Lançado hoje (07) na Crunchyroll, o primeiro episódio de NieR: Automata Ver1.1a dá início a adaptação do título da Square Enix e da PlatinumGames para o mundo dos animes.
A produção é uma adaptação de NieR: Automata, jogo de 2017, e acompanha a história dos androides 2B e 9S, afiliados a organização YoRHa, e que lutam contra máquinas em uma tentativa de recuperar o planeta Terra e abrir caminho para o retorno dos humanos, que se refugiam na Lua há milhares de anos.
Vamos dar uma olhada de seu primeiro episódio, entendendo referências e analisando a qualidade da produção como um todo.
A ideia das rotas
O primeiro ponto importante a levar em consideração é: Automata é um jogo pautado por suas diferentes rotas e pontos de vistas. Por conta disso, a equipe de produção do anime fez a inteligente escolha de adaptar mais de uma rota ao mesmo tempo, e podemos perceber isso logo nos primeiros minutos do episódio, enquanto 2B luta contra robôs na fábrica (Rota A) e 9S observa um robô tentando ressuscitar outro com óleo (Rota B).
Essa escolha é interessante quando paramos para pensar sobre as mídias usadas para contar a história de Automata – enquanto o jogo permite uma utilização mais extensa das horas com coisas como exploração e exposição de fatos, o anime precisa ser mais conciso pois não possui 20 horas para trabalhar cada detalhe necessário.
O estilo de narrativa mostra um grande entendimento que Ryouji Masuyama, diretor da adaptação, tem tanto das mecânicas do jogo original como dos diferentes modos que sua história é passada. Porém, essa virtude do diretor não impede que o primeiro episódio do anime mostre certos defeitos.
Uso do CGI
Tal como já é de costume na indústria de animes atual, o CGI se faz muito presente em Automata, especialmente em cenas que possuem muitos inimigos ou até mesmo nos veículos que tanto 2B quanto 9S utilizam.
Apesar da utilização CGI em si não ser um problema, muitos elementos de cena acabam parecendo deslocados do contexto geral: os robôs inimigos, particularmente, parecem não estar no mesmo plano que os protagonistas, mesmo que eles estejam frente a frente. Os veículos aéreos parecem alheios ao trabalho 2D dos personagens e dos cenários, causando uma má impressão na composição total das cenas.
Isso também não quer dizer que o trabalho Yuusuke Noma, diretor de CGI do anime, e de sua equipe seja ruim: a cena de combate aéreo inicial foi bem trabalhada, talvez porque a cena inteira seja feita com CGI e não precise se misturar ao 2D utilizado em outros momentos do episódio.
Pontos altos
Apesar das divergências com o CGI, o primeiro episódio de Automata foi, no geral, muito bem construído. A escolha da equipe de produção em utilizar os primeiros minutos do jogo como episódio de introdução foi muito inteligente, pois os personagens já haviam sido bem estabelecidos pela PlatinumGames 5 anos atrás. Essa boa base permite o desenvolvimento da história de forma sólida, seja apenas adaptando o jogo ou acrescentando novos acontecimentos, como já foi dito anteriormente pela equipe.
Em termos de animação, o destaque fica para as cenas completamente em 2D, como no caso do momento de hacking de 9S durante a luta contra o robô de classe Goliath ou a cena final de 2B já de volta ao Bunker. Ao que parece, o estilo da animação irá variar bastante, principalmente por se tratar de um projeto grande e com altas expectativas do público.
Outro ponto importante a ser destacado é a utilização da trilha sonora do jogo, composta por Keiichi Okabe e o estúdio Monaca, que já é consolidada no mundo dos games e até ganhou premiações no ano de lançamento de Automata. Por ter sido feita com a história do jogo (e não o jogo em si) em mente, todas as faixam encaixam perfeitamente com a adaptação em anime.
Expectativas
Por ser um jogo de grande escopo, Automata tem um grande público e é natural esperar que sua adaptação para anime seja um sucesso. Mesmo assim, é importante manter os pés no chão – se o primeiro episódio é indicativo de algo, Ver1.1a não irá agradar todo mundo, principalmente por suas escolhas estéticas.
Mas, olhando além de traços e animações, essa produção tem uma oportunidade que não é muito comum em adaptações de jogos para anime: a possibilidade de alterar elementos com o consentimento do autor da obra. Yoko Taro é conhecido por subverter expectativas e, como já citado, é desejo dele fazer mudanças na história de Automata, abrindo a possibilidade de termos novidades nessa história após quase seis anos de seu lançamento.
E mesmo que nada disso aconteça e o anime acabe sendo uma adaptação 1:1 do jogo, ainda assim seria algo proveitoso pois a história de Automata ainda é, mesmo após tanto tempo de seu lançamento, algo único, valendo muito a pena conhecê-la ou revisitá-la através do anime.
NieR: Automata Ver1.1a terá novo episódio lançado todo sábado, às 14h30 no horário de Brasília, na Crunchyroll.