narrativa. Destaque para Lila (Ritu Arya), que é introduzida como colega de manicômio de Diego, mas acaba tendo grande importância na narrativa. Seu desenvolvimento pode parecer apressado em certas partes, especialmente no quesito relacionamento, mas é impossível não ficar interessado nas nuances da personagem.
Em sua viagem no tempo, Allison também ganha um marido chamado Raymond Chestnut (Yusuf Gatewood), líder do movimento dos direitos civis em Dallas e simplesmente um amorzinho – que também sofre seus altos e baixos devido a vida nada normal de sua esposa. Já Vanya acaba parando na família de uma jovem dona de casa chamada Sissy (Marin Ireland), que passa por uma jornada de auto descoberta que com certeza vai ressonar com muitas pessoas.
E claro, além do retorno de antigos antagonistas, a nova temporada nos presenteia com a introdução de um trio de assassinos dinamarqueses que são mais do que parecem. No puro caos que passamos a esperar de The Umbrella Academy, esses três serão responsáveis por muito sangue e violência nessa nova temporada. Mas também trazem o outro lado que a série sempre apresenta, onde ninguém é puro bem ou puro mal. Ou bem, quase ninguém.
Temas atuais
Com seus elementos controversos, a série da Netflix nunca temeu se aprofundar em temas atuais e polêmicos, já tendo personagens LGBTQ+, tratando de transtorno pós-traumático e outras psicopatologias e outros assuntos. Contudo, a segunda temporada de The Umbrella Academy consegue abordar ainda mais esses assuntos devido ao fato de que agora estamos nos anos 60 nos Estados Unidos, uma época de levantes pelos direitos civis das minorias.
Vemos o racismo escancarado em cenas marcantes envolvendo o núcleo de Allison – tornadas ainda mais relevantes devido à recência do movimento Vidas Negras Importam. A série não esconde a brutalidade do movimento, mas não abusa de violência gratuita devido à importância do tópico. Tópico este, que por sinal, tem muita relevância na história devido ao foco em J. F. Kennedy, presidente estadunidense que foi assassinado, e suas visões pró direitos civis.
Homofobia também é abordada com os personagens Klaus (que já era abertamente homossexual na primeira temporada) e Vanya, que recebe um merecido novo interesse romântico. O novo romance de Vany é ainda mais impactante quando levamos em conta que a atriz que a interpreta, Ellen Page, é abertamente lésbica e luta pelos direitos LGBTQ+ há anos… E francamente, ela tem muito mais química com sua nova parceira romântica do que com o da primeira temporada, e isso traz muito mais emoção para a trama.
Repetindo a primeira temporada?
Como sabemos, a segunda temporada lida com os nossos protagonistas sendo levados ao passado, e a série leva isso muito a sério. Ao abordar um tema clássico de ficção científica, vemos como The Umbrella Academy lida com os desafios de inserir uma história de viagem no tempo em sua – já complexa – narrativa. Já nos primeiros minutos do primeiro episódio, vemos como alterar o passado pode ter consequências catastróficas… e mais uma vez, nossos heróis precisam evitar o apocalipse.
A premissa soa familiar? Mais uma vez começamos um capítulo da história onde o Número Cinco precisa encontrar seus irmãos e convencê-los a lhe ajudar a parar o apocalipse que se aproxima. Entretanto, com novas motivações, um novo cenários e novos conflitos, o rumo da história é completamente diferente e vai te surpreender a cada episódio. A segunda temporada de Umbrella Academy consegue elevar os conceitos da primeira e levá-los a novos patamares, em uma jornada onde você irá rir, chorar, gritar e prender o fôlego ao acompanhar as loucas aventuras dos irmãos Hargreeves.
Terceira temporada
Assim como a primeira, a segunda temporada termina com um gancho que te deixa ansioso para saber mais. Ainda assim, não há nenhuma informação sobre a confirmação da terceira temporada, mas devido a popularidade de The Umbrella Academy, é muito provável que a confirmação venha em breve. De toda forma, haverá uma espera até a continuação dessa história, então recomendo que aprecie com moderação – se conseguir resistir os ganchos deixados no final de cada episódio. Claramente, eu não consegui, pois cada capítulo me deixou sedenta por mais. E com essa frase, deixo clara minha recomendação – e se por algum motivo você está lendo essa crítica sem ter visto a primeira temporada, pegue sua pipoca, corra para a Netflix e prepare-se para loucuras.