O Problema de Nascer, dirigido por Sandra Wollner, é uma produção alemã/austríaca de 2020 com 94 minutos de duração. O longa está fazendo parte da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Inicialmente o enredo acompanha a personagem Elli (Jana McKinnon), uma android que cumpre o panel de filha e esposa para um “pai”(Dominik Warta) apático e triste.

A trama

A sua narrativa pode ser dividida em duas etapas distintas: como filha e como irmão. A alternância de personalidade já deixa claro que o robô é apenas uma casca para a implementação de memórias que refletem anseios e frustrações do passado. Como filha e esposa ela  alterna entre a infantilidade e sensualidades dependendo os desejos de seu dono. O longa não é explícito, porém a dualidade transforma a relação do “pai” com Ellie em algo incestuoso e incomodo, já que é criado no espectador uma visão de “filha” do android.

Vivendo com o “pai” temos  uma representação bucólica, com uma casa fria e cores apagadas. Tudo isso reflete muito bem a personalidade do homem que lá habita e mostra a falta de perspectiva que o cerca. Após uma misteriosa curiosidade, a personagem foge e é encontrada por um homem que a leva para a casa deu uma idosa muito marcada pela morte do irmão ainda novo.

O problema de Nascer - O Megascópio

Quando reconfigurado e passa a agir como um garoto, irmão da idosa chamado Emil. Em um ambiente mais urbano, o bucólico e minimalismo sai de cena e abre espaço para ambiente decorados repletos de memórias. Entretanto, a mudança não muda os aspectos frios e vazios do ambiente anterior. A mudança não apaga completamente a  memória do androide faz com que ele repita lembranças armazenadas na configuração passado.

O vazio

Um aspecto que comum à ambas as partes é o silencio. Ele é amplamente explorado e mostra o desconforto dos personagens. Os momentos sonoros são bastante representativos, pois evocam lembranças marcantes e arrependimentos do passado.

A direção não faz questão de deixar marcas temporais na maioria e não situa o público da tecnologia da época. Isso pode causar um problema de engajamento e poderia ser mais explorado, talvez apresentando detalhes mínimos que ajudassem em uma construção mais crível do universo da narrativa. Mesmo com poucos detalhes, ao analisar os contextos apresentados fica implícito que os androides são comuns, sendo pouco diferenciados dos humanos.

Veredito

O Problema de Nascer é um filme interessante, propositalmente lento e contemplativo. As cenas focam bastante nos cenários vazios e quando mostram personagens, os mesmos se encontram parados contemplando seu próprio vazio. Assim, as escolhas visuais, estéticas e a ausência  de som é bem feita. Porém, o longa peca ao engajar quem assiste ao não apresentar um pouco mais detalhes da realidade do universo em que se passa a história.   

NOTA: 3/5

CABINE VIRTUAL: IMPRENSA