Life is Strange: True Colors | Crítica – A convite da Square Enix pudemos conferir o próximo título da franquia Life is Strange. Assim como o título já sugere, as cores tem uma grande relevância nessa trama. Na nossa entrevista exclusiva com os desenvolvedores do jogo que está disponível aqui, pudemos ver que Alex é influenciada diretamente pelas emoções daqueles que estão ao seu redor.
*review sem spoilers*
A história
Em uma trama contemplativa que lembra o início de um filme norte-americano típico dos anos 90, vemos a protagonista Alex chegando na cidade de Haven Springs para reencontrar Gabe, o seu irmão que ela não via há oito anos, já que foram separados pelo conselho tutelar quando eram ainda crianças.
A nossa protagonista é envolta de traumas da infância e então opta por reprimir essa “maldição”, já que ela tem a habilidade sobrenatural de absorver e vivenciar fortes emoções de outras pessoas e claro, as auras coloridas são reflexo disso.
Nesse novo capítulo da vida de Alex, desembarcamos em uma cidadezinha típica de interior de Colorado onde todos se conhecem. Uma grande parcela no jogo se concentra na exploração da pequena e misteriosa Haven Springs, onde Alex e o jogador vão estreitando seus laços com os moradores.
Após um acidente suspeito, Alex se vê combatendo a grande corporação Typhon para descobrir quem de fato estava por trás daquele ocorrido e também em sua jornada pessoal para compreender seus poderes e sentimentos – e como já dizia Daniele Conselheira: só “AI! AI! dor” daí para frente.
Seja um bom fofoqueiro!
Quando mais edificada for a fofoca, melhor será para você! Todas as conversas e investigações feitas refletem ao longo da história principal e para isso Alex pode utilizar o seu poder para compreender mais os pensamentos dos moradores e também em objetos – use e abuse do seu sentido (no PS é o L2). Muitos objetos tem alta ressonância com a personagem, ou seja, eles evocam uma lembrança forte conectada a eles e consequentemente as conquistas do jogo que te ajudam a montar esse grande quebra-cabeça.
Para os novos jogadores da franquia, pode ser que se sintam um pouco perdidos, mas tudo isso é resolvido quando você utiliza o botão touch (no PS) que vai te guiar para o menu de Alex, onde estão suas mensagens, diário e memórias. Para você se guiar e também se atentar as conquistas basta seguir as “Coisas para fazer” e as “Anotações” que são uma espécie de missões secundárias.
Como dito anteriormente, as cores na trama têm grande relevância e elas também influenciam na cor de suas anotações no diário e quanto mais você investiga pela cidade, mais segredos vão sendo descobertos. As ruas e os espaços de Haven Springs ocultam diversas recompensas! Todas as anotações foram delicadamente traduzidas para ajudar o jogador a entender o que Alex está sentindo.
Uma dica importante é os objetos com auras desbloqueiam novas entradas no diário o que ajuda na sua coleta de informação e compreendimento daquela pessoa. É possível conferir também os aplicativos no celular da Alex, pois as mensagens de texto e o popular aplicativo da vizinhança, MyBlock, oferecem histórias paralelas importantes.
Nem tudo são flores
O jogo apresenta leves bugs e em algumas cenas a interação com objetos chaves se tornam um pouco difícil por conta do jogo de câmera – o que poderia ser mais polido já que é a ferramenta essencial para fazer tudo no jogo. Apesar de algumas leves falhas na texturização em algumas cenas, Life is Strange faz com que o jogador queira vivenciar toda aquela jornada e se torne parte de Haven Springs.
As Verdadeiras Cores
Em uma jornada com aproximadamente 10 horas, o jogador explora vários núcleos diferentes daquela pequena cidade para tentar compreender um pouco mais de qual era a rotina de Gabe, o seu irmão. Ao longo da jogatina, o jogo propõe que você reflita diversas vezes na opção que seria melhor para Alex, mas você se depara com difícil missão de querer pintar a sua visão naquela tela em branco.
O jogo minuciosamente faz com que o jogador passe a entender a relevância das auras e compreenda o sentimento por trás das cores e claro, graças a direção de arte de Andrew Weatherl, tudo fica ainda mais palpável já que traz uma sensação de estar assistindo a um filme. Grande parcela dessas cenas de tirar o fôlego e extremamente contemplativas são de autoria do Nic Alistair e Josh Dobkins, que fizeram um trabalho fenomenal.
Zak Garriss, o diretor do jogo, conseguiu expressar muito bem a jornada de uma recém-adulta que é extremamente insegura e introspectiva, fazendo com que até quem não tenha passado por essas situações compreenda a dificuldade delas. Parte dessa imersão também se deve a excelente dublagem de Erika Mori como a protagonista.
Todo Lado A tem seu Lado B
É claro que em Life is Strange não seria diferente, o jogo conta com um total de cinco capítulos sendo eles: Lado A, Lanternas, Monstro ou Mortal, Centelha e Lado B. Nessa breve jornada de chegadas e partidas, o enredo do jogo guarda surpresas extremamente satisfatórias como um capítulo totalmente dedicado a um jogo LARP, Live-action RPG – meu capítulo preferido e tem até referências as matérias de Final Fantasy.
Após finalizar os capítulos o jogador pode repetir uma cena isoladamente para obter Troféus, sem substituir as escolhas que você fez, ou se preferir, você também pode reiniciar o jogo a partir de uma cena específica para descobrir os desfechos das outras escolhas podendo salvar em slots diferentes.
Nessa grande montanha-russa de emoções, Alex revive traumas relacionados a sua infância devido ao seu poder e também consegue compreender mais como é a visão de mundo daqueles que estão ao seu redor, principalmente os seus interesses amorosos (Steph e Ryan). O jogo flerta a todo momento com o limite dos sentimentos do jogador, deixando suas emoções a flor da pele e te propondo a pensar antes de agir.
Os Finais
As opções de final são sinceras, refletindo sua jornada em Haven Springs e os relacionamentos que construiu com os habitantes da cidade ao longo da jogatina. Há 6 finais principais, e diferentes variações se ramificam deles ao longo do Capítulo 5 todo, com base nas suas escolhas e relacionamentos ao longo do jogo. Há várias permutações para evitar escolhas finais binárias, com o Capítulo 5 sendo o resultado de todas as suas ações, interações e decisões.
A única promessa é a aventura
Com uma trilha sonora composta e interpretada pelo premiado grupo pop indie Angus & Julia Stone, o game apresenta faixas que captam a complexidade do amor entre irmãos, famílias e comunidades – atenção fãs de um bom indie, o jogo está cheio de faixas maravilhosas!
E assim como na vida nem tudo é preto e branco, Life is Strange mostra que está tudo bem se permitir sofrer e sentir esse arco-íris de emoções. A história do jogo dá a oportunidade para o jogador confrontar a dor de Alex e botar em prática o poder do perdão e a aceitação.
O jogo por fim traz a mensagem que nem sempre conquistar coisas incríveis na sua vida significa tudo, ache um lar ao qual você pertença e não tenha medo de se aventurar, coisas incríveis podem estar te aguardando nessas novas jornadas.
LIFE IS STRANGE: TRUE COLORS estará disponível para PlayStation5, PlayStation4, Xbox One, Xbox Series X|S, PC Steam, PC Windows Store, GeForce Now e Google Stadia no dia 10 de setembro de 2021. Também estará disponível para o Nintendo Switch por volta do fim do ano.
LIFE IS STRANGE: WAVELENGTHS, a DLC de história estrelando Steph Gingrich, ficará disponível para jogadores que detêm a Atualização Deluxe, Edição Deluxe ou Edição Definitiva no dia 30 de setembro de 2021. Também estará disponível para o Nintendo Switch por volta do fim do ano.