Forspoken | Crítica – Forspoken é o novo jogo AAA que foi desenvolvido pela Luminous Productions, um estúdio do grupo Square Enix fundado em 2018.

O jogo foi desenvolvido de forma conjunta entre a equipe do Japão e a equipe do ocidente, algo bem curioso quando se trata de empresas japonesas, e essa não foi a única novidade positiva do jogo.

Forspoken conta com a direção de Takeshi Aramaki, que também é o “head” da Luminous Productions e a produção criativa de Raio Mitsuno. Já pelo lado ocidental da equipe, o jogo conta com os roteiros de Alisson Rymer e Todd Stashwick.

Forspoken Crítica
Reprodução/Square Enix

A menina de Nova Iorque que ama gatos! 

Nesse jogo que é uma fusão de magia e parkour com ação, temos a protagonista Frey Holland que é transportada para a linda, perigosa e gigante Athia, um misterioso continente em outro mundo que era governado por quatro magas poderosas, as Theias.

Tudo começa no dia 22 de dezembro em um tribunal em Nova Iorque onde o jogador controla Frey que, além de estar prestes a completar 21 anos, também está indo para um de seus muitos julgamentos por furtos na cidade. 

Após ter passado sua vida em orfanatos, a protagonista atualmente está passando por uma crise de identidade e tem um grande desejo de deixar a cidade onde foi abandonada por seus pais. É possível perceber a delicadeza com que o roteiro torna essa situação da protagonista palpável e muito cinematográfica. É simplesmente impossível não citar que uma das principais responsáveis por fazer a Frey ser uma personagem cativante é a própria atriz Ella Balinska (As Panteras, Run Sweetheart Run, Resident Evil). 

Com um humor ácido de traço Nova-Iorquino, o próprio jogo brinca com a ideia de ser um isekai e em seus primeiros minutos debocha do famoso caminhão/ônibus que sempre atropela o protagonista da obra o levando para outro mundo. 

Com facilmente mais de trinta horas de campanha principal, a trama traz um grande impacto emocional antes mesmo da protagonista ser transportada para esse novo mundo, já que a mesma tem um grande sonho de sair daquela cidade, porém muitas coisas entram em seu caminho.

Com Forspoken, finalmente temos um jogo AAA com uma protagonista preta, uma trama com mulheres fortes e uma sociedade matriarcal em um jogo de mundo aberto. 

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Reprodução/Square Enix

O Mundo de Athia

Logo nas horas iniciais do jogo, somos transportados para a cidade cujo o nome é Cipal. Ela é a última parte do mundo de Athia onde há uma certa convivência normal entre os humanos, já que o resto da terra foi consumido pelo chamado “The Break/Ruptura/Corrupção”.

Esse “Break” continua a progredir, o que gera um medo nas pessoas fazendo com que elas nunca se sintam de fato seguras. O “Break” foi um evento que ocorreu no mundo como uma devastadora praga que corrompeu tudo o que tocou, porém o que causou esse evento ainda é desconhecido.

Cipal é uma cidade que a princípio servia como sede para os líderes se encontrarem e se reunirem. Após o acontecimento “Break”, atualmente é uma cidade de refugiados onde Frey vai conhecer muitas pessoas, aprende diferentes culturas e encontrar um dos principais antagonistas da trama.

Quando Frey sai dos muros que cercam a cidade de Cipal, vemos uma terra que foi consumida por essa Corrupção. Exceto Frey, todos os organismos vivos que entram em contato com essas terras devastadas, sofrem algum tipo de mutação, viram monstros ou são mortas e agora cabe a nossa protagonista juntar as informações e magias espalhadas por esse mundo para acabar com isso.

Cuff (ou a Algema, como ficou batizada pela localização em português) também é um importante personagem nessa jornada, já que ele serve como uma espécie de guia e fala a todo momento com a protagonista da história.

No mapa Frey também pode usar os abrigos, que são lugares onde poderemos realizar melhorias e também criar novos itens como poções a partir de materiais coletados, além de salvar os pontos de viagem rápida. Nesses locais também é possível descansar para recuperar a vida da protagonista.

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Reprodução/Square Enix

A Magia, o Parkour Arcano e o Mapa 

É possível afirmar que se depender só do parkour o jogador vai se divertir à beça com essa mecânica. O parkour arcano pode ser usado em definitivamente qualquer situação, até mesmo dentro das cidades para se locomover e escalar – e essa é a ferramenta essencial do jogo!

Frey conta com diferentes tipos de magia como a purple magic, red magic, blue magic e green magic – e todas elas são “upavéis”. É possível que você até mesmo finalize o jogo sem nem ao menos coletar todas as magias disponíveis, já que algumas delas estão espalhadas pelo mapa.

O menu de ataques aparece à direita do jogador de uma forma circular, onde Frey tem vários tipos de ataques que podem causar um combo poderoso. Entre eles ataques que cegam os inimigos, armadilhas mágicas, ataques elementares e até mesmo um feitiço que te deixará invisível que poderá ajudar a escapar de inimigos.

O menu de magias apesar de estar bem convidativo, por contar com um grande número de magias ainda se torna algo um tanto quanto complexo durante a utilização – não é nada impossível, porém requer paciência e tudo se torna mais orgânico ao longo da jornada.

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Reprodução/Square Enix

Já os mapas trazem uma visão 3D onde também é possível pontuar os destinos. Um ponto que pode aborrecer muitas pessoas durante a jogatina é a procura pelas passagens nos montes e morros que não são completamente escaláveis – o que pode tomar uns bons minutos, mas mesmo assim é chocante que não tenha apresentado nenhum bug.

Frey também pode equipar capas e colares que, além de serem modificáveis, também oferecem melhorias. As capas equipadas mudam o visual da personagem in-game e afetam até as cores das unhas de Frey, aumentando seu poder mágico.

Ainda sobre as inspirações do sistema, mais especificamente sobre as unhas, os desenvolvedores se basearam em referências históricas e culturais, como as sociedades do Antigo Egito e da Antiga Babilônia, e como o ato de pintar as unhas pode se relacionar com seu status e poder.

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Reprodução/Square Enix

Combate artístico, mas é funcional?

Como já citado anteriormente, a pluralidade de magias está bem grande, e o parkour é uma importante ferramenta contra inimigos mais fortes. É possível que os jogadores joguem tanto de uma forma mais planejada para realizarem maiores combos, como também podem ir apenas “na cara e na coragem”.

O combate de Forspoken gira exclusivamente em torno da magia, então as habilidades mágicas de Frey são suas armas. Admitindo o seu denso e artístico combate, as configurações permitem diversas adaptações e uma delas é a pausa total na desaceleração de mudança feitiço. É possível também por troca automática de feitiços e evasão, o que facilita às pessoas com deficiência (PcD) a jogarem o título.

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Reprodução/Square Enix

Em Forspoken há tipos variados de dificuldades que podem ser alterados durante o jogo, além de opções focais de propósito de trama que o jogador pode selecionar ao início da jornada. Para os indecisos, a opção de modo “padrão” que conta com todos esses segmentos juntos dando a oportunidade do jogador optar enquanto joga.

Quando você está explorando o lado de fora da cidade e chegam as tempestades, isso indica a chegada de inimigos bem fortes – devo dizer que os designs estão bem interessantes, uma vez que eles parecem esculturas abstratas com partes do corpo incompletas. Os outros inimigos também são em sua maioria animais que já conhecemos, só que modificados pelo “Break/Corrupção”.

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Reprodução/Square Enix

História linear, porém, com DLC

A equipe de desenvolvimento já havia revelado anteriormente que apesar do jogo ser uma história completa, haverá um conteúdo DLC com uma trama prequel, ou seja, que se passará antes da trama de Frey. Essa expansão será intitulada como “In Tanta We Trust”, ou seja, “Nas Theias nós confiamos”. 

As Theias atualmente em Forspoken são feiticeiras enlouquecidas que governam Athia, no entanto, elas nem sempre foram assim. Antes do “Break” corromper Athia, as Theias eram matriarcas benevolentes que reinavam com dignidade, integridade e virtude.

Outro ponto confirmado que vale ser ressaltado é que o jogo é linear, então os jogadores não poderão mudar o resultado da narrativa com base em suas decisões. Apesar dessa informação possivelmente ter deixado alguns possíveis jogadores chateados, Forspoken é um jogo de mundo aberto que conta com muitas histórias paralelas e segredos para descobrirem fora do caminho principal.

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Reprodução/Square Enix

Matriarcado, representativo e acessível

Vale ressaltar que grande parte do elenco por trás do jogo é liderado por mulheres, então isso refletiu na ideia de criar uma protagonista em um mundo de fantasia novo com uma sociedade matriarcal.

Durante o desenvolvimento do jogo, além da própria Ella Balinska, os escritores contaram com o envolvimento de consultores negros e BIPOC (Black, Indigenous, and People of Color) em geral que trouxeram suas perspectivas para a trama.

Já quanto aos recursos de acessibilidade, Forspoken além de apresentar localização em várias línguas (incluindo português brasileiro) também conta com padrões diversificados de acessibilidade e um semi-mapeamento de botões.

Com um jogo bem cinematográfico, representativo e um combate denso, Forspoken consegue inovar trazendo um jogo belo e sentimental mesmo em uma trama isekai (gênero conhecido por ter protagonistas que vão acidentalmente para outro mundo). 

Key de PS5 cedida por: Square Enix

REVER GERAL
Enredo
Direção
Jogabilidade
Trilha Sonora
Thai Spierr
Crítica, criadora de chocobo e consumidora de animes e games em tempo integral. Especialista em estudos sobre acessibilidade e classificação etária em jogos
forspoken-criticaCom um jogo bem cinematográfico, representativo e um combate denso, Forspoken consegue inovar trazendo um jogo belo e sentimental mesmo em uma trama isekai (gênero conhecido por ter protagonistas que vão acidentalmente para outro mundo).