Um milagre aconteceu! Like a Dragon: Ishin! finalmente foi lançado no ocidente e nós pudemos conferir na integra o que o jogo tem a oferecer.
O mito de ishin
Em 2017 o lançamento de Yakuza 0 no ocidente fez a série simplesmente explodir em popularidade e desde então, 6 anos depois, tivemos nada mais nada menos que 11 lançamentos entre novos jogos, remasters, um Yakuza-like baseado em Hokuto no Ken e até o nascimento série Judgment.
Contudo, mesmo com a série alcançando uma popularidade significativa a cada novo lançamento, Ryu ga Gotoku: Kenzan e Ryu ga Gotoku: Ishin!, dois jogos que foram lançados somente para o público japonês, ainda pareciam muito mais distantes de um possível relançamento por conta de seus contextos “japoneses demais” para um público internacional.
O lançamento de Like a Dragon: Ishin é uma resposta ao clamor dos fãs da franquia Yakuza e também um grande “best of” de toda a série. Sendo o relançamento de um título que esteve disponível apenas para o mercado Japonês devido contexto histórico onde Ishin! se passa e também se aproveitando do forte elenco da série para reproduzir um novo conto isolado da do cenário de guerra de máfias que estamos acostumados, mas com toda a força e impacto de um jogo do RGG Studio.
A fórmula Yakuza
Jogos do RRG Studio, não se limitando apenas a série Yakuza, seguem uma fórmula testada e aprovada e Like a Dragon: Ishin! não é um caso diferente. Nós temos o nosso protagonista que se vê envolto em uma situação muito maior que apenas o mundinho dele até então e que irá descobrir, na base da porrada, uma rede de intrigas, mentiras e jogadas políticas que têm o potencial de mudar o futuro de uma nação. Sempre com performances estelares dos atores, uma direção para as cenas de ação sem igual, combate no velho e bom estilo Beat ‘em up e uma infinidade de atividades paralelas escondidas no pequeno mundinho que é a cidade em que se passa o jogo. Tudo isso durante a era Bakumatsu no ano de 1860, onde as figuras de samurais e senhores feudais ainda eram uma realidade muito presente no Japão.
Ishin! conta a história da figura histórica Sakamoto Ryoma, um Samurai de origem humilde que sonha com um Japão livre do sistema de castas que beneficiam os Samurais acima de qualquer outro cidadão que, após o misteroso assassinato do pai adotivo, ele se muda para Kyoto e lá ele se filia ao grupo militar Shinsengumi, que serve ao Shogun Tokugawa Yoshinobu, na esperança de encontrar o assassino do seu pai adotivo.
Quase todos os personagens desse jogo são “interpretados” por personagens já conhecidos da série, Sakamoto Ryoma é interpretado por Kazuma Kiryu, protagonista de Yakuza enquanto vários outros personagens encarnam outros personagens, inclusive de jogos que foram lançados posteriormente ao Ishin original. Isso não muda muita coisa para os novos jogadores que podem ser apresentados à série por meio do Ishin, mas adiciona uma camada extra de significado para a relação dos personagens além de servir como um bom fanservice.
Escolha sua arma
Like a Dragon: Ishin! apresenta ao jogador múltiplas posturas de batalha, assim como outros jogos da série e cada uma com sua respectiva especialidade. Temos os bons e velhos punhos que, apesar de não causarem muito dano, são o que permitem que você jogue como um Beat ‘em up clássico, usando armas espalhadas pelo cenário e agarrando os inimigos. Temos também a postura com a espada que torna o combate um pouco mais lento e metódico em troca de um potencial de dano altíssimo, a postura com o revólver que permite combate a longa distância e aplicar diferentes debuffs nos inimigos e também a “Wild Dance” que mistura a espada e o revólver em uma combinação feita para lidar com grandes grupos de inimigos.
Ao público que já acompanha a série, é bom notar que esse relançamento de Ishin não é um Remake na Dragon Engine e sim um grande “retoque” no Ishin original e é no combate onde mais sentimos essa diferença. Os jogos do RGG Studio que utilizam a Dragon Engine não só oferecem visuais incríveis para os personagens como também possibilita um sistema de combate mais baseado em física. Ishin utiliza a mesma engine de Yakuza 0 e Yakuza: Kiwami onde a forma com que lidamos com os inimigos é um pouco mais truncada.
O jogo também consegue lidar com alguns problemas clássicos da franquia de modos bem mais conveniente para o jogador, como ataques básicos que continuam a causar dano a inimigos derrubados ou o ganho de “heat”, o recurso que permite finalizações cinemáticas, que vai ficando mais difícil de acumular quanto mais você tem ao invés do contrário como era muito comum em jogos anteriores.
Um poço sem fundo de conteúdo extra
Mas nem tudo no Japão feudal de Like a Dragon: Ishin! são mistérios e porradaria. Como de costume com Yakuza, Kyoto é uma peça central da trama e também uma forma de conhecer seu povo e por meio dela poderemos encontrar dezenas de substories, tentar a sorte em jogos de azar ou até mesmo cuidar de uma pequena fazendinha e viver da terra.
Frequentemente durante a campanha, e especialmente durante os primeiros capítulos, temos diversas oportunidades de parar tudo que estamos fazendo para conversar com algum NPC ou ficar cantando no karaokê, o quê pode não ajudar muito o ritmo do jogo, mas garante que o jogador vai sempre ter algo novo esperando por ele a cada esquina.
O verdadeiro coração do jogo está no seu conteúdo extra e no quanto você pode se perder tentando adquirir todas as armas, jogar cada minigame, finalizar todas as vezes quest lines e checar cada substory. E mesmo não importa que tipo de jogador você é, Ishin! cobre todas as bases com conteúdo pro seu Endgame que vai desde uma arena e dungeons geradas proceduralmente até quests especiais envolta de minigames e da fazendinha.
A campanha principal do jogo dura por volta de 25 horas do começo ao fim, mas esse número facilmente irá duplicar ou até triplicar caso você vá atrás de completar tudo no jogo.
Performance, Localização e Acessibilidade
É interessante ressaltar que o jogo apresenta um modos para priorizar qualidade ou desempenho até mesmo no PlayStation 4, o que é bem curioso pois não há muita diferença entre os dois além do o modo desempenho ter uma taxa de quadros maior, com o revés de apresentar pop-ins de texturas e NPCs mais frequentemente.
Apesar dos frequentes lançamentos do RGG Studio, encontrar bugs nos jogos do estúdio que realmente interferem na jogabilidade ou cutscenes são extremamente raros se não nulos, contudo em Ishin! houveram algumas instâncias da câmera se comportando de forma desconfortável durante gameplay e cutscenes e uma passagem da história próximo da reta final do jogo onde o framerate cai consideravelmente por toda a sua duração.
O jogo não possui localização para português brasileiro na sua dublagem ou legendas, contudo alguns jogos da franquia receberam tradução para o português após o lançamento então a esperança de localização não está totalmente perdida ainda.
Quanto à acessibilidade Ishin! apresenta, além da seleção de dificuldade, uma sessão inteira nas suas configurações para alguns ajustes como tornar QTEs ou pressionamentos repetitivos automáticos, simplificação para a execução de combos e também esquemas de cores alternativos para os elementos da interface.
Conclusão
Like a Dragon: Ishin! é um presente perfeito para os fãs de Yakuza que poderiam estar sentindo falta da sua dose anual de Kiryu e também uma interessante porta de entrada para novos jogadores já que esse jogo não tem nenhuma ligação com a série principal de Yakuza.
Com performances incríveis de cada um de seus atores, Ishin! conta uma história real, mesmo que com suas liberdades poéticas, que se encaixa perfeitamente no DNA da série e também aproveita para se tornar um jogo completo da série sem tirar nem por, com seus minigames, atividades recreativas da Kyoto feudal e todos os casos engraçados que estão só esperando pelo o jogador esbarrar por acidente neles.
Like a Dragon: Ishin! já está disponível para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series e PC.
Chave para review cedida por: SEGA