Nier: Automata apresentou um monstro chamado Yoko Taro ao mundo e com isso também veio uma onda de interesse em visitar seus trabalhos anteriores. Nier Replicant ver.1.22474487139… é, o que eu espero, o primeiro resultado de toda essa atenção e também um presente para os novos e velhos fãs.
NieR (2010) era uma verdadeira pérola na geração PS3/X360 que estava prestes a ser totalmente esquecida. Aos poucos NieR foi ganhando seu lugar especial sendo considerado um jogo cult pelos mais entusiastas da mídia, porém mesmo em consoles onde distribuição digital era uma realidade ele se encontrava em um estado inacessível ao novo público de Automata. No PS3 ele era só disponível fisicamente e o programa de retrocompatibilidade do Xbox não o salvou para as gerações posteriores.
Nier Replicant ver.1.22474487139… é um upgrade do título original, desenvolvido pela Toylogic que em seu time conta com alguns veteranos que trabalharam no game original além de Takahisa Taura supervisionando o projeto, o homem responsável tanto pela gameplay de Nier: Autamata quando por dirigir Astral Chain.
Premissa Inocente
NieR Replicant se passa no ano 3465, mais de mil anos após um desastre apocalíptico que eventualmente foi esquecido e a humanidade agora vive em pequenas cidades em um cenário quase medieval e em constante ameaça de figuras humanoides conhecidas como Shades.
O jovem protagonista sem nome é encarregado de cuidar de sua irmã mais nova, Yonah, que contraiu uma estranha doença chamada Black Scrawl e em sua busca por uma cura ele encontra estranhos companheiros incluindo até mesmo um livro falante voador.
Fiel até os defeitos
NieR original era tão notório por seus personagens incríveis e escrita única quanto por sua gameplay difícil de engolir e mesmo com ajustes ela continua muito básica e até um pouco cansativa tanto no combate quanto nas viagens do ponto A ao B pelo mundo do jogo.
O combate foi revisado e flui bem melhor do que o original, foi adicionado lock-on e novas mecânicas de parry e esquiva ao jogo. Parry te permite causar muito dano de uma só vez quando se defende um ataque no momento certo e “Esquiva” que, quando utilizada corretamente, te posiciona de forma vantajosa contra inimigos com escudos ou armaduras.
Porém os inimigos são bem repetitivos, todos são vencidos do mesmo jeito e em nenhum momento o jogo te pede o conhecimento dessas mecânicas específicas. O jogo tem umas opções de combate automático quando se está jogando na dificuldade fácil, mas mashar quadrado deve resolver maior parte dos seus problemas sem esforço mesmo na dificuldade normal.
Se mover pelo mapa acaba virando boa parte do seu momento-a-momento do jogo, percorrendo os cenários até pontos de interesse. Infelizmente o jogo não tem muitas áreas diferentes, você acaba revisitando várias vezes os mesmos lugares ao decorrer do jogo sem contar que o mapa é segmentado exatamente da mesma forma que o original, o que significa que dependendo da sua tarefa, você pode ter que ir e voltar a pé de um trajeto com 3 cenários e 4 telas de load antes do fast travel ser liberado na segunda metade do jogo.
Não é de todo mal
O gostinho diferenciado do gameplay de NieR e a única coisa que o salva de ser um completo desastre em gameplay vem na forma em que ele muda de perspectivas naturalmente, de um jogo de ação em terceira pessoa, para um side scroller e até top-down Shooter.
Isso funciona muito bem para adicionar um tempero no jogo, na maior parte do tempo o jogador vai ter que enfrentar os mesmos desafios e essa mudança de ritmo sempre é bem-vinda.
Eu pessoalmente gosto que as características ruins do NieR original ainda estejam presentes em Replicant, o objetivo do jogo era ser um “upgrade” do original além de preservar essa pérola de formas mais acessíveis e mais fiel possível.
Contexto importa
O elemento que faz Nier Replicant brilhar sem dúvidas são seus personagens, história, finais alternativos e como ele brinca com as suas expectativas de como um jogo “deveria” funcionar.
No primeiro final você é apresentado ao que seria o esqueleto de um conto clichê de um “herói tentando salvar a princesa” e aos poucos camadas vão sendo adicionadas à narrativa. Com um novo contexto as relações entre diferentes personagens ganham mais peso e até retroativamente transforma o que seriam alguns diálogos forçados em cenas extremamente mais poderosas.